O papá daquele jovem advogado, que defende afincadamente em tribunal aquele famoso individuo, afectado pelo Salzheimer, encontrou um jornal pouco exigente, que achou excelente ideia "noticiar" as suas angustias filosóficas, como por exemplo aquela, bastante hipócrita, que reza que existe em Portugal uma justiça terrível, que segundo ele, persegue os ricos e poderosos.
Em boa verdade, seria óptimo que isso fosse verdade, pois significaria que no limite, a justiça já tinha interiorizado aquilo que foi descoberto pela ciência, que os ricos tem mais propensão para mentir, enganar e roubar, por conta de um fenómeno designado por "freeing effect". Infelizmente porém as patéticas lamúrias de Proença de Carvalho não encontram qualquer sustentação face à realidade dos factos, já que ele é incapaz de responder à evidente questão, quem são afinal os tais ricos e poderosos, que a malvada justiça Portuguesa condenou injustamente e os quais já cumpriram ou cumprem pena num estabelecimento prisional ?
O supracitado papá, convém não esquecer, é o mesmo que fez parte da Comissão de Remuneração do BES (onde obviamente nunca viu nada de irregular), isto claro sem contar que ao mesmo tempo, era também membro de um sem fim de outras comissões, mais de 30 (trinta):
"Proença de Carvalho é o
responsável com mais cargos entre os administradores não executivos das
companhias do PSI-20, e também o mais bem pago. O advogado é ...membro da comissão de remunerações do BES,
vice-presidente da mesa da assembleia geral da CGD e presidente da mesa na Galp
Energia. E estes são apenas os cargos em empresas cotadas, já que Proença de
Carvalho desempenha funções semelhantes em mais de 30 empresas. Considerando
apenas estas quatro empresas...o advogado recebeu 252 mil euros. Tendo em conta
que esteve presente em 16 reuniões, Proença de Carvalho recebeu, em média...15,8 mil euros por reunião" https://www.dn.pt/bolsa/gestores-nao-executivos-recebem-7400-euros-por-reuniao-1545088.html
PS - Em Abril de 1974, com 33 anos, Proença de Carvalho era apenas um jovem advogado mal pago (é o próprio que o reconheceu tendo até admitido que chegou a pensar emigrar), como o eram aliás quase todos os jovens advogados daquele tempo. De lá para cá porém tornou-se milionário, uma pessoa de sucesso, nas suas palavras. Mas se a justiça nunca o "perseguiu" no passado será que ele receia que ela o venha a "perseguir" agora ? E quais seriam os motivos para tal malvada e preconceituosa "perseguição" ? Fraude e branqueamento de capitais ?