A imprensa acaba de divulgar quais foram as empresas e as instituições de ensino superior que mais pedidos de patentes submeteram ao Instituto Europeu de Patentes, durante o último ano, sendo que os três primeiros lugares do ranking nacional pertencem respectivamente à empresa Feedzai (20 pedidos), à universidade de Aveiro (20 pedidos) e à empresa Delta (13 pedidos). https://eco.sapo.pt/2023/03/27/feedzai-e-universidade-de-aveiro-lideraram-pedido-de-patentes-em-2022/
A universidade de Aveiro foi responsável por mais pedidos de patentes, do que a universidade Nova e a universidade de Lisboa juntas. E isso com a agravante da primeira ter recebido da FCT, muito menos dinheiro do que receberam as duas universidades Lisboetas. Recorde-se que a universidade de Aveiro possui apenas 5 (cinco) unidades de investigação com um orçamento superior a 1.5 milhões de euros, enquanto que as referidas universidades Lisboetas possuem no conjunto 43 (quarenta e três) unidades com esse nível de financiamento. O que faz prova de uma ineficiência absolutamente incompreensível.
Sobre este tema particular, o jornal Público publicou hoje mesmo um artigo contendo interessantes declarações do Presidente da Feedzai, que explicou que aquela empresa dedica 35% do seu orçamento a actividades de I&D e também que aquela possui um rácio de doutorados superior ao rácio da própria Google. https://www.publico.pt/2023/03/27/economia/noticia/portugal-novo-recorde-patentes-2022-2044032
Resulta daqui que como escrevi (repetidamente) no passado é extremamente errada a forma como o Governo tem andado a dar borlas fiscais de milhares de milhões de euros a empresas, por conta de alegadas actividades de investigação, pois por conta disso até bancos, que não contrataram um único doutorado (ao mesmo tempo que pagam milhões aos seus administradores) tem andado a aproveitar-se das referidas borlas. Tenha-se presente que no último Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional (IPCTN) às Empresas, ao Estado, ao Ensino Superior e às Instituições Privadas sem Fins Lucrativos, aparece escrito que há, nada mais nada menos, do que 1216 investigadores a trabalhar em empresas financeiras !!!!
Não só tenho sérias dúvidas que por lá se realizem actividades que respeitem os tais cinco critérios básicos, que são utilizados na definição de uma actividade de investigação, visando o aumento do conhecimento: Novidade/originalidade• Criatividade• A procura da resolução de incertezas científicas ou tecnológicas• A atividade ser sistemática• O conhecimento ser transferível e /ou reproduzível como acho até que a maioria desses alegados investigadores, de empresas financeiras, nem sequer é capaz de pesquisar (nas bases de dados relevantes) e sintetizar qual o estado da arte, actividade que constitui afinal a primeira tarefa a executar por qualquer aluno de doutoramento, pelo menos dos alunos dos doutoramentos decentes.
Declaração de interesses - Declaro que não é a primeira vez que critico a ineficiência das supracitadas universidades lisboetas https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2022/12/fusao-da-universidade-nova-com.html