Na sequência do post supra, onde analisei a evolução das colaborações científicas dos investigadores Portugueses com investigadores estrangeiros ao longo dos últimos 60 anos, (onde se constata que Portugal diminuiu as colaborações científicas com países mais avançados, como a Alemanha, optando por aumentar as colaborações com o Brasil !!!) mas principalmente na sequência do post infra, onde analisei a evolução entre 2016 e 2020, das colaborações entre investigadores nacionais e investigadores da China https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/11/desempenho-de-16-instituicoes-de-ensino.html sou por este meio a divulgar uma actualização, dessas colaborações, relativamente à produção científica indexada nos anos 2021 e 2022. Vide lista no final deste post.
Atenta a notória exiguidade das percentagens ali apresentadas (excepto para as 6 primeiras instituições que conseguem ultrapassar 4%) reproduzo novamente a questão colocada no final desse post de 2021, estas baixas percentagens de colaborações, com o pais que a nível mundial mais cresceu em termos científicos e que não por acaso até já lidera em termos do número de artigos altamente citados, tendo relegado os EUA para o 2º lugar, são o resultado de negligência ou de incompetência ?
Ao contrário de alguns países europeus (como Portugal) que ignorantemente sempre investiram pouco dinheiro em ciência e tecnologia, a China, apesar de nos últimos anos ter investido muitíssimo nessa área, pretende nos próximos anos passar a gastar ainda mais, já que naquele país a importância da ciência e tecnologia foi recentemente confirmada https://www.nature.com/articles/d41586-023-00744-4
Em 2017, num relatório do Instituto Bruegel sobre o crescimento da China na área da ciência e tecnologia podia ler-se que a Europa deveria tentar aumentar as suas ligações aquele país asiático para dessa forma acautelar o seu futuro. Nesse relatório há aliás uma curiosa frase que merece ser reproduzida: "When Freeman (2005) asked a top Harvard physicist, who had published important work in cooperation with overseas scientists and engineers, “So, you are helping them catch up with us?” the scientist replied, “No, they are helping us keep ahead of them” https://www.bruegel.org/sites/default/files/wp_attachments/PC-19-2017.pdf
Recordo também que em Novembro de 2022, um conhecido Instituto Holandês (Rathnau), reconhecia a importância do fomento das publicações conjuntas entre investigadores da Holanda e investigadores da China, que entre 2010 e 2020 cresceram 400% https://www.rathenau.nl/en/science-figures/process/collaboration/china-scientific-superpower-making
Sem surpresa, a Alemanha e o Reino Unido não deixaram de lhe seguir o exemplo, porque uma pesquisa na plataforma Scopus, mostra que entre 2010 e 2020, as colaborações científicas da Alemanha com a China aumentaram mais de 300% e as colaborações científicas do Reino Unido com a mesma China aumentaram mais de 400%.
Se as razões para essas colaborações já eram evidentes há uma década atrás, muito mais evidentes se tornaram perante o conteúdo do relatorio de 2022 da Clarivate Analytics sobre as empresas mais inovadoras do Planeta, onde existe uma figura "chocante" na pág.12, que analisa a evolução de patentes desde 1974 e que mostra que se em 2010, a Europa e os EUA produziam cada uma, quase 2 milhões de patentes por ano, e a China apenas metade desse valor, em 2014 a China atingiu a paridade com aqueles blocos geográficos e a projecção para 2025, mostra que a China sozinha irá conseguir produzir mais patentes do que a Europa e os EUA juntos. https://clarivate.com/wp-content/uploads/dlm_uploads/2022/02/Top-100-Global-innovators-2022-report-v9-RGB-SIN_AC.pdf
Desgraçada e muito ironicamente, as colaborações entre investigadores Portugueses e investigadores Brasileiros, são quase 300% superiores às colaborações nacionais com os investigadores Chineses, o que é prova bastante da incompetência (ou pelo menos negligência) estratégica que tem norteado as colaborações internacionais da maioria das Instituições de Ensino Superior Portuguesas, pois em termos de inovação mundial o Brasil aparece não só abaixo de Portugal, mas infelizmente até mesmo abaixo de países como o Vietname e o Irão https://www.theglobaleconomy.com/rankings/gii_index/
E se mais provas fossem ainda necessárias para comprovar a referia incompetência (ou no mínimo negligência) então bastaria ter presente que as colaborações entre investigadores Portugueses e investigadores Brasileiros, também são quase 300% superiores às colaborações nacionais com os investigadores da Suíça, que é não só o país mais inovador do Planeta, mas também aquele com o maior rácio prémios Nobel por milhão de habitantes.
1 - UMadeira............ 82/631..........13.0 % de publicações indexadas com afiliação Chinesa
2 - UMinho...............310/6852.........4.5
3 - ISCTE................. 96/2126..........4.5
4 - UAçores............... 30/667...........4.5
5 - ULisboa...............697/16170......4.3
6 - UCoimbra...........325/7842.........4.1
7 - IPol.Porto............ 67/1737.........3.9
8 - UNova.................209/5747........3.6
9 - UALG...................67/1858.........3.6
10 - IPol.C.Branco.......11/310.........3.6
11 - UAveiro...............237/7036.......3.4
12 - UPorto.................454/14660.....3.1
13 - IPol.Santarém.......6/194...........3.1
14 - UAberta.............. 7/272............2.6
15 - IPol.Coimbra.........21 /931........2.3
16 - UÉvora.................33 /1721.......2.0
17 - UBI........................46 /2247......2.0
18 - IPol.Tomar............3/163...........1.8
19 - IPol.Lisboa............ 17/979.......1.7
20 - IPol.Setubal..........6/437...........1.4
21 - UTAD..................26 /2050........1.3
22 - IPol.Viseu............ 5/473...........1.1
23 - IPol.Viana C.........8 /777..........1.0
24 - IPCA.....................4/452...........0.9
25 - IPolPortalegre.......2/249..........0.8
26 - IPol.Bragança..... 10/1316........0.8
27 - IPol.Beja...............1/204...........0.5
28 - IPol.Leiria.............5 /1018........0.5
29 - IPol.Guarda..........0/204.............0