Desde há alguns anos atrás que tenha criticado as opiniões do catedrático João Duque, vertidas semanalmente no seu artigo da secção de Economia do Expresso. Assim de repente, lembro-me por exemplo de dois posts de 2019, com títulos sugestivos, "Duelo de catedráticos__Seriedade contra cinismo e hipocrisia" ou "A melancia podre do catedrático Duque".
Hoje porém tenho que reconhecer que o catedrático Duque escreveu alguma coisa que merece ser lida. No seu artigo cita um estudo do próprio BCE, onde se pode ler que é precisamente nos países mais ricos, onde a maioria (mais de 80%) dos empréstimos hipotecários são feitos em regime de taxa fixa, ao passo que Portugal é o país com a mais baixa taxa de empréstimos a taxa fixa. E assim conclui, "para as famílias alemãs mesmo endividadas, a subida de juros é encarada com um sorriso nos lábios porque a prestação deles não muda. As nossas começam a ter de ir aos penhores ou a deixar de comer para pagar a prestação da casa".
Também sobre taxas de empréstimos para aquisição de habitação, escreveu hoje no caderno principal do Expresso, o catedrático Aguiar-Conraria, da Universidade do Minho. Nesse artigo revela que possui um empréstimo a taxa fixa, e revela também que encontrou enormes resistências dos bancos quando decidiu optar por essa variante, tendo sido confrontado com enormes pressões para que optasse por uma taxa indexada à Euribor. Preocupante e até grave é a forma como termina o artigo, acusando o Governo de proteger as "práticas predatórias dos bancos", embora seja importante ter presente que este catedrático já tinha escrito coisas mais graves sobre a banca e também sobre o Governo, quando no inicio do mês passado, escreveu isto https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/06/catedratico-acusa-governo-de-ajudar.html
Declaração de interesses - Declaro que há alguns anos atrás, fiz uma proposta pragmática, visando o sorteio de banqueiros para serem queimados em praça pública https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/tres-vezes-sera-roubado-pelo-seu-banco.html
Aditamento em 1 de Julho - Hoje no jornal Público pode ler-se que: "...um empréstimo de 150 mil euros, com a Euribor a 12 meses, a 30 anos e com um spread (ou margem comercial do banco) de 1% corresponderia no arranque de 2022 a uma prestação de 448,65 euros. O mesmo empréstimo a rever no mês que agora se inicia, que utiliza o valor de Junho, veria a prestação disparar para 805,87 euros" https://www.publico.pt/2023/07/01/economia/noticia/subida-euribor-perto-duplicar-prestacao-casa-18-meses-2055281