Informa hoje o Expresso, em noticia, com direito a chamada na 1ª primeira página no caderno principal, que os planos deste Governo, para aplicar um super-desconto no IRS da "juventude" Portuguesa, até aos 35 anos, de 26% para 8%, vão beneficiar 15 deputados, que por conta disso vão ter um aumento no vencimento de 700 euros líquidos.
Que os jovens deste (miserável) país que tem salários abaixo de 2000 euros, a esmagadora maioria, possam receber um super-desconto no IRS, como forma de evitar que emigrem, nada contra, porém que jovens "sortudos" (e boys e girls a quem amizades politicas garantiram um tacho) que tem salários mensais de 4000 euros, 5000 euros ou até mais, possam por conta desse super-desconto, ficar a pagar uma ninharia em termos de IRS, muitos menos até do que pagam pessoas idosas, que recebem um salário muitíssimo menor, já me parece que é uma proposta injusta (infame) e quando se sabe que a mesma significa uma perda de receita fiscal de 1000 (mil) milhões de euros por ano, então isso parece significar que ela só pode ter partido de alguém que não deve estar bom da cabeça.
Seja como for, mesmo que por hipótese, houvesse em Portugal, um elevado número de jovens, que ganham mais de 4000 euros por mês e que só estão interessados em continuar a viver neste país, se puderem pagar somente 8% de imposto, então mais vale que partam o mais cedo possível, pois este país dispensa bem essa "juventude" egocêntrica e pedante.
PS - É obviamente possível conceber uma reforma fiscal que permita minimizar o imposto sobre os rendimentos do trabalho, porém isso requer coragem para compensar a receita fiscal assim perdida através de um pesado imposto sobre as grandes fortunas. Felizmente que já está em marcha o "quadro mental" que no futuro irá permitir isso mesmo https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/02/universidade-de-utrecth-hipotese-do.html
Declaração de interesses - Declaro que em 12 de Janeiro de 2019, recebi um email pouco simpático do actual Ministro das Finanças, por conta de eu ter criticado (de forma mais ou menos pública) um artigo, no qual ele era co-autor, artigo esse que foi publicado na revista científica Transport Policy, sobre os custos a mais em obras de vias de comunicação, com base em resultados de uma tese de doutoramento defendida na Universidade de Lisboa. Reproduzo abaixo esse email. Não divulgo, por razões óbvias, o conteúdo do email (pouco simpático) que na altura recebi do actual Ministro das Finanças.
Enviado: 12 de janeiro de 2019 11:07
Assunto: Mais uma bela tradição Portuguesa___Pagamentos de prémios indevidos
Se bem percebi um muito recente e interessante artigo publicado na revista científica Transport Policy com resultados de uma recente tese de doutoramento, defendida na Universidade de Lisboa, sobre os custos a mais em obras de vias de comunicação, parece que lá se defende que o novo Código de Contratos Públicos-CCP deu elevadíssimo contributo para reduzir o empolamento de custos e isto logo num país onde a corrupção tem uma dimensão avassaladora, quase parecendo que o CCP é uma pérola jurídica anti-sobrecusto e anticorrupção de tão elevadíssima qualidade que já devia ter sido patenteada pelos seus autores.
Reparei também, que acharam boa ideia, os Colegas nela envolvidos, não citar um artigo de 2017 intitulado "Corruption in public projects and megaprojects" de colegas Italianos, que analisou projectos Italianos, Franceses e Espanhóis https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0263786316301090 nem tão pouco o artigo que foi colocado online em Abril do ano passado sob o título "The extent and cost of corruption in transport infrastructure. New evidence from Europe" https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0965856417311199 Quem sabe talvez sejam artigos que não suportam a tese da infalibilidade de códigos miraculosos !
Neste miraculoso contexto, o que significa aquela noticia que dá conta de três arguidos por conta de subornos e incumprimento de contratos da Parque Escolar https://ionline.sapo.pt/635333 será que é coisa que não ocorre ou pelo menos não ocorre com a mesma magnitude somente nos projectos de transportes ?
E o que dizer de artigo do Expresso ontem publicado, que fala de desvios de centenas de milhões e euros em obras públicas e onde até se fala de pagamentos de prémios aos construtores mesmo depois de terem falhado os prazos ?