https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/09/cambridge-oxford-obsession-and-greatest.html
Na sequência de um post anterior acessível no link acima, é pertinente divulgar os resultados contidos num recente artigo, publicado na revista científica Futures, onde se calculou a probabilidade de extinção da Humanidade (e toda a vida no Planeta com excepção das bactérias extremófilas), devido ao impacto de um asteróide, de grandes dimensões, com mais de 100 km de diâmetro. A descrição dos efeitos devastadores do impacto de um asteróide dessas dimensões é descrita na secção 3.2. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0016328722000337
A imagem acima mostra a localização e a dimensão do impacto de alguns asteróides. A maior cratera dessa lista, Vredefort, que foi provocada por um asteróide de tamanho relativamente "modesto" (aproximadamente 10 kms de diâmetro) localiza-se na África do Sul e tem um diâmetro que actualmente rondará aproximadamente 90 km, embora a dimensão inicial fosse bastante superior, variando entre 180 e 300 kms. https://earthobservatory.nasa.gov/images/92689/vredefort-crater
Curiosamente também o asteróide que extinguiu os dinossauros e mais de 70% da vida do Planeta, responsável pela cratera Chicxulub na península do Iucatão, teria aproximadamente 10 kms de diâmetro. Note-se que se um asteróide de 200 metros atingisse a cidade de Londres poderia matar mais de 8 milhões de pessoas e uma simulação feita pela NASA em 2019, sobre as consequências do impacto de um pequeno asteróide, com apenas 60 metros de diâmetro, na cidade de Nova York, libertaria uma energia equivalente a mil bombas de Hiroshima e provocaria mais de um milhão de mortos e o problema é que se de facto há poucos asteróides com 10 kms de diâmetro (e menos ainda com 100 kms), há dezenas de milhares com várias dezenas de metros.
PS - É claro que quando daqui a 350 anos a Humanidade evoluir para uma civilização do tipo 1, talvez nessa altura já esteja em condições de conseguir alterar a órbita de asteróides de grandes dimensões, exercicio bastante complexo, também analisado na secção 5.4 do artigo supracitado.
Aditamento em 24 de Abril - O colega Rui Melício, Professor Associado com Agregação da Universidade de Évora, contactou-me a propósito deste post, dando-me conta que participou num estudo publicado em 2021, na Acta Astronautica, que analisou as consequências do impacto do asteróide Apophis (370 metros de diâmetro) no Oceano. Sem supresa, na altura ninguém ficou a saber desse estudo, porque a nossa imprensa prefere matérias mais acéfalas sobre a merda do futebol. Ou talvez o estudo não tenha merecido divulgação, porque nele não participou nenhuma cientista do género feminino, que é algo a que a nossa imprensa dá anormal importância, mesmo a propósito de prémios corriqueiros.