domingo, 14 de dezembro de 2025

Uma crítica suave ao Presidente da DST

 

Em termos de artigos interessantes, a secção de economia da última edição do semanário Expresso, não trazia apenas o tal artigo que tive oportunidade de comentar no post de título "Os engenheiros inúteis e o catedrático que insiste na eliminação do IRS e do IRC" acessível no link supra, trazia também um outro contendo declarações do iluminado Presidente do Grupo DST, que reconheça-se é uma louvável excepção à esmagadora maioria dos empresários Portugueses e não é unicamente pela sua apologia do capitalismo popular. 

Infelizmente, nas suas declarações sobre aqueles que são os materiais para o futuro da construção, não há uma única palavra sobre resíduos e a importância crucial da economia circular em resultado da estratégia definida pela União Europeia. Seja no respeitante à obrigação da industria da construção ter de valorizar os seus próprios resíduos, pois o Eurostat revela que esta industria é responsável pela maior parcela dos resíduos por actividade económica https://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.php?title=Waste_statistics  seja também na extraordinária capacidade que a mesma tem de conseguir valorizar resíduos de várias outras industrias, através da sua incorporação no betão, o material que é o mais utilizado no Planeta (com um consumo de dezenas de milhares de milhões de toneladas) e que vai continuar a ser o mais utilizado, ao longo das próximas décadas. 

Declaração de interesses - Declaro que, há um ano atrás produzi comentários bastante favoráveis sobre o supracitado material betão, possuidor de uma excelente relação desempenho/custo e com um pegada carbónica cada vez menor, sendo um material insubstituível em muitas aplicações  https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/10/seculo-xxi-o-seculo-da-inteligencia.html

sábado, 13 de dezembro de 2025

Os engenheiros inúteis e o catedrático que insiste na eliminação do IRS e do IRC


Na secção de economia da última edição do semanário Expresso o catedrático da prestigiada LSE, Ricardo Reis, escreveu sobre as virtudes de subir impostos sobre o consumo, como moeda de troca para eliminar o IRS e o IRC, já que segundo ele, é mais fácil, eficaz e eficiente taxar o consumo em vez dos rendimentos. Além do que acrescentou ele "O imposto sobre o consumo deixa de fora as poupanças...protege a acumulação de capital humano e físico que se exige numa economia do conhecimento" https://expresso.pt/opiniao/2025-12-11-taxar-o-consumo-454ef1ba

Faço notar que em 2020 o referido catedrático já tinha escrito exactamente sobre o mesmo tema, tendo eu na altura comentado o seu artigo aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/09/uma-proposta-radical-para-acabar-com-o.html o que mostra não só uma coerência que consegiu resistiu ao passar dos anos mas também uma vontade indómita de convencer os seus leitores sobre a validade e a bondade da medida referida. 

Pessoalmente, confesso que fiquei convencido logo em 2019, quando li um artigo do agora catedrático da Universidade do Minho, Luís Aguiar-Conraria, que nesse ano escreveu sobre a ineficiência dos impostos sobre os rendimentos e sobre a hipótese de aumentar substancialmente o IVA para permitir a eliminação do IRS e do IRC https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/acabar-com-o-irsparte-2.html

Uma coisa é certa porém, apesar das muitas virtudes que a medida supracitada possa apresentar, ela não consegue resolver, no curto prazo — e, no longo prazo estamos todos mortos (Keynes dixit) — o gravíssimo problema que o famoso catedrático Thomas Piketty descreve numa entrevista publicada ontem no site da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, que é o privilégio infame das grandes fortunas que não pagam impostos, advertindo que isso foi exactamente o que sucedeu na França há alguns séculos atrás, e que terminou, como se sabe, com abundante derramamento de sangue. https://aepet.org.br/noticia/thomas-piketty-estamos-em-uma-situacao-semelhante-a-que-levou-a-revolucao-francesa-2/

PS - Alguns, em Portugal, poderão questionar a pertinência de uma associação brasileira, representativa de milhares de engenheiros, se envolver num tema que, à primeira vista, parecer interessar sobretudo a fiscalistas e economistas. Tal posição, porém, revela desde logo um desconhecimento do que estabelecem os Estatutos da Ordem dos Engenheiros Portuguesa, onde, logo no n.º 1 do artigo 4.º, se afirma que “a Ordem tem como escopo fundamental contribuir para o desenvolvimento sustentável da sociedade...”. Ora, é evidente que não pode haver verdadeiro desenvolvimento sustentável quando apenas alguns pagam impostos — e, mais grave ainda, quando são precisamente os detentores das maiores fortunas aqueles que, proporcionalmente, menos contribuem para o esforço coletivo. É, por isso, particularmente meritória a iniciativa dos referidos Engenheiros Brasileiros, ao envolverem-se num tema crucial, que no mínimo dos mínimos faz prova que muitos engenheiros brasileiros não vivem numa bolha hermética, desligados dos grandes problemas que preocupam o cidadão comum. Isto já para não falar, que há quem, como um conhecido professor catedrático de estruturas da Universidade Nova de Lisboa, aposentado há vários anos e com quem troquei centenas de emails ao longo de quase duas décadas, seja muito critico sobre os engenheiros que vivem na sua bolha de engenharia, e que ele de forma muito pouco simpática e até bastante ácida apelida de inúteis  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/10/universidade-nova-de-lisboa-quem-nao.html

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Ciência mostra como é que Portugal pode reduzir um elevadíssimo prejuízo anual de 10.000 milhões de euros


Na sequência do post supra dedicado aos quase um milhão de Portugueses que estão em teletrabalho, aproveito para divulgar um estudo recente que foi publicado na revista científica Social Science &Medicine, que concluiu que o teletrabalho contribui para reduzir problemas de saúde mental, tendo os "maiores benefícios" sido detectados em mulheres, cujo trabalho remoto tenha uma duração mínima entre 50% a 75% do tempo de trabalho semanal   https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0277953625011438

Essa descoberta é especialmente importante para o nosso país, que infelizmente este ano foi noticia pelo facto de se ter ficado a saber que no respeitante a problemas de saúde mental consegue ter o pior resultado entre todos os países da OCDE e também porque como já se tinha ficado a saber, num outro relatório anterior, o peso financeiro dos referidos problemas de saúde mental foi estimado em cerca de 10.000 milhões de euros por ano https://health.ec.europa.eu/system/files/2024-01/2023_chp_pt_portuguese.pdf

Assim sendo, e quanto mais não fosse pelas razões supracitadas, já seriam aquelas suficientes para que o nosso país aspirasse a ter uma estrutura económica baseada em empresas de alta tecnologia, similar à dos países Nórdicos, que lhes permitem ter percentagens de teletrabalho superiores às de Portugal. Aliás, neste contexto particular, vale a pena recordar o caso inspiracional da tal empresa que vale mais de 8000 milhões, emprega mais de 1000 cientistas, incluindo em Portugal e que tem sede no Zoom https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/05/a-empresa-que-vale-mais-de-8000-milhoes.html