Na secção de economia do Expresso de hoje, o conhecido ex-Ministro do PSD, Luís Mira Amaral, escreve coisas estranhas e (até absurdamente insensíveis), como quando escreve que não há nenhuma emergência climática e que o melhor cenário, seria uma subida suave do custo das emissões de dióxido de carbono, que atingisse 100 euros/tonelada somente em 2050, mesmo que isso implique um aumento de temperatura de 3.5 ºC.
Mas se agora, que vivemos num Planeta onde a temperatura média aumentou ainda apenas 1.2 ºC acima da temperatura pré-industrial, já temos de conviver com incêndios de proporções avassaladoras inclusive em zonas tão improváveis (e tão problemáticas) como o Alasca, com inundações-relâmpago, como aquelas que no passado atingiram a Alemanha, e ainda com aumentos de temperatura de 40 ºC na Antártica imagine-se então quais seriam as consequências de uma subida da temperatura média de 3.5 ºC.
A própria revista The Economist, que não é propriamente uma revista dirigida por ambientalistas fanáticos avisou há poucos meses que uma subida de 3 ºC na temperatura média será um desastre, havendo cidades, que nessa altura, irão sofrer um aumento de temperatura de 4 ºC, inclusive na Europa, que em Agosto de 2021 já tinha batido um recorde de temperatura com um valor assombroso de quase 50 ºC que teve lugar na Itália.
Especialmente grotesco é que o Ex-Ministro Mira Amaral defenda um cenário climático cujas gravosas consequências ele não terá que suportar (pois é altamente improvável que esteja vivo em 2050) e mais ainda quando aqueles que terão que suportar a parte pior dessas consequências são precisamente aqueles que vivem em países pobres e logo com menos capacidade para as suportar https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/10/pessimo-futuro-para-os-140-milhoes-de.html Se não é sadismo é no mínimo grave insensibilidade !
O que ele poderia ter feito era ter defendido a proposta do Catedrático Luís Cabral da Universidade de Nova Iorque, com vista a substituir a contribuição para a segurança social por um imposto sobre o dióxido de carbono, um aumento do IVA e principalmente uma melhoria da cobrança dos impostos ao nível dos contribuintes mais ricos.
E já agora também podia ter criticado, como eu já o tinha feito aqui, que numa altura em que se querem reduzir as emissões de dióxido de carbono, que se gaste dinheiro dos contribuintes, a promover actividades desportivas que são responsáveis pela emissão de milhões de toneladas de carbono. Faz por isso sentido perguntar, será que o ex-Ministro do PSD também foi atacado por aquela "doença" que também parece ter atacado a ex-Ministra Manuela Ferreira Leite ?