quarta-feira, 1 de junho de 2022

Quando é que a Academia deixa de se concentrar naquilo que a indústria já faz e passa a concentrar os seus esforços naquilo que a indústria não quer ou não pode fazer ?

https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/10/universities-should-stop-producing.html

Ainda sobre as declarações polémicas do catedrático jubilado Terry Young, em Outubro do ano passado, que foram comentadas no post acima, é sem grande surpresa que ontem no jornal Público foi possível ler o cientista (altamente citado), e catedrático Mário Figueiredo do IST afirmar que “o valor mudou do acesso à informação para a procura e curadoria 

É por isso mais que evidente que se a indústria não faz revisão de artigos então a academia deve passar a valorizar essa actividade, para tentar resolver um problema que nos últimos anos se tem vindo a agravar, para evitar que o crescente dilúvio de publicações esteja na origem de investigações redundantes (e também para lidar com aquele grave problema que foi mencionado na revista The Economist em 30 de Maio de 2020). É por isso também mais que evidente que se a indústria não produz livros científicos, que esse output deve ser mais valorizado na Academia, até mais do que a produção de artigos relativos a estudos experimentais, em que a indústria mostra não só grande dinamismo como ainda crescente preponderância, pois recorde-se que há três anos atrás apenas 200 empresas já eram responsáveis por 40% da investigação a nível mundial o que significa que a médio prazo as empresas acabarão inevitavelmente por dominar a investigação tecnológica neste Planeta, ou pelo menos aquela investigação de onde se podem retirar elevados lucros. 

Há alguns anos atrás já tinha criticado a acefalia da Academia se concentrar (cada vez mais) em querer fazer o que se faz na indústria, o que no mínimo dos mínimos revela grave desorientação estratégica e no máximo pode até contribuir para encolher de forma substancial (e grave) o prestigio intrínseco da Academia e da sua natural e superior missão:

PS - Indirectamente sobre este tema revisite-se também o post publicado no passado dia 25 de Abril do corrente ano e um outro (bastante mais explicito) de 19 de Novembro de 2019