sábado, 19 de outubro de 2024

Uma nova e pertinente dúvida sobre o maior centro de investigação na área de ciência e engenharia dos materiais da Univ. de Aveiro

 

Na mesma página onde revela com indisfarçável orgulho que até ao momento já gerou 8 spin-offs (post acessível no link supra), o referido maior centro de investigação na área de ciência e engenharia dos materiais (CICECO), revela também que tem um "portfólio de mais de 250 patentes". Contudo esse número, aparentemente "excelente", tem que ser contextualizado no depauperado contexto nacional, em que ao contrário que acontece lá fora, as empresas nacionais fazem muito pouca ou práticamente nenhuma investigação, https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/08/a-prova-inequivoca-da-fraca.html  

Mas muito mais importante do que o número total, é saber qual é efectivamente o valor dessas patentes, sobre o qual nada é dito na referida página do CICECO. Nem sobre o eventual valor económico, nem sequer sobre o seu valor científico, aferido pelas citações que essas patentes possam ter recebido, que são dois indicadores relevantes, para avaliar o valor de uma patente, vide artigo cujos autores, pertencentes a instituições de vários países, analisaram quase 2,5 milhões de patentes: Xu, S., et al. Citations or dollars? Early signals of a firm’s research success. Technological Forecasting and Social Change, 2024, 201: 123208.  

Mas se nada é dito sobre o valor das patentes produzidas no centro CICECO, das duas uma, ou não o conseguem quantificar, o que é difícil de acreditar, até porque há empresas que se dedicam a apurar esse valor, como por exemplo a mediatizada Patent Vector, ou então esse valor é reduzido e é por isso que evitam divulgar essa deslustrosa informação. 

PS - Segundo um artigo muito esclarecedor que foi publicado na prestigiada revista The Economist, a maioria das patentes não tem qualquer valor, sendo apenas lixo intelectual https://pachecotorgal.com/2022/08/31/the-economist-the-inventors-whose-patents-are-worth-billions/ E foi também por essa ponderosa razão que responsáveis da Comissão Europeia mandaram dizer que é muito mais importante criar valor e muito menos patentear propriedade intelectual, relativamente à qual até dizem que há uma obsessão que não é saudável (leia-se doentiahttps://sciencebusiness.net/news/start-ups/ecosystem-forget-patent-protection-think-value-creation