terça-feira, 21 de outubro de 2025

O desespero e as inverdades vergonhosas do Reitor da Universidade de Coimbra

 

Na primeira semana do passado mês de Agosto, o Reitor Amílcar Falcão, da Universidade de Coimbra, foi autor de um pouco inspirado artigo no jornal Público, onde tentou sem sucesso defender o indefensável, as virtudes da endogamia académica. Na altura comentei esse artigo no post de titulo "Nas asas da hipocrisia: O pouco magnífico Falcão no ninho quente da endogamia" https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/08/nas-asas-da-hipocrisia-o-pouco.html

Só por desespero se pode compreender que o mesmo Reitor Falcão venha hoje novamente, com os mesmos requentados argumentos, queixar-se da legislação do Governo, a qual recorde-se, pretende combater o grave problema da endogamia académica, embora de forma muito suave, inibindo durante apenas três anos, as unidades orgânicas com as mais elevadas percentagens de endogamia (acima de 60%) de contratarem os seus doutorados. 

Afirma o Reitor Falcão que a solução mágica passa pela formulação de editais magníficos escritos por anjos, que jura ele impedirão toda e qualquer manipulação concursal, fazendo assim por esquecer, a grave denúncia feita por um conhecido catedrático e também aquilo que uma conhecida investigadora-coordenadora, doutorada pela universidade de Oxford, denunciou no Expresso, que na maioria dos concursos académicos em Portugal vigora o princípio, "hoje votas no candidato que me interessa a mim e amanhã eu voto no candidato que te interessa a ti".

A parte mais lamentável do artigo do Reitor da universidade de Coimbra, é quando aquele afirma sem qualquer prova, que a legislação já aprovada em Conselho de Ministros e que agora irá ser debatida na Assembleia da República, irá prejudicar todas as universidades, excepto aquelas localizadas em Lisboa. Trata-se de uma inverdade absolutamente descarada, que sem dúvida envergonha todos os catedráticos da universidade de Coimbra. Excepto, claro, aqueles a quem a endogamia académica tem dado muito jeito. 

PS - Em 2017 concorri a uma vaga de professor catedrático na universidade Sueca de Uppsala. Naquela famosa universidade (que integra o Top 100 do ranking Shanghai) a selecção dos candidatos que passam à fase final é feita por catedráticos de universidades de outros países, vide relatório de 22 páginas acessível no link https://www.docdroid.net/ONpHyGk/review-by-aalto-university-expert-pdf E a única razão porque as universidades Portuguesas não copiam essa prática é porque isso levaria a que candidatos "da casa", com cunhas (é o próprio Reitor Falcão no seu artigo, que admite que elas existem), não conseguissem chegar à fase final. 

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

The Paradox of Scientific Non-Existence: Silent Shadows in the Halls of Knowledge

 

The well-known philosophical question, “If a tree falls in a forest and no one is around to hear it, does it make a sound?”, is commonly answered by asserting that the impact of its fall generates sound waves, which—if an observer endowed with auditory perception were present—would be perceived as noise. Yet, in the absence of such an observer, there are only sound vibrations, devoid of conscious interpretation.

By analogy, a scientist who produces a study that goes unnoticed by the scientific community resembles the tree that falls unheard in the forest. From an empirical standpoint, the study undeniably exists: the methodology was implemented, and the results were documented—just as the tree produced sound waves. However, from an epistemic or perceptual perspective, the study functions as if it never took place, since no one engaged with or acknowledged it. Its impact, therefore, is null. In this sense, it is worth recalling the assertion of the physicist Carlo Rovelli that scientists who make no impact are not merely invisible; they are, in a profound ontological sense, non-existent https://pachecotorgal.com/2022/06/08/interactions-as-a-paramount-existential-principle-and-the-scientists-who-do-not-exist/

The phenomenon of invisible—or scientifically non-existent—researchers constitutes not merely an inefficiency but a profound distortion of the scientific enterprise. The funding, time, and institutional capital expended on work that goes unnoticed or unacknowledged produce virtually no intellectual return, while simultaneously depriving other, more productive researchers of the means to advance knowledge. This misallocation corrodes the very foundations of merit-based science, rewarding existence over impact. Even more troubling, empirical evidence indicates that these “invisible” scientists exert a persistently harmful influence on the careers of young scientists, distorting mentorship structures, and perpetuating cycles of mediocrity that undermine the collective progress of science itself. https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/08/warning-to-young-researchers-hidden.html

Update after 2 days — Foreign readers from Singapore (13%), the USA (9%), Hong Kong (6%), and Germany (4%) show the greatest interest in this post.

domingo, 19 de outubro de 2025

Os professores do Ensino Superior Politécnico que merecem um aumento salarial entre 180 e 450 euros por mês



Merece reconhecimento e público elogio que haja algumas dezenas de professores do Ensino Politécnico, que aparecem listados no ranking mais prestigiado de cientistas a nível mundial (Elsevier-Stanford), ainda mais pelo facto de alguns deles estarem localizados em regiões economicamente desfavorecidas, como é o caso do Politécnico da Guarda que conseguiu a notável proeza de ter logo cinco professores no mesmo  https://politecnicoguarda.pt/cinco-investigadores-do-politecnico-da-guarda-entre-os-2-mais-citados-do-mundo/ 

Aproveito aliás para relembrar que o professor da UBI melhor classificado nesse ranking (incluído no subgrupo Top 0.5%), foi "roubado" aquela universidade pela Universidade do Porto, onde agora trabalha como catedrático https://pachecotorgal.com/2025/09/25/a-nova-proeza-da-universidade-acelerada-por-esteroides/   resta por isso saber se os referidos Institutos Politécnicos, serão capazes de reter esses cientistas altamente citados ou se eles preferirão concorrer para universidades onde terão à espera melhores condições de trabalho e ainda um salário superior. No mínimo dos mínimos, esses professores são merecedores de um aumento salarial, de 180 euros/mês, que os coloque ao mesmo nível dos professores universitários, por conta de terem conseguido alcançar um desempenho extraordinário, que muitos professores catedráticos de universidades públicas não conseguiram replicar.

Aliás, tendo em conta que é muito mais fácil fazer a Agregação do que conseguir aparecer neste ranking (há até quem, pasme-se, tenha conseguido obter a Agregação sem ter recebido uma única citação, ou sequer mesmo um único artigo publicado numa revista internacional decente), faria todo o sentido que o complemento salarial de 450 euros/mês, que é pago a quem obtém a Agregação devia também ser pago aqueles que constam do ranking Stanford-Elsevier, e cuja obra científica foi reconhecida por um elevado número de investigadores estrangeiros, tendo por isso muito mais mérito do que a simples aprovação em provas de Agregação com jurados caseiros (e "amigos", catedrático Vital Moreira dixit).