segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Será que ter o pior resultado entre 20 instituições de ensino superior nacionais é motivo para felicitação ?


Usualmente só costuma haver condecorações (e felicitações) para os três primeiros classificados (ou para aqueles cujo desempenho se situa no grupo dos melhores 0.1%, 1% ou até mesmo 5%)  porém não é isso que se passa na cidade dos fenómenos que é Castelo Branco, onde há um Politécnico (que já se tinha congratulado por conta de um péssimo resultado) cujo Presidente (foto acima) ao pronunciar-se sobre os recentes resultados da 1ª fase de acesso ao ensino superior, se congratula pelo facto de 74% dos que escolheram aquela instituição o terem feito como 1ª opção da candidatura. Trata-se porém de um resultado que como se pode ver abaixo é o pior num grupo de 20 instituições públicas:

1- ISCTE................186%
2 - UPorto...............184
3 - UNova................170
4 - IPol.Lisboa.........144  
5 - UMinho..............137
6 - UMadeira...........134
7 - IPol.Porto...........133 
8 – ULisboa............132
9 - UCoimbra..........127 
10 - UAveiro............115
11 - IPol.Setubal.....112
12 - UALG...............110
13 - UTAD...............101   
14 - UAçores...........100
15 - UÉvora............. 99
16 - IPol.Coimbra.....98
17 - IPCA..................96
18 - IPol.Leiria..........95
19 - UBI....................84
20 – IPol C.Branco...74

Sem surpresa o Presidente do referido politécnico  (António Fernandes, a quem a Scopus credita 5 publicações e um impressionante h-index=2) nada disse sobre o facto de ter havido quatro cursos com apenas 1 colocado e até mesmo dois cursos com zero colocados e nem de propósito, um desses dois cursos é ironicamente o curso onde ele é docente.  É impressionante que na primeira fase de um concurso que envolveu muitos milhares de alunos, não tivesse havido um único em todo o país, minimamente interessado em aprender o que ele tem para ensinar ! Quem sabe talvez se este Politécnico contratar como professores convidados estes dois génios a procura daquela instituição não rebenta a escala !

domingo, 11 de setembro de 2022

Engenharia Civil - Politécnico do Porto sobe ao 3º lugar dos cursos com mais procura

 


Felizmente que este ano não se repetiu a queda global na procura do curso de engenharia civil, que tinha ocorrido no ano passado, vide post acima. Os 501 colocados da primeira fase representam uma ligeira melhoria relativamente ao ano passado, mas que é ainda assim uma melhoria. Espantosamente o curso do Politécnico do Porto tornou-se no terceiro mais procurado, apenas atrás dos cursos do IST e da universidade do Porto. 

Com apenas 26 colocados (e 29 vagas sobrantes) o curso de engenharia civil da universidade de Coimbra ocupa, como já tinha sucedido no ano passado, somente a 7ª posição a nível nacional (o que mostra uma absoluta incapacidade de capitalizar o seu excelente desempenho científico no prestigiado ranking Shanghai, comprovado pelo 3º lugar no ranking ibérico) conseguindo superar somente a UAveiro, a UTAD e a UBI. Esta última, teve apenas 2 colocados nesta primeira fase, registando um desempenho inferior ao de vários politécnicos (Coimbra, Algarve, Leiria e Viana do Castelo). 

PS - Infelizmente para Portugal (atenta a manifesta e absoluta saturação já existente e ainda outras razões ponderosas), o curso de Direito esgotou logo na primeira fase as 1896 vagas que tinham sido abertas naquela área científica. E mesmo as ciências empresariais, mereceram a escolha (incompreensível) de mais de 7000 alunos, o que representa 95% da oferta total e isso apesar da área da gestão ser curiosamente uma das duas áreas responsáveis por um maior número de diplomados desempregados https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2022/07/a-informacao-enviesada-do-jornal.html

terça-feira, 6 de setembro de 2022

Porque é que não se consegue resgastar para o século 21 o Salazarismo edificatório ?


Corria o ano de 1951 (quando este país viu nascer fenomenais Portugueses que viriam várias décadas mais tarde a revelar-se Ministros prodigiosos, como foi o caso do Ministro Manuel Maria Carrilho ou do Ministro Manuel Dias Loureiro) quando o Governo Salazarista de então aprovou um vasto conjunto de regras que a partir desse ano passaram a reger a construção de edifícios, o conhecido Regulamento Geral de Edificações Urbanas - RGEU 

Vetusto regulamento que actualmente ainda continua a motivar fortes disputas jurídicas por conta de questões relacionadas com o afastamento entre edifícios e o direito à exposição solar. Vide por exemplo o Acórdão do TCA Norte ou o Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo,  com regras que ditam que, por exemplo, os compartimentos devem ser iluminados e ventilados por vãos cuja área total "não será inferior a um décimo da área do compartimento com o mínimo de 1,08m2" (Artº71) ou que por exemplo as janelas tenham que estar obrigatoriamente desimpedidas numa distância mínima de 3m da proximidade de um muro ou fachada (Artº73) ou da proximidade de construções salientes, localizadas naquelas, que possam prejudicar as condições de iluminação e ventilação (Artº75). 

Regras essas as quais não aproveitam e até esquecem todo o conhecimento científico produzido ao longo das últimas décadas, como sejam por exemplo os estudos iniciados na década de 80, sobre o ritmo circadiano (que mereceram o Nobel da Medicina em 2017) cujas perturbações estão associadas a doenças várias, e que há uma década atrás levaram investigadores de conhecidas universidades, EPFL, MIT e Harvard a estudar de que forma alterações em edifícios já construídos, podem contribuir para uma melhoria do ritmo circadiano https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0360132313002448 

É evidente que as regras, da "Idade da Pedra", inscritas no RGEU na parte relativa à iluminação, pertencem a um tempo em que as janelas estavam associadas a perdas térmicas significativas, o que já não é o caso nos tempos que correm, atento o elevado desenvolvimento tecnológico ocorrido nessa área (com valores de transmissão térmica de 0,5 W/m2K), mas mais preocupante é o facto de permitirem que os compartimentos de dois edifícios que possuam exactamente os mesmos vãos e a mesma distância a edifícios vizinhos, possam estar sujeitos a intensidades luminosas muito diferentes, e inclusive muito inferiores aos mínimos desejáveis, pelo que aquilo que faz sentido no século 21 é que a unidade regulamentar seja esta última, como aliás sucede em países desenvolvidos, como é por exemplo o caso da Alemanha. 

PS - Tendo em conta que um estudo recente, publicado numa conhecida revista científica, ligou perturbações no ritmo circadiano a várias doenças mentais não pode causar admiração que a população idosa, que vive de forma permanente em habitações com más condições de iluminação (e também aqueles não idosos, que durante a pior fase da epidemia de Covid-19 foram obrigados a estar fechados, durante longos períodos, em habitações com iguais ou mesmo péssimas condições de iluminação) possam ter desenvolvido patologias mentais.