terça-feira, 5 de julho de 2022

Geopolímeros - Rigor científico, marketing e publicidade enganosa

 


Ainda na sequência do post acima e tendo em conta que o último número da revista Visão publicou um artigo sobre recifes artificiais, que serão utilizados em Cascais, Madeira e Comporta "fabricados com um geopolímero (uma mistura de minerais) ecológico" é pertinente produzir alguns comentários sobre a ecologia do referido material.

Primeiro - Como já tinha escrito há um ano atrás, o nome "geopolímero" utiliza-se somente por razões de marketing pois o termo correcto é material activado alcalinamente ou material obtido por activação alcalina. Mas se até mesmo cientistas ilustres, responsáveis pelos maiores avanços científicos nesta área (como o catedrático John Provis ou Van Deventer) continuam a utilizar a designação "aconselhada" pelo marketing então dificilmente se pode condenar tal opção a quem quer que seja.

Segundo - Os ditos "geopolímeros" não são forçosamente materiais ecológicos. Alguns deles podem de facto ter menores impactos ambientais, mas isso porém não sucede com todos eles, como já tinha escrito há 10 meses atrás, no final do post aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/10/livro-sobre-uma-area-emergente-na.html

Terceiro - Não há qualquer prova científica, que os tais geopolímeros mencionados no tal artigo da revista Visão, possuam um baixo impacto ambiental. Pode até suceder precisamente o inverso. Mesmo uma pesquisa no google, sobre a empresa em questão, não permite saber qual a composição do material, que é uma informação essencial para essa confirmação, o máximo que se obtém é apenas isto https://www.tsf.pt/futuro/startup-vai-construir-apartamentos-para-peixes-em-cascais-comporta-e-madeira-14980973.html

Obs - A imagem acima, onde se informa quais são os aspectos dos referidos materiais que necessitam de mais estudos (cor azul) foi retirada de um artigo importante que mencionei no tal post de há 10 meses atrás