No dia 1 de Novembro de 2021, no post supra, lamentei o culto da ignorância que dá mais valor ao artista do pontapé e da cabeçada, Cristiano Ronaldo, do que a famosos cientistas, inclusive a alguns cujo trabalho salvou milhões de vidas. Um retrocesso civilizacional !
De lá para cá, o referido artista, que no currículo já tinha a desonrosa medalha da fuga ao fisco e de ter feito um acordo para evitar uma acusação de violação, conseguiu ainda a proeza de aceitar receber dinheiro sujo, para ajudar a lavar a imagem de um regime inominável, vide as criticas que na altura lhe foram feitas pela Amnistia Internacional e também as acusações de hipocrisia, que lhe foram feitas cá dentro, por um conhecido médico que divulguei aqui https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/07/um-louvor-ao-medico-que-hoje-critica-o.html
Compare-se o currículo do referido artista, com o do catedrático Manuel Damásio, o cientista Português que possui a obra científica mais citada a nível mundial https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/09/portugal-os-100-investigadores-mais.html o mesmo Português que há apenas três anos foi convidado para ser o Chair do prémio Berggruen, no valor de 1 milhão de dólares, que anualmente distingue aqueles cujas ideias contribuíram para o avanço da humanidade.
Recordo que um dos galardoados com o prémio Berggruen foi o catedrático Australiano Peter Singer, cuja obra ao contrário do que muitos pensam não se resume ao sofrimento de animais, o que o levou a afirmar que este era o único filme do Planeta que merecia ser visto, mas mais do que isso, também abrange a magna questão da responsabilidade moral perante a pobreza, tendo a organização que ele fundou "The life We Can Save" conseguido mobilizar em donativos, em pouco mais de uma década, mais de 100 milhões de euros.
O outro admirável Australiano que falta nomear neste post é James Harrison, que morreu esta semana, mas que enquanto viveu, a cada duas semanas, ao longo de 64 anos, deu o seu precioso sangue (que continha um anticorpo raro) mais de 1000 vezes, tendo salvo a vida a mais de 2 milhões de crianças. https://www.theguardian.com/australia-news/2025/mar/04/australian-james-harrison-rare-blood-saved-babies-dies-aged-88
PS - Mas ao mesmo que tempo que uns dedicam a sua vida a salvar os outros, os super-ricos deste Planeta trocam conscientemente vidas humanas pelos seus obscenos excessos. Recordo que num post anterior divulguei um estudo de investigadores do Canadá e da Áustria que mostraram que, a emissão de 1.000 toneladas de carbono implica a perda de uma vida — ainda assim, os super-ricos emitem carbono a um ritmo 8.000 vezes superior aos mil milhões de humanos mais pobres. E isso vai muito além da negligência; é um desrespeito calculado e psicopata pela vida humana.