sexta-feira, 30 de junho de 2023

O catedrático (aristocrata) preocupado com a fome e o catedrático odiado pelos bancos


Desde há alguns anos atrás que tenha criticado as opiniões do catedrático João Duque, vertidas semanalmente no seu artigo da secção de Economia do Expresso. Assim de repente, lembro-me por exemplo de dois posts de 2019, com títulos sugestivos, "Duelo de catedráticos__Seriedade contra cinismo e hipocrisia" ou "A melancia podre do catedrático Duque". 

Hoje porém tenho que reconhecer que o catedrático Duque escreveu alguma coisa que merece ser lida. No seu artigo cita um estudo do próprio BCE, onde se pode ler que é precisamente nos países mais ricos, onde a maioria (mais de 80%) dos empréstimos hipotecários são feitos em regime de taxa fixa, ao passo que Portugal é o país com a mais baixa taxa de empréstimos a taxa fixa. E assim conclui, "para as famílias alemãs mesmo endividadas, a subida de juros é encarada com um sorriso nos lábios porque a prestação deles não muda. As nossas começam a ter de ir aos penhores ou a deixar de comer para pagar a prestação da casa".

Também sobre taxas de empréstimos para aquisição de habitação, escreveu hoje no caderno principal do Expresso, o catedrático Aguiar-Conraria, da Universidade do Minho. Nesse artigo revela que possui um empréstimo a taxa fixa, e revela também que encontrou enormes resistências dos bancos quando decidiu optar por essa variante, tendo sido confrontado com enormes pressões para que optasse por uma taxa indexada à Euribor. Preocupante e até grave é a forma como termina o artigo, acusando o Governo de proteger as "práticas predatórias dos bancos", embora seja importante ter presente que este catedrático já tinha escrito coisas mais graves sobre a banca e também sobre o Governo, quando no inicio do mês passado, escreveu isto https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/06/catedratico-acusa-governo-de-ajudar.html

Declaração de interesses - Declaro que há alguns anos atrás, fiz uma proposta pragmática, visando o sorteio de banqueiros para serem queimados em praça pública  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/tres-vezes-sera-roubado-pelo-seu-banco.html

Aditamento em 1 de Julho - Hoje no jornal Público pode ler-se que: "...um empréstimo de 150 mil euros, com a Euribor a 12 meses, a 30 anos e com um spread (ou margem comercial do banco) de 1% corresponderia no arranque de 2022 a uma prestação de 448,65 euros. O mesmo empréstimo a rever no mês que agora se inicia, que utiliza o valor de Junho, veria a prestação disparar para 805,87 euroshttps://www.publico.pt/2023/07/01/economia/noticia/subida-euribor-perto-duplicar-prestacao-casa-18-meses-2055281