sábado, 11 de fevereiro de 2023

A primeira publicação indexada na Scopus que tem o ChatGPT-3 como co-autor

 

Na sequência do post de 21 de Dezembro, acessível no link acima, e principalmente na sequência de um post mais recente, de 23 de Janeiro, sobre o "omnipresente" (e quase omnisciente) modelo de inteligência artificial, ChatGPT-3, sou a divulgar o facto, de uma pesquisa efectuada hoje, na base Scopus, revelar que entre as mais de 80 milhões de publicações científicas, indexadas naquela plataforma, já se encontra uma publicação, de uma investigadora da Universidade de Manchester, na qual o ChatGPT-3 aparece como segundo autor. Vide imagem acima, que copiei daquela plataforma.

Sobre este evento, primordial, substancial e problemático, sou a recordar as três questões, que formulei num post anterior de 14 de Agosto de 2020, quando comentei um artigo da revista The Economist, que pela primeira vez, noticiou a capacidade do referido modelo de inteligência artificial, produzir textos que pareceriam ter sido escritos por humanos:

let´s imagine that a human improved a text generated by GPT-3, can we really say that the improved text has two co-authors ?  
Or should it be that GPT-3 is the only real author and that the human contribution was a minor one and need only to be mentioned in the acknowledgment section ?  
But taking into account the intrinsic human narcissism (especially in the academic field, as per Brunell et al. (2011) findings), is it possible to believe that humans are capable of admitting that they had a minimal contribution to an article and that the merit belongs exclusively to GPT-3? https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/08/is-artificial-intelligence-leading-us.html

PS - Na página 56 da revista The Economist, edição de 4 a 10 de fevereiro de 2023, num artigo sobre a corrida de IA e os adversários do modelo ChatGPT-3, há uma imagem (nº3) mostrando que a Amazon e a Meta "produzem respectivamente dois terços e quatro quintos dos artigos de IA da Universidade de Stanford...Alphabet e Microsoft produzem bastante mais...". E isso torna inevitável a seguinte questão: Num mundo em que a falta de integridade na investigação científica cresce de forma acelerada, como é que é possível confiar na integridade dos resultados das investigações de corporações (vide as fraudes da Nikola, da Theranos e da Wolkswagen), se resultados negativos podem levar a uma forte diminuição do valor das suas acções ou até mesmo à sua falência?