segunda-feira, 20 de maio de 2024

The sad story of a super-scientist who dreamed of becoming European champion



In a previous post titled "The Moral Imperative of Scientific Rebellion for Innovation Resurgence and Safeguard Our Planet", I listed seven pieces of advice to encourage more rebellious scientists. Recently, a study by researchers from Switzerland and China revealed that scientists with very high publication rates tend to have less capacity for leading disruptive discoveries. This suggests the need to add a new piece of advice to the aforementioned list:, "Avoid hiring scientists who pump out papers as if on an assembly line"

The results of this study do not surprise me. For several years, I have observed that the most highly regarded scientists, both internationally and in my own country, are not those with the most publications. This was evident in a post I wrote that garnered thousands of views. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/05/ranking-de-investigadores.html

Regarding super-scientists, it is worth noting that a Norwegian university recently launched an investigation into the scientist with the highest number of publications in the country. This scientist, who has been publishing several articles per week and once expressed a dream of becoming the most published scientist in Europe, is now under scrutiny. https://www.universitetsavisa.no/filippo-berto-forskningsetikk-forskningsjuks/norges-mestpubliserende-forsker-granskes-for-alvorlige-brudd-pa-etiske-normer/403870

However, it is crucial to recognize that the blame for his unrealistic dream does not lie solely with him. It also falls on the academic community, which has allowed this problematic trend to rise unchecked, harming scientific integrity. Reflecting on this, I recall a post I wrote a few years ago titled, How many papers can a super-scientist author in a single week ?
"The repercussions of the aforementioned Reapolitik publishing strategy are manifold. Firstly, if Full Professors and Lab Directors can exploit this approach, it sets a precedent for junior researchers to emulate, harboring dreams of accumulating numerous publications themselves one day. Secondly, if this becomes the norm in Western countries, third-world nations may be inclined to replicate these "successful" practices, cultivating their own super-scientists. Consequently, if an African super-scientist were to emerge with 10,000 or 20,000 publications at the summit of the publishing rankings, there would be little ground for criticism. Moreover, in an era where Science faces challenges from alternative facts and fake news, this "grossly unethical" authorship behavior undermines scientific authority, inadvertently aiding those who oppose Science"

A triste história de um super-cientista que tinha o sonho se tornar campeão europeu

 


Num post anterior de titulo "O imperativo e urgente dever moral de fomentar a rebeldia científica" foi apresentada uma lista (gerada pelo ChatGPT) contendo sete conselhos com vista a aumentar o número de cientistas rebeldes, tendo porém em conta que muito recentemente foi publicado um estudo, de investigadores da Suiça e da China, que mostra que os investigadores com padrões de publicação muito elevados, apresentam menor capacidade para protagonizar descobertas mais disruptivas, então faz sentido incluir na lista um novo conselho, "Avoid hiring scientists who pump out papers as if on an assembly line"

Os resultados do tal estudo não me surpreendem minimamente, pois já há vários anos, que pude constatar que os cientistas mais credenciados, tanto no estrangeiro, como em Portugal, não são aqueles que possuem um maior número de publicações, vide post que teve 2000 visualizações https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/05/ranking-de-investigadores.html 

Sobre os cientistas com capacidades de publicação sobre-humanas, é importante divulgar que recentemente uma universidade Norueguesa, decidiu abrir uma investigação, ao cientista com mais publicações daquele país, que tinha a capacidade de publicar vários artigos por semana e que há poucos anos disse ter o sonho de se tornar o cientista com mais publicações em toda a Europa https://www.universitetsavisa.no/filippo-berto-forskningsetikk-forskningsjuks/norges-mestpubliserende-forsker-granskes-for-alvorlige-brudd-pa-etiske-normer/403870

É porém justo que se diga, que a culpa dele ter um sonho demente, não lhe pode ser imputada somente a ele, mas também a todos aqueles académicos que assistiram impávidos e serenos, à ascenção deste fenómeno espúrio, que muito prejudica a ciência. Sobre o mesmo recordo aquilo que escrevi há alguns anos atrás, num post em cujo título questionei, quantos artigos é que um super-cientista consegue produzir numa semana ? 
"The repercussions of the aforementioned Reapolitik publishing strategy are manifold. Firstly, if Full Professors and Lab Directors can exploit this approach, it sets a precedent for junior researchers to emulate, harboring dreams of accumulating numerous publications themselves one day. Secondly, if this becomes the norm in Western countries, third-world nations may be inclined to replicate these "successful" practices, cultivating their own super-scientists. Consequently, if an African super-scientist were to emerge with 10,000 or 20,000 publications at the summit of the publishing rankings, there would be little ground for criticism. Moreover, in an era where Science faces challenges from alternative facts and fake news, this "grossly unethical" authorship behavior undermines scientific authority, inadvertently aiding those who oppose Science"

domingo, 19 de maio de 2024

Will Enrico Letta's Growth Blueprint Save Europe from Economic Armageddon?



Building on the previous post titled "The Economist - The Impending Economic Armageddon in Europe," please check the latest 147-page report, "Much More Than a Market," authored by Enrico Letta, President of the Jacques Delors Institute and former Italian Prime Minister. This report, requested by European Commission President Ursula von der Leyen, offers an in-depth analysis of the state of the European single market and includes recommendations to boost the competitiveness of the European economy. https://www.delorscentre.eu/en/about/news/detail/content/enrico-letta-unveils-vision-for-a-new-single-market

However, amidst these discussions lies a more nuanced challenge: striking a balance between the imperative for European economic competitiveness and the imperative to reassess the unbridled pursuit of economic growth. This notion, championed by Robert Costanza, Professor of Ecological Economics at University College London, calls for a recalibration of our priorities. How can we navigate this complex terrain effectively? 

Um país miserável que tarda em conseguir deixar de o ser


Ontem foi noticia e capa no jornal Público que a Fundação da Ciência e Tecnologia não tem dinheiro para pagar bolsas de investigação nem salários de investigadores, por conta de um "buraco" de 100 milhões de euros. Este é o miserável resultado do desgoverno socialista, que preferiu meter mais de 3000 milhões de euros na TAP (a tal empresa onde havia uns felizardos, como a mulher do Medina, a receber prémios de dezenas de milhares euros) e preferiu também nada fazer no combate à corrupção, que há muito empobrece este país (o conhecido Procurador Euclides Dâmaso, disse até que o Governo de António Costa ainda tornou mais difícil o combate contra a corrupção).  

Sobre esse absolutamente miserável estado de coisas, vale a pena revisitar o post anterior do passado mês de Fevereiro "O que é que falta a Portugal para conseguir ser como a rica Suécia ?" seja na parte das muitas energias que aquele país coloca a tratar da saúde a vigaristas e corruptos, seja no elevado respeito e consideração que os Suecos tem pela Ciência, área onde (por habitante) gastam 500% a mais do que Portugal https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/02/o-que-falta-portugal-para-ser-como.html

Nem de propósito, hoje no jornal Público, é apresentada uma extensa entrevista, ao longo de duas páginas, ao antigo primeiro-ministro, Enrico Letta, que dirige o Instituto Jacques Delors, e a quem a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, solicitou um diagnóstico sobre o estado do mercado único europeu, e ainda um conjunto de recomendações e propostas para recuperar a competitividade da economia europeia. Reproduzo abaixo a muito esclarecedora resposta do Enrico Letta à última pergunta que lhe foi feita pela jornalista do Público. Até um atrasado mental a consegue compreender:  

"Sabe, no geral, o meu relatório procura lançar um alarme vermelho. Em todo o relatório há um sentido de urgência relativamente ao fosso que está a aumentar entre nós e os EUA em termos de competitividade. E uma das razões pelas quais este fosso está a aumentar é a inovação. A inovação, os investimentos em inteligência artificial, o papel dos dados, as competências, o conhecimento. Estamos a ficar para trás neste domínio. Coloquei este ponto no topo da minha atenção, porque as quatro liberdades do mercado único — a circulação de bens, serviços, capitais e pessoas — são típicas da economia do século XX....Por isso lancei a ideia da quinta liberdade, para ser possível lançar um espaço único na União Europeia em termos de inovação, de conhecimento, de dados, de inteligência artificial, etc. Talvez tenhamos chegado demasiado tarde a tudo isto, e por isso precisamos de arrepiar caminho, com mais investimento, mais investigação"

Sem surpresa, quando em 29 de Março solicitei ao ChatGPT conselho sobre a forma como a Europa seria capaz de enfrentar o grave choque triplo, que até fez capa numa edição da revista The Economist, a resposta daquela IA generativa, com 8 alíneas, também incluía uma forte aposta na inovação: https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/03/como-conseguir-lidar-com-uma-catastrofe.html

PS - Num debate recente, Cotrim de Figueiredo, candidato ao Parlamento Europeu, como cabeça de lista daquele partido que elegeu vários deputados com base em falsidades e mistificações, acusou os candidatos de outros partidos de ignorância económica, sucede porém que se trata do mesmíssimo Cotrim de Figueiredo, que disse à revista Sábado, que os deputados em Portugal são mal pagos, o que mostra que os conhecimentos económicos dele são muito rasteiros e estão afinal ao mesmo nível dos fracos conhecimentos do Pedro Abrunhosa https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/01/os-politicos-deveriam-ter-uma.html

sábado, 18 de maio de 2024

Top 10 dos livros mais citados publicados na última década indexados na Scopus

 

Na sequência do post anterior, acessível no link supra, sobre um gravíssimo erro de previsão, listo abaixo os 10 livros mais citados, indexados na plataforma Scopus, com afiliação Portuguesa, que foram publicados na última década. Os livros estão ordenados pelo número de citações, após remoçao das auto-citações:

1 -  Handbook of Alkali-Activated Cements, Mortars and Concretes

2 - An Introduction to Graphene Plasmonics

3 - Visible light communications: Theory and applications

4 -  Handbook of Road Ecology

5 -  Fundamentals of 5G Mobile Networks

6 -  Quantum effects in biology

7 - mmWave Massive MIMO: A Paradigm for 5G

8 - Design of steel structures

9 -  Goods and services of marine bivalves  

10 -   Transdisciplinary perspectives on complex systems

PS - Porque será que na lista supra há vários livros de engenharia e não há um único livro de medicina, muito embora quando se analisa a produção científica da última década, a medicina, seja precisamente a área com mais publicações indexadas ? 

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Instituto Superior Técnico - Uma instituição fértil em fenómenos científicos bizarros

 

Já não bastava que no Técnico tivessem tido a péssima iniciativa de fazer publicidade a um ranking de cientistas da treta, vide post no link supra, já não bastava que aquela instituição acolhesse o catedrático campeão de artigos despublicados e agora também se fica a saber que parece que as há conferências naquela casa, cuja comissão científica até inclui académicos cuja obra científica, ao longo de 25 anos depois de se terem doutorado, se resume a 2 publicações no Scopus (h-index=2), tendo a última dessas publicações ocorrido no longínquo ano de 2012. A que se soma a agravante da plataforma onde se podem confirmar as revisões de artigos efectuadas pelos cientistas mostrar que ele tem zero revisões. 

Se uma instituição que era suposto servir de exemplo ao país, pautando o seu comportamento pelos mais exigentes padrões científicos, se comporta desta forma deplorável, o que é que se poderá esperar então de outras instituições que tem muito menos obrigações e das quais nada de extraordinário se espera? Mais importante do que isso, será que o Engenheiro Alfredo Bensaúde, o primeiro responsável do Instituto Superior Técnico, não teria vergonha destes fenómenos científicos bizarros ? 

Declaração de interesses - Há quase uma década atrás, uma aluna de doutoramento, em cuja orientação participei, concorreu a um procedimento concursal que tinha várias bolsas de doutoramento para atribuir, o resultado do concurso ditou porém que ela só teria direito a bolsa se algum dos candidatos colocados à sua frente desistisse, e foi isso mesmo que acabou por suceder, o júri do concurso, porém não lhe atribuiu essa bolsa, nem mesmo depois de ela ter feito uma queixa à Provedora de Justiça, que sem surpresa lhe deu razão. O presidente do júri desse infeliz concurso, foi nem mais nem menos, que o tal catedrático do Técnico, que agora, de forma nada honrosa, é obrigado a suportar a ignominiosa faixa de campeão nacional absoluto de artigos despublicados. Por ironia do destino, essa aluna, mesmo sem bolsa, acabou por terminar o doutoramento, e até já possui dezenas de publicações indexadas na Scopus e um h-index=28, e uma dessas publicações, já conta com quase 900 citações, o que é admirável, já que em Portugal (e ao contrário do que acontece nas melhores universidades europeias), há largas dezenas de catedráticos, que não possuem ao fim de dezenas de anos de carreira, uma única publicação que tenha recebido sequer a miséria de 150 citações, inclusive no Instituto Superior Técnico https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2022/08/o-desprezo-da-comunidade-cientifica.html

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Uma solução inovadora de baixo custo para resolver um gravíssimo problema que mata milhões de pessoas todos os anos


Em Setembro do ano passado, divulguei um estudo do Banco Mundial, vide post no link supra, que concluiu que a exposição ao metal tóxico chumbo, é responsável por 5 milhões de mortes num único ano, superando inclusive o número de mortes associadas ao tabaco e ao colesterol. Poucas horas depois de ter colocado esse post online tive de fazer um aditamento ao mesmo, por conta de um email que recebi de um investigador, da unidade de investigação UCIBIO (UNova+UPorto) que me informou que a situação de Portugal, no respeitante ao teor de chumbo no sangue, ainda consegue ser pior do que a da Turquia, estando ao mesmo nível da situação da Líbia. 

Felizmente que neste mês de Maio, investigadores do MIT, conhecida instituição associada a uma centena de prémios Nobel, publicaram dois importantes artigos sobre o grave problema supracitado. Um deles que foi publicado no dia 14 na revista Nature Communications diz respeito ao desenvolvimento de um sensor de baixo custo para detecção de chumbo na água. https://www.nature.com/articles/s41467-024-47938-6

Já o segundo artigo, que foi publicado no dia 15 na revista RSC Sustainability, diz respeito ao desenvolvimento de um filtro, que de forma bastante económica, permite remover o chumbo da água potávelhttps://pubs.rsc.org/en/content/articlelanding/2024/su/d4su00052h

Neste contexto faz sentido questionar, se a referida descoberta tivesse sido efectuada por investigadores Portugueses e tendo em conta que uma vida humana tem no nosso país um valor entre 50.000 euros e 80.000 euros (vide Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça) então salvar 5 milhões de vidas, teria um valor gigantesco, entre 250 mil e 400 mil milhões de euros, nessa hipótese, quanto mereceriam esses investigadores a título de "recompensa" pela sua descoberta? Será possível que a resposta a essa questão seja zero

PS - Sobre a pertinente questão vale a pena revisitar o post anterior de título "A desvalorização da Ciência (e da Engenharia) e a decadência da Humanidade"  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/11/a-desvalorizacao-da-ciencia-e-da.html 

A crise da revisão de artigos: Um algoritmo para ultrapassar as "limitações" dos avaliadores com "conhecimentos académicos menos robustos"


Na sequência dos dois emails infra, de 27 de Fevereiro e de 5 de Março, o último do qual se refere à importante actividade de revisão de artigos, que como referem alguns editores se encontra em crise, pois a nível mundial há cada vez mais artigos que necessitam de revisão e esse aumento não foi acompanhado de um aumento do número de revisores com elevada experiência nessa actividade, vide por exemplo o recente artigo de Horta e Jung (2024) de título "The crisis of peer review: Part of the evolution of science",  o que leva a que muitas vezes os Editores se vejam forçados a convidar jovens investigadores, que ainda nem sequer tem meia dúzia de publicações, aproveito para divulgar um artigo sobre um novo algoritmo que pretende ajudar a resolver esse problema. Vide extracto abaixo e link:

"...The rating provided by reviewers holds a pivotal role in the publication of scientific literature, exerting a substantial influence on a publisher’s decision to accept or reject a paper. However, a significant challenge remains:...individuals with less robust academic expertise or less critical thinking capabilities may deliver inaccurate judgments, potentially leading to the rejection of high-quality papers or the acceptance of those of lower quality..."  https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0957417424004160?via%3Dihub



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De: F. Pacheco Torgal 
Enviado: 5 de março de 2024 19:02
Assunto: A proposta de um ilustre catedrático da U.Stanford e os investigadores que merecem ver os seus artigos rejeitados de forma automática
 
No email abaixo, constato agora que nem sequer mencionei o facto do regulamento de avaliação de desempenho da EEUM, não atribuir qualquer valor à actividade de revisão de artigos. Ou seja publicar em revistas do tipo A vale muito porém a revisão desses artigos vale zero. Algo que não é fácil de entender pois há 10 anos atrás já um conhecido catedrático de medicina da universidade de Stanford, defendia a alteração da avaliação de desempenho para uma outra bastante diferente onde entre outras coisas deveria haver valorização da revisão de artigos  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/02/scientific-misconduct-kuhnian.html 

Uma alternativa possível passaria por penalizar os investigadores que tivessem muito menos revisões do que publicações, pois isso significa que estão a infringir um dever que sugerem alguns deveria levar inclusive à rejeição automática dos artigos daqueles  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/11/a-radical-solution-to-solve-crisis-in.html
 
É verdade que antigamente quando o historial de revisão não era público, também não era possível fazer a sua confirmação para dessa forma se poder valorizar essa actividade, mas isso mudou quando apareceu a plataforma Publons e mudou ainda mais quando aquela foi adquirida pela Clarivate Analytics e depois no dia 3 de Outubro de 2021 a informação detida pela mesma foi integrada nos perfis de todos os quase 30 milhões de investigadores registados na Web of Science. Por uma estranha coincidência a noticia dando conta dessa mudança utilizou um perfil de um investigador da EEUM, que dessa forma se tornou conhecido entre dezenas de milhões de investigadores https://publons.com/wos-op/announcement/#your-review-contributions-in-web-of-science


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De: F. Pacheco Torgal 
Enviado: 27 de fevereiro de 2024 07:12
Assunto: Será que a EEUM terá coragem para fazer aquilo que ainda não foi feito ?
 
Conforme dá conta o email infra vai iniciar-se avaliação de investigadores no período referente ao biénio 2022-2023.
 
Infelizmente, a mesma ainda se irá fazer com regras pouco consensuais, como por exemplo o facto de 1 artigo em revista do tipo A valer 4 vezes mais do que uma publicação do tipo D,  ou como o facto de 1 artigo em revista do tipo A valer quase 6 vezes mais do que ser coordenador de um projecto de investigação nacional, valer quase 6 vezes mais do que a submissão de um projecto à FCT, valer 10 vezes mais do que a participação num projecto de investigação internacional, valer 10 vezes mais do que ser avaliador de projectos de investigação nacionais ou valer 20 vezes mais do que ser arguente de doutoramento numa universidade estrangeira. 
 
E isto quando se sabe que foi a obsessão com as publicações que está na origem de um dilúvio de publicações irrelevantes que ironica e tragicamente até prejudicam a própria ciência  
 
E isto quando se sabe que cientistas prestigiados como por exemplo o Vladen Koltun (Scopus h-index=76) dizem que deve combater-se o referido dilúvio e ainda que o local de publicação nunca devia ser utilizado para avaliar investigadores https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/11/evaluating-researchers-in-fast-and.html 
 
E isto quando se sabe há muito que as revistas tem os dias contados pois em 2018 já o antigo Editor-Chefe da revista Bristish Medical journal escrevia que  "the leaders of Elsevier have now decided that the epoch of journals will soon be over" 
 
E ainda por cima agora em que a IA até já consegue projectar, planear e executar experiências complexas sem qualquer intervenção humana (o que permite antecipar o que virá a seguir quando a mesma IA se tornar muito mais robusta) e em que teve inicio uma nova realidade que revaloriza a validação e a integridade dos processos https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/01/the-economistai-generated-content-is.html
 
Será que a EEUM terá coragem para conseguir antecipar o futuro e rever o regulamento de avaliação de desempenho, por forma a que a avaliação a levar a cabo em 2026 referente ao biénio 2024-2025, já seja feita com um regulamento que não ache que os artigos em revista do tipo A (mesmo quando são irrelevantes) são o alfa e o ómega da ciência ?
 
Cumprimentos
Pacheco Torgal
 
PS - Em 2021, depois de ler num certo semanário uma entrevista ao Presidente do Técnico, onde aquele se vangloriava que a sua instituição publicava artigos em revistas com "mais reputação" fui à base Scopus confirmar que "os investigadores do Técnico publicaram 54 artigos em revistas da Nature (Nature, Nature Phsycs, Nature Materials, Nature Microbiology, Nature Astronomy, Nature Biomedical Engineering, Nature Communications) porém a maioria desses artigos (60%) nem sequer receberam 50 citações e até há vários desses artigos que não receberam sequer a desgraçada miséria de 10 citações. Já sobre os artigos do Técnico publicados na conhecida revista Science, 50% desses não receberam sequer 50 citações. E note-se que nos valores acima não foi sequer descontada a inflação por conta de auto-citações (rubrica onde o Técnico tem um desempenho recorde)". E muito melhor teria sido, se nessa altura eu soubesse quanto dinheiro público foi gasto para produzir esses artigos, pois nesse caso teria aproveitado para divulgar o anormalmente elevado valor de cada uma dessas citações, que é uma métrica fundamental para avaliar a eficiência do impacto da ciência, pois é muito diferente o desempenho de uma unidade cujas publicações receberam 1000 citações com um financiamento de 100.000 euros ou uma outra unidade que recebeu 10.000 citações mas com um orçamento de 5 milhões de euros.  Recordo que foi o conhecido investigador Alemão Lutz Bornmann, vencedor da Medalha Solla Price da bibliometria,  quem há poucos anos sugeriu como medida da eficiência da investigação apurar o valor gasto para produzir 1 artigo altamente citado (Top1%)

quarta-feira, 15 de maio de 2024

The Peer Review Conundrum: Advancing Academic Rigor with the RRR Algorithm


The escalating crisis in peer review was exacerbated by a notable surge—almost tantamount to a deluge— in the number of articles requiring assessment. This paper deluge has not been matched by an equivalent rise in the availability of experienced reviewers, who are essential for this crucial process. As underscored in the recent study by Horta and Jung (2024) titled 'The Crisis of Peer Review: A Component of Scientific Evolution,' this predicament often forces editors to turn to early-career researchers, who may lack extensive publishing experience, leaving them with few alternatives.

In this context, it's worth highlighting a recent research paper published in the Elsevier journal 'Expert Systems with Applications,' authored by scholars from academic institutions in Switzerland and China. Their reviewer-reputation ranking (RRR) algorithm crafted to identify high-quality papers during the review process, assigns greater weight to reviewers with higher reputation scores. Extensive testing on both artificial and real-world datasets, totaling over 300,000 papers, has demonstrated the algorithm's superior performance in identifying top-quality manuscripts:

"...The rating provided by reviewers holds a pivotal role in the publication of scientific literature, exerting a substantial influence on a publisher’s decision to accept or reject a paper. However, a significant challenge remains: the inherent variability in the capabilities of reviewers. Throughout the review process, individuals with less robust academic expertise or less critical thinking capabilities may deliver inaccurate judgments, potentially leading to the rejection of high-quality papers or the acceptance of those of lower quality..." 

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Portugueses louváveis, catedráticos criticáveis e políticos ressabiados com o MP



No post scriptum de um recente post, acessível no link supra, mencionei as opiniões bastante criticas de um certo implacável magistrado aposentado, contra certos Catedráticos de Direito, da Universidade de Coimbra. Pois bem, o mesmo divulgou ontem no seu blogue um artigo assassino, do qual abaixo reproduzo um pequeno excerto, escrito por alguém não menos implacável, e que eu mais de uma vez já citei no passado, nomeadamente no post de título "A insuportável impunidade de uma casta medíocre e criminosa":

"Os senhores que subscrevem manifestos a exigir que o poder político meta o Ministério Público na ordem ..que se autoproclamam "pessoas de bem", portadores de uma ancestral pureza originária que os distingue da gentalha...políticos ressabiados com o MP...o que está em causa...é apenas..: controlar e calar quem lhes pode fiscalizar o poder e o património"

Se este país ainda não é um fétido lodaçal absolutamente irrecuperável, isso deve-se a Portugueses corajosos, como aqueles dois implacáveis acima citados e outros bastante raros como por exemplo estes dois, a quem o país ainda não agradeceu o suficiente e claro também aquele corajoso Português a quem gente miserável envenenou o próprio cão. 

domingo, 12 de maio de 2024

Is the pursuit of knowledge and perfection worth the risk of losing what makes us human?

 

In a prior post titled "Naive scientists driven by idealistic (suicidal) searches or deceitful scientists ?"  I delved into the contentious debate surrounding the transmission of messages to potential extraterrestrial civilizations. I questioned the prudence of such endeavors, scrutinizing the underlying assumption of extraterrestrial pacifism and juxtaposing it with Stephen Hawking's prudent apprehensions. Additionally, I critiqued the idealized depiction of humanity in the Voyager messages, denouncing it as deceitful and hypocritical in light of our tumultuous history marked by violence and ecological degradation.

In this vein, it's worth noting a recent thought-provoking hypothesis put forward by Michael A. Garrett, Professor at the University of Manchester and visiting Professor at Leiden University, as explored in a paper published last month in the Elsevier journal Acta Astronautica. The "Great Filter" hypothesis establishes a link between the development of Artificial Intelligence, particularly the advent of Artificial Superintelligence, and the concept of the Great Filter within the context of the Fermi Paradox and the Search for Extraterrestrial Intelligence.  https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0094576524001772?via%3Dihub#sec6

However, it's somewhat disappointing that Michael A. Garrett's list of 59 references failed to include the work of Jiang et al. (2022), who projected humanity wouldn't reach the status of a Kardashev Scale Type I civilization before the year 2371. Integrating their findings could have offered further validation for Garrett's hypothesis.

PS - The title of this post was generated by the Microsoft Copilot AI when I tasked it with creating an original argument for another episode within the Ridley Scott saga, "Alien." This argument delves into significant questions regarding the future of humanity. Find it below:

Title: Alien: Genesis Requiem

Synopsis: In the aftermath of the xenomorph outbreaks, humanity faces a new challenge. A rogue signal from the depths of space leads us to a distant, ancient world—Acheron’s Cradle. This planet, once a cradle of life, now holds the secrets to a civilization that predates even the Engineers. As a team of explorers and scientists embark on a mission to Acheron’s Cradle, they confront the ultimate interrogation of human destiny: Are we alone in our flaws?

Argument: The explorers discover remnants of a civilization that achieved singularity—the seamless integration of biological and artificial intelligence. However, this achievement led to their extinction, not through war or disaster, but through a collective decision to transcend physical existence. The Acheronians left behind a vast library of knowledge, a testament to their existence, and a warning: The pursuit of perfection can lead to self-erasure.

As the team delves deeper, they find that the Acheronians had encountered the xenomorph species before. Instead of fear, they revered the creatures as the perfect biological entities—organisms that could adapt and survive in any environment. The Acheronians’ downfall came when they tried to merge their consciousness with the xenomorphs, seeking to understand the essence of life itself.

The tragic twist comes when the explorers realize that the rogue signal was not a call for contact but a quarantine beacon. The Acheronians had become something other—neither machine nor organic, neither alive nor dead. They became a warning echo across the cosmos, a signal meant to deter others from repeating their mistakes.

The episode ends with the explorers debating whether to share the Acheronians’ knowledge with humanity. Some argue that this knowledge could elevate humanity to new heights, while others fear it could lead to our own Genesis Requiem—a self-authored end to our existence. The final scene leaves the audience with a haunting question: Is the pursuit of knowledge and perfection worth the risk of losing what makes us human?

sábado, 11 de maio de 2024

Quantos milhões vale afinal a dignidade da República Portuguesa ? Apenas 1 !


"...o casal Pedro Pinto..foram recebidos pelo Ministro da Cultura...no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, na sessão de apresentação da pintura Domingos Sequeira...para ouvirem os agradecimentos de Pedro Adão e Silva pela compra no valor superior a 1 milhão..."

O pequeno texto supra, foi retirado do inicio de um longo artigo de 5 páginas publicado no semanário Expresso, sobre um famoso casal a quem o Expresso atribui a quase condição de novos Reis do Norte, não fora uma nada pequena "pedra" nesse caminho, mais concretamente um certo processo judicial no qual o casal maravilha Pedro Pinto foi acusado e condenado por mais de uma centena de crimes de corrupção activa. Infelizmente, o artigo em causa dedica muita palha às magnificências do rico casal, mas muito pouco ao tal processo, que infelizmente é aflorado pelo semanário Expresso de forma muito superficial. 

Felizmente porém que o Google revela rapidamente alguns detalhes desse famigerado processo, vide os três extractos abaixo do jornal Público, do DN e de uma noticia da TVI:



Sem grande surpresa e como é tradição neste miserável país, das penas de prisão de 17 e 14 anos que em boa hora o tribunal da primeira instância atribuiu aos membros do casal, os inúmeros recursos que se seguiram acabaram inevitavelmente por levar à prescrição dos crimes e o riquíssimo casal não teve de cumprir um único dia de cadeia. Em vez disso, apenas três anos após a conclusão desse processo, o casal que enriqueceu à custa "da desgraça alheia" foi recebido pelo Ministro da Cultura do Governo de António Costa, que em nome da República, lhes agradeceu por terem gasto pouco mais de 1 milhão de euros na compra de um quadro. O baixíssimo valor da venda da dignidade da República Portuguesa.

PS - Quem está de "parabéns", são os catedráticos de Direito que directa ou indirectamente, contribuíram para a feitura de um Código Penal que permitiu a supracitada impunidade e muitas outras do género, como por exemplo aqueles catedráticos de Direito da Universidade de Coimbra, que foram criticados por um implacável magistrado aposentado https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/11/escandalosa-duvida-catedratica.html

Declaração de interesses - Declaro que no dia 15 de Maio de 2022, escrevi um post pouco simpático sobre o tal Ministro socialista Pedro Adão e Silva, com um título bastante esclarecedor "Um Ministro incompetente, hipócrita e que pelos vistos também é sádico"  https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2022/05/um-ministro-incompetente-hipocrita-e.html

Análise Scopus - Desempenho das IES Portuguesas na área da Inteligência Artificial


Na sequência do post anterior, nomeadamente da sua parte final, onde foi mencionado um artigo sobre Deep Learning que já recebeu mais de 140.000 citações, aproveito para revelar abaixo o resultado de uma pesquisa efectuada hoje na base Scopus. 

A referida pesquisa analisou as publicações produzidas desde o ano 2000 em todo o Planeta, que continham os termos GPT OR AI OR LLM nos campos título, resumo e palavras chave, e depois selecionando somente as publicações que contém as palavras-chave "Artificial Inteligence" OR "Machine Learning" OR "Deep Learning". 

Essa pesquisa mostra que nos primeiros 15 anos do novo milénio, as publicações anuais totais estiveram sempre abaixo de 500, em 2018 ultrapassaram um milhar e em 2023 as publicações anuais já ultrapassam 20.000. O que significa que em menos de uma década a produção mundial anual aumentou 4000%. Se olharmos só para o período a partir de 2023 obtêm-se o valor de 32700 publicações. No final deste post apresenta-se a lista dos 36 países mais produtivos com mais de 300 publicações desde 2023, onde Portugal aparece na 29ª posição. 

A instituição de ensino superior mais produtiva, foi a Harvard Medical School com 276 publicações indexadas, a universidade europeia com o melhor desempenho foi a universidade de Oxford com 208 publicações. Já para Portugal listam-se abaixo as instituições de ensino superior Portuguesas mais produtivas, mas somente as que conseguiram produzir mais de uma dezena de publicações. Aí se pode constatar que as quatro universidades Portuguesas mais produtivas produziram no total menos do que a pequena universidade de Oxford. 

Quando se analisam as citações e em particular as publicações do grupo Top1% mais citadas, constata-se que Portugal tem apenas 5 publicações naquele subgrupo. Comparativamente, Singapura, que desde 2023 tem apenas mais 10% de publicações do que o nosso país, possui uma vantagem de quase 100% daquelas altamente citadas  e a Austria que no mesmo período, até possui menos publicações do que Portugal (menos 5%) também possui uma vantagem de quase 100% de publicações altamente citadas. 

Nada que constitua afinal grande novidade, porque sendo certo e sabido que muito embora os investigadores Portugueses até produzem bastante, como mostrei de forma clara aqui, possuem no entanto reconhecidas limitações, no que respeita a produzir ciencia de elevado impacto, pelo menos aqueles de certas áreas científicas. Vide a este respeito, um post anterior sobre as áreas científicas mais competitivas de Portugal https://pacheco-torgal.blogspot.com/2023/11/lista-das-areas-cientificas-portuguesas.html Ver também a este respeito, o post sobre a estranha (errada) opção de avaliação das unidades de investigação que não privilegia como deveria o impacto científico https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/03/a-urgente-reorientacao-da-equivocada.html

  • IES Portuguesas que produziram mais de 10 publicações desde 2023:

Univ. do Porto...........68
Univ. de Lisboa.........52
Univ. de Coimbra......38
Univ. do Minho..........30
Univ. Nova................ 27
Univ. de Aveiro..........24
Iscte............................22
Inst. Pol. do Porto......17
UTAD.........................17
Univ.  Beira Interior....14
Inst.Pol. de Bragança..13
Inst. Pol. de Leiria.......12

  • Países que produziram mais de 300 publicações desde 2023: 
 1.    United States: 6815

2.    India: 5337

3.    China: 4554

4.    United Kingdom: 2657

5.    Germany: 2159

6.    Italy: 1795

7.    South Korea: 1268

8.    Canada: 1203

9.    Australia: 1199

10.  Saudi Arabia: 1099

11.  Spain: 1017

12.  France: 882

13.  Japan: 761

14.  Netherlands: 750

15.  United Arab Emirates: 593

16.  Turkey: 589

17.  Taiwan: 588

18.  Switzerland: 531

19.  Malaysia: 516

20.  Pakistan: 511

21.  Sweden: 457

22.  Egypt: 438

23.  Brazil: 437

24.  Poland: 423

25.  Greece: 423

26.  Singapore: 415

27.  Hong Kong: 385

28.  Iran: 384

29.  Portugal: 380

30.  Austria: 362

31.  Russia: 337

32.  Norway: 331

33.  Finland: 323

34.  Ireland: 318

35.  Belgium: 317

36.  Denmark: 301