quarta-feira, 27 de abril de 2022

O supino descaramento do magistrado que o Governo de Passos Coelho nomeou para um cargo de luxo

 

O magistrado João Cluny, que o Governo do Passos Coelho, nomeou para um cargo de luxo na Europa, veio defender numa entrevista publicada ontem, que os magistrados devem poder continuar a passar a vida em cargos políticos e outros que tais https://ionline.sapo.pt/artigo/769490/magistraturas-democracia-e-politica?seccao=Opiniao_i

Mas fará algum sentido, que as exigências em Portugal, nessa matéria, até sejam menores do que as do Brasil, onde há muito se proibiu essa promiscuidade ? 

E que tipo de magistrado é que um Governo convidará para tais cargos ? Será um magistrado, que nunca se inibiu em condenar políticos, como por exemplo, o ilustre Carlos Alexandre, ou será antes e muito mais provavelmente, um magistrado amigo de certos políticos ? E que imparcialidade terá um magistrado, que comeu na gamela do Governo, do partido A ou B, para depois de voltar à magistratura e julgar políticos (ou os seus familiares) desse mesmo partido? E faz algum sentido, que ao mesmo tempo em que se diz, que há falta de dezenas de magistrados nos tribunais (facto que como é óbvio, também contribui para explicar os crónicos atrasos da justiça e bem assim as muitas condenações de Portugal no TEDH), haja ironicamente, dezenas deles que andam na politica, na bola e em cargos internacionais de luxo ?

Ou seja, não contentes em terem deixado de receber o mesmo que recebia um professor do secundário, para passarem a receber muito mais do que recebe um professor universitário (algo que não sucede nos países do Norte da Europa), não contentes com a absoluta excepcionalidade de se aposentarem com 100% do vencimento (algo que não acontece em nenhum país civilizado) os senhores magistrados ainda estavam à espera de nem sequer terem de aturar a inominável chatice de fazer julgamentos, interrogar testemunhas (de mau aspecto e que muitas vezes até cheiram mal) e de escrever Acórdãos !

Declaração de interesses - Reproduzo abaixo as palavras finais de um post de 28 de Janeiro: "Toda a gente sabe que no Brasil o famoso juiz Moro aceitou um cargo de Ministro e por conta disso teve de renunciar à magistratura porque no Brasil a lei não permite que os magistrados passem a vida a saltar de um lado para o outro. Serve esta introdução para dizer que ontem no Expresso a conhecida Procuradora jubilada Maria José Morgado (a mesma que um dia disse que em Portugal a corrupção tem protecção legal), escreveu que na sua vida profissional conheceu muitos magistrados cuja única ambição era a de serem convidados para um cargo governamental com direito a viatura oficial e motorista, terminando o artigo a dizer que é preciso fazer em Portugal aquilo que se faz no Brasil, proibindo aos magistrados essa vida salta pocinhas que só contribui para descredibilizar ainda mais a justiça deste país"  https://pachecotorgal.com/2022/01/28/financial-times-noticia-que-os-portugueses-estao-fartos-da-impunidade-dos-corruptos/