quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

A forma intrigante e muito pouco rigorosa como o jornal Público tentou desvalorizar o grave problema do turismo de saúde



Hoje a imprensa noticia que redes criminosas, cujo "negócio" passa por trazerem para Portugal mulheres grávidas, para poderem ser atendidas em hospitais públicos a custo zero, representando cada parto um custo entre 5000 a 6000 euros para o Estado Português. Vide link supra. 

Faço notar que o objectivo do presente post não é comentar essa noticia, antes utilizá-la como introdução para comentar o facto de recentemente o jornal Público, ter noticiado, de forma pouco rigorosa, o grave problema do referido "turismo de saúde". Nessa noticia, sobre o número de estrangeiros, não residentes, que foram atendidos no SNS, o jornal público, desvalorizou esse grave problema, ao centrar a noticia no número total, porque na verdade o total de 2024 é similar ao de 2022 e inferior ao de 2023, significando isso que os números totais não estão a aumentar, assim tentando passar a ideia (falsa) que o problema não se está a agravar. https://www.publico.pt/2024/12/01/sociedade/noticia/sns-atendeu-100-mil-cidadaos-estrangeiros-nao-residentes-ano-2113957

Porém aquilo que realmente interessa não é o numero total dos estrangeiros não residentes que foram atendidos nos hospitais públicos, porque aqueles estrangeiros não residentes que tem seguro (e são mais de 40.000 por ano) são custeados por esse seguro e não através dos impostos dos contribuintes, ao contrário do que acontece com os estrangeiros, não residentes, que não tem qualquer seguro de saúde e o facto realmente grave é que o número destes cresceu mais de 300% entre 2021 e 2024, pelo que a manter-se a referida taxa de crescimento, teremos para os próximos 5 anos consultas que poderão chegar a mais de 200.000 ano:

  • 2025: 65.409 consultas de estrangeiros não residentes sem seguro de saúde
  • 2026: 93.007
  • 2027: 132.250
  • 2028: 188.051
  • 2029: 267.396

  • Porém isso nem é o pior, porque um simples atendimento não tem um custo elevado, o pior é que estamos a falar de um turismo de saúde, especificamente para tratamentos muito caros, como bem se percebe pela frase que aparece no referido artigo "há doentes estrangeiros que vêm a Portugal apenas para fazerem tratamentos bastantes dispendiosos no SNS", pelo que tendo em conta que há medicamentos e tratamentos que custam milhões de euros, como no caso do tratamento das gémeas que envolveram o Dr. Nuno, filho do Presidente Marcelo, e muitos outros que custam centenas de milhares de euros, mesmo que admitamos apenas um valor médio de 5.000 euros para os tais tratamentos dispendiosos, teremos para os próximos anos as seguintes estimativas de custos de saúde com os tais estrangeiros não residentes sem seguro de saúde:

  • 2025: 325 milhões
  • 2026: 465 milhões
  • 2027: 661 milhões
  • 2028: 940 milhões
  • 2029: 1337 milhões

  • PS - Uma coisa bastante diferente em termos de turismo de saúde, é o facto dos hospitais privados CUF, Hospital da Luz e Lusíadas saúde estarem muito interessados e andarem a promover lá fora este tipo de turismo, mas somente para doentes estrangeiros que tem seguro, que lhes permita pagar as elevadas contas praticadas nos mesmos (por 45 dias de internamento a CUF exige a Betty Grafstein 54.000 euros), mas esse é um mercado muito competitivo, onde os hospitais privados Portugueses só tem conseguido facturar algumas poucas dezenas de milhões de euros, pela simples razão que há por esse mundo fora, muitos hospitais que também querem ganhar dinheiro  https://medicaltourisminportugal.com/