From: F. Pacheco Torgal
Sent: quarta-feira, 19 de Abril de 2017 19:34
Subject: Avaliação dos laboratórios associados__Declarações do Presidente da FCT no parlamento
Um assessor de um grupo parlamentar enviou-me hoje ao fim da tarde um email com o seguinte esclarecimento:
"O presidente da FCT, professor doutor Paulo Ferrão, esteve em audição na Comissão de Educação e Ciência ontem, dia 18 de abril, e perguntado sobre essa situação respondeu, por duas vezes e sem deixar margens para dúvidas, que os Laboratórios Associados seriam avaliados como centros de investigação que são e que, posteriormente, seriam ainda avaliados para receberem “o selo” de laboratórios associados ou laboratórios de excelência pelo que não se confirma o que se poderia deduzir do que está publicado no site da FCT. A audição foi gravada pelo que poderá ser vista aqui: http://www.canal.
Na parte da manhã já um deputado da actual maioria me tinha enviado um email, que abaixo integralmente se reproduz, onde o nome do mesmo entendi pertinente apagar, dizendo também que ao contrário do que está plasmado no PRAFU o Presidente da FCT foi ontem garantir ao Parlamento que haverá avaliação conjunta dos laboratórios associados e das restantes unidades do SCTN. Aquele deputado não se pronuncia porém sobre algo que designa como o papel dos mesmos em relação às necessidades públicas. Linguagem cifrada ou no mínimo pouco clara que parece esquecer que não se pode simultaneamente avaliar e não tirar consequências dessa avaliação. Se os LA forem avaliados conjuntamente com as outras unidades e alguns deles tiverem uma classificação inferior à de outras unidades não faz qualquer sentido dizer que irão manter o seu estatuto e ganhar por portas travessas o financiamento que perderam devido a essa baixa classificação. O MCTES via FCT até pode decidir beneficiar de forma razoável unidades que tenham um desempenho extraordinário, pois ao contrário do que muitos pensam o esforço merece ser devidamente recompensado, aquilo que não pode é dizer à partida que quem já foi muito beneficiado no passado irá continuar a sê-lo independentemente do resultado da avaliação. O actual MCTES fez em mal em recusar a anterior avaliação quando mais não fosse porque assim criou um perigoso precedente que irá permitir a um eventual futuro Governo utilizá-lo estratégicamente para também poder rejeitar a presente avaliação ou outra de forma discricionária. Um país que dificilmente consegue atrair reputados investigadores dificilmente se pode dar ao luxo de perder os poucos que ainda têm devido a um quadro de permanente instabilidade. Assim sendo convém que a avaliação que agora se vai iniciar seja cristalina e absolutamente inatacável. Como é por demais evidente a comunidade científica precisa e merece regras estáveis e não pode por isso estar sujeita aos humores de nenhum Governo, este ou qualquer outro. Não que a comunidade científica se arrogue um estatuto acima daquele legitimado pela vontade popular mas porque é a última depositária de importantes valores que sustentam a República e que (alguma) classe política que está no Parlamento menos para servir e mais para se servir a si própria, há muito esqueceu e ou até renegou.