sábado, 8 de fevereiro de 2025

A solução de um conhecido Catedrático da U.Minho para avaliar os alunos cujas teses de mestrado foram escritas pelo ChatGPT



O mesmo Catedrático da Universidade do Minho, que há alguns meses atrás, publicamente, não teve qualquer pejo em rotular de tolos, todos professores que tem medo que os alunos façam trabalhos usando o ChatGPT, vide post acessível no link supra, vem novamente pronunciar-se sobre o impacto da referida ferramenta de inteligência artificial generativa, desta vez na avaliação das teses de mestrado, num artigo no primeiro caderno do semanário Expresso:
"...como avaliar uma tese de mestrado? Tipicamente, o júri lia a tese, dava-lhe uma nota e, consoante corresse a defesa, subia ou baixava-lhe um valor. Mas que sentido faz isso quando o ChatGPT já escreve teses de mestrado melhores do que a maioria ? A solução não será o contrário ? Fazer uma boa discussão e dar a nota com base na defesa oral, dando pouco peso ao trabalho escrito ?"

A tese (embora peque por favorecer os alunos com um "ADN" de picareta-falante) faz efectivamente algum sentido, especialmente para as teses de mestrado dos cursos de caneta e papel (relativamente aos quais até pode ser estendida inclusive aos doutoramentos), já faz pouco para as teses que envolvam uma parte experimental em contexto laboratorial. Seja como for a solução proposta pelo supracitado catedrático assenta numa premissa interessante, que pode suscitar outras importantes interrogações. 

Se como ele escreveu "o ChatGPT já escreve teses de mestrado melhores do que a maioria", então porque é que um dos elementos do júri de mestrado, não é o próprio ChatGPT, na versão integral paga, que é mais inteligente do que a versão gratuita, desde logo, porque há muitos professores que sabem menos do que essa ferramenta de inteligência artificial generativa, situação essa que é agravada em Portugal onde ao contrário de outros países, não existem mínimos de desempenho científico, para se fazer parte de um júri académico, mas principalmente porque ao contrário dos jurados humanos, a IA não padece da limitação de que padecem muitos deles, de fazerem arguições de favor a certos candidatos ? 

Faço notar que a minha dúvida supra, deve ser lida no contexto, da primeira questão que formulei no final de um post de 2020: "será que um Professor que participa activamente na viciação de um procedimento concursal, ou que seja o beneficiário directo dessa viciação, reúne suficientes condições de ética, isenção e imparcialidade, para poder avaliar os seus alunos de forma rigorosa, sem que se corra o risco de favorecer alguns ou algumas, com ou sem troca de contrapartidas ?" https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/06/endogamia-academica-e-viciacao-concursal.html

PS - Uma questão diferente, e seguramente não menos importante, mas que o catedrático Aguiar-Conraria não mencionou no seu artigo, tem que ver com o facto das universidades andarem a formar diplomados, que até podem ter feito excelentes teses, mesmo sem a ajuda do ChatGPT, mas que mesmo assim não possuem as capacidades básicas fundamentais, que há cinco anos atrás, um professor de educação de uma universidade Norueguesa, definiu como aquelas que podem contribuir para forjar um mundo mais justo e mais humano https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/pisa-best-students-in-world.html