quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Porque serão os engenheiros tão avarentos e os economistas tão generosos ?

 


O doutorado Nuno Eduardo da Silva Ivo Gonçalves, conhecido docente do ensino superior, foi há poucos dias atrás autor de um "curioso" artigo, acessível no link supra, onde fala de um "processo de atribuição dos títulos profissionais de Economista Sénior e de Economista Conselheiro" e onde a certa altura se pode ler a surpreendente frase "Ou seja, António Mendonça não nos pedia que nos candidatássemos, enviava-nos um convite directo para membro conselheiro e pedia-nos uma nota curricular. Tratava-se portanto de uma passagem administrativa". 

Para quem não saiba, o supracitado Bastonário da Ordem dos Economistas, António Mendonça, é professor catedrático no ISEG e uma pesquisa na base Scopus, revela que possui 5 (cinco) publicações científicas indexadas, que foram produzidas ao longo dos últimos 16 (dezasseis) anos e que receberam até ao momento 17 (dezassete) citações (h-index=3). https://www.scopus.com/authid/detail.uri?authorId=36883916100

Intrigante é que, comparando o número total de membros da Ordem dos Economistas e das largas centenas de Economistas Conselheiros, com os valores equivalentes existentes na Ordem dos Engenheiros, chega-se à conclusão que o rácio de Engenheiros Conselheiros é aproximadamente 20 (vinte) vezes inferior ao de Economistas Conselheiros. Pelo que faz todo o sentido questionar, porque será que a Engenharia Portuguesa é assim tão avara ?

E será que afinal a famosa piada, segundo a qual, os economistas foram criados para dar credibilidade às previsões dos meteorologistas, irá ser substituída por uma nova versão, que dita que, os economistas foram criados para mostrar a avareza dos engenheiros ?

Ironias à parte, não posso em boa consciência, deixar de lamentar bastante que o catedrático, Francisco Louçã, cuja obra científica é muitíssimo mais citada do que a do Bastonário António Mendonça e que eu próprio admito que já citei em 2016 (leia-se o artigo "The elusive concept of innovation for Schumpeter, Marschak and the early econometricians") no capítulo introdutório deste livro https://shop.elsevier.com/books/start-up-creation/torgal/978-0-08-100546-0 não possua currículo mínimo, suficiente, para fazer parte da tal lista de largas centenas de ilustríssimos de Economistas Conselheiros, autores de análises e estudos económicos, verdadeiramente extraordinários, que muito ajudaram a alcançar o sobejamente conhecido milagre económico Português, que é o de exportar jovens Portugueses para os países do Norte da Europa. E o mais intrigante é que nem sequer lá aparece o nome daquele catedrático de economia, da universidade do Minho, Luís Aguiar-Conraria, cuja obra científica até já foi citada por vencedores do Nobel da Economia

No contexto supracitado e tendo em conta, que como escrevi no passado dia 24 de Novembro, reconheço "elevada sapiência e invulgar sensatez", https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/11/vital-moreira-versus-pacheco-torgal.html às opiniões do catedrático jubilado Vital Moreira, não resisto a reproduzir um excerto de um post que ele colocou no seu blogue, no dia 22 de Junho de 2022: "A mais ridícula ordem profissional é, a meu ver, a Ordem dos Economistas...visto ser evidente que não há nenhuma "falha de mercado" nesse setor de serviços...É um escandaloso caso de "desvio do poder" legislativo..."

Declaração de interesses - Declaro que esta foi a primeira vez que escrevi sobre a (inócua mas muitíssimo generosa) Ordem dos Economistas, pois como fazem prova, dezenas de posts anteriores, prefiro muitíssimo mais, dedicar o meu tempo, a denunciar aquilo que de de absolutamente inacreditável, se passa na Ordem dos Advogados e na Ordem dos Médicos https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/05/ordem-dos-engenheiros-novamente-na.html

PS - Ainda sobre engenharia e engenheiros, hoje na capa do jornal Público pode ler-se "O IPDJ contratou para prestar serviços de engenharia o filho de um antigo deputado do PS, que não era engenheiro"Porém em nome do rigor que deve pautar o comportamento de qualquer profissional, é bom que se diga toda a verdade, isto é que na página 12 do mesmo jornal se pode ler que, "mais de quatro anos passados, L. Junqueiro aparece inscrito na Ordem dos Engenheiros como engenheiro civil estagiário", o que faz prova bastante que o jornalista do Público foi maldoso e devia antes ter escrito "O IPDJ contratou para prestar serviços de engenharia o filho de um antigo deputado do PS, que não era engenheiro, mas que sabia, que estava escrito nas estrelas, que um dia iria ser engenheiro"