domingo, 9 de novembro de 2025

Uma hipótese explicativa relacionada com o livro mais citado da Academia Portuguesa

No inicio do ano de 2023, o humilde dono deste blogue foi convidado para integrar o conselho editorial da revista científica Case Studies in Construction Materials, que é publicada pela editora Elsevier. A maioria dos membros do referido conselho pertence à China, aos EUA e ao Reino Unido, sendo o único conselheiro a representar o nosso país. 

As várias razões para esse convite só quem o fez as pode saber, mas talvez entre elas se inclua o facto de uma pesquisa na conhecida plataforma Scopus, mostrar que no Top 10 dos artigos mais citados dessa revista, que foram produzidos nos últimos 5 anos, a maioria deles pertencer a uma área, relativamente à qual eu sou o primeiro editor de um livro, que se tornou o mais citado dessa área a nível mundial e também o mais citado, de todas as áreas em Portugal, entre os muitos livros que foram produzidos ao longo da última década. https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/02/o-livro-mais-citado-de-portugal.html

sábado, 8 de novembro de 2025

Um Português com uma fortuna máxima mas com uma estatura moral mínima


"...que no currículo já tinha a desonrosa medalha da fuga ao fisco e de ter feito um acordo para evitar uma acusação de violação, conseguiu ainda a proeza de aceitar receber dinheiro sujo, para ajudar a lavar a imagem de um regime inominável, vide as criticas que na altura lhe foram feitas pela Amnistia Internacional e também as acusações de hipocrisia, que lhe foram feitas cá dentro, por um conhecido médico" https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/03/a-ligacao-entre-um-portugues-hipocrita.html

O trecho supra foi retirado de um post do passado mês de Março e elenca o passado pouco brilhante de um famoso artista do pontapé e da cabeçada. Mas como se esse currículo não fosse já suficientemente mau, o referido artista fez o impensável, tendo ontem sido noticia por conta de ter afirmado publicamente que admira um traste de nome Donald Trump https://sicnoticias.pt/especiais/cristiano-ronaldo/2025-11-07-video-os-elogios-de-ronaldo-a-trump-quero-conhece-lo-gosto-de-pessoas-assim-f87d98c2

Que tipo de pessoa é que pode elogiar e admirar alguém que tem no currículo 91 acusações, incluindo de falsificação, de extorsão e de abuso sexual ? Que tipo de pessoa é que pode elogiar e admirar alguém que está envolvido num escândalo de pedofilia ? Que tipo de pessoa é que pode elogiar e admirar quem se recusa a cumprir uma ordem do tribunal, deixando que crianças americanas passem fome ? Que tipo de pessoa é que pode elogiar e admirar alguém, obcecado em perseguir imigrantes honestos, que ao contrário do famigerado Donal Trump, nunca cometeram qualquer crime? E que tipo de Português, de moral mínima, traindo princípios de solidariedade nacional, pode elogiar e admirar alguém que mandou deportar centenas dos seus próprios compatriotas, que viviam há dezenas de anos no país de Donald Trump, como por exemplo aquela Portuguesa que lá viveu ao longo de quase 60 anos ? https://www.rtp.pt/noticias/mundo/vivia-nos-eua-ha-57-anos-a-historia-de-uma-portuguesa-deportada_v1695582

Declaração de interesses - https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/11/ronaldo-versus-attenborough.html

PS - Em 2019 o supracitado artista de moral mínima foi condenado por um tribunal Espanhol a quase 2 anos de prisão por fraude fiscal e condenado também ao pagamento de uma multa de quase 20 milhões de euros. Infelizmente essa pesada condenação não foi considerada motivo suficiente para que lhe fosse retirada a condecoração que recebeu da Presidência da República, muito embora a Lei das Ordens Honoríficas Portuguesas, refira expressamente, que os condecorados devem manter uma conduta irrepreensível que não "atente contra valores éticos", e que não tenham sido condenados por cometerem crimes ! 

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

O sistema científico nacional está viciado em publicações e isso está a prejudicar as universidades nacionais e a ciência mundial


Como divulguei no post acessível no link supra, em termos de publicações indexadas na base Scopus por milhão de habitantes, em 2009 Portugal ultrapassou a Itália, em 2010 ultrapassou a França, e em 2012 ultrapassou a Alemanha. Logo o país cuja ciência ganhou dezenas de prémios Nobel enquanto Portugal só ganhou um único Nobel há mais de 70 anos. E porém não ficou por aí, em 2021 a vantagem de Portugal sobre a Alemanha subiu para 34% e entretanto essa superioridade alcançou em 2024 uns inacreditáveis 44%. 

Porém e em sentido inverso o número total de publicações indexadas produzidas por investigadores Alemães tem vindo a descer todos os anos desde 2021. E a razão para isso não será certamente falta de competência nem muito menos preguiça. Mais provavelmente estará ligada à denúncia feita por muitos cientistas que o excesso de publicações  a nível mundial está a prejudicar a ciência, vide por exemplo Hanson et al. (2024) ou também o artigo de Horta e Jung (2024)  que constatou não haver investigadores séniores em número suficiente para conseguirem rever tantas publicações, o que leva a que na maior parte das vezes os Editores tenham de convidar jovens investigadores inexperientes, com uma produção cientifica incipiente, que nem sequer chega a meia dúzia de publicações, para fazerem essas revisões. Aliás, se recuarmos ainda mais no tempo, em 2021, Chu & Evans, analisaram 90 milhões de publicações tendo concluído que o referido excesso publicativo é francamente prejudicial à ciência. E nesse mesmo ano um investigador brilhante, Vladen Koltun, titular de um Scopus h-index=87, defendeu até que os investigadores que publicassem em excesso fossem penalizados por isso.

E a supracitada inflação de publicações indexadas ajuda a explicar a queda, ano após ano, no ranking Shanghai por áreas científicas, de todas as universidades Portuguesas, porque só por manifesta ingenuidade científica se poderia esperar que um aumento anormal da quantidade das publicações não levaria inevitavelmente a uma diminuição da sua qualidade (leia-se impacto) e é também por isso que os Alemães optaram por reduzir o número total das suas publicações, apostando antes em conseguir aumentar a "qualidade" das mesmas, ao mesmo tempo que também assim mostram ao mundo a sua vontade de deixar de contribuir para a muito danosa inflação mundial de publicações.  

É claro que como os investigadores nacionais adaptam o seu desempenho aos incentivos institucionais, enquanto não houver mudanças na avaliação de desempenho, que reduzam o anormalmente elevado valor das publicações, e passem a valorizar actividades de revisão e também o impacto científico (o verdadeiro calcanhar de Aquiles da ciência nacional), irão continuar a bater tristes recordes de publicações, mesmo que isso prejudique a competitividade internacional das universidades Portuguesas e a própria ciência mundial. 

Ainda no que respeita ao impacto científico, é pouco rigoroso, pouco científico e até perverso, que nos regulamentos nacionais de avaliação de desempenho, o mesmo seja estimado, de forma indirecta, atrás dos quartis das revistas (leia-se através do seu factor de impacto), pois trata-se de uma opção que foi fortemente desaconselhada por muitos conhecidos investigadores, que denunciaram as manipulações sistemáticas de que o mesmo é alvo, como por exemplo o fizeram os catedráticos Larivière e Sugimoto (2019) ou o supracitado Vladen Koltun, ao invés de ser calculado de forma directa, seja através de citações ou através do h-index, aliás se de há vários anos a esta parte, se tornou prática corrente publicar em Diário da República, editais de concursos públicos para lugares de professores catedráticos, em várias universidades incluindo na UMinho, exigindo valores mínimos de h-index  isso significa que os mesmos já abriram o precedente legal para que a sua utilização se possa também estender aos regulamentos de avaliação de desempenho. 

PS - Curiosamente, há um tipo particular de publicações académicas em relação ao qual Portugal não tem sido capaz de evidenciar um desempenho acima da média: os livros. A pequena Universidade de Oxford consegue produzir, todos os anos, mais livros indexados do que todas as universidades e politécnicos portugueses juntos, públicos e privados.