terça-feira, 17 de setembro de 2024

Do sonho à realidade: A fraca produtividade científica nas Faculdades de Direito



Ainda na sequência do post anterior, sobre os bizarros sonhos de uma professora da universidade Nova, que não gosta de revistas científicas (link supra), talvez porque não consegue publicar nas mesmas, aproveito para recordar que eu sei alguma coisa sobre a produtividade científica das escolas de Direito Portuguesas, a que dediquei o meu tempo em Agosto de 2018. Informação essa que então partilhei com alguns milhares de Colegas, e um dos que me respondeu, foi um catedrático de Direito da Universidade Nova de Lisboa, António Manuel Hespanha (foto supra), entretanto já falecido. Vide email no final deste post.

Acresce porém que eu nem preciso desse facto para sustentar as minhas criticas, basta atentar no teor dos relatórios dos revisores internacionais, que levaram a cabo a última avaliação de todas as unidades de investigação. O painél de revisores que avaliou as unidades da área de Direito, mencionou dezenas de vezes, a importância da publicação em revistas internacionais indexadas e não em revistas caseiras. Mas pelos vistos, mesmo assim, parece que houve quem não conseguido perceber essa mensagem, quem sabe talvez na próxima avaliação, eles tenham de chegar ao extremo de fazer um desenho.

PS - O catedrático António Manuel Hespanha, foi um dos investigadores Portugueses da área do Direito, com uma obra altamente citada, o seu perfil no Google Scholar, revela um total de citações superior a 15.000. Em termos comparativos, os catedráticos Jorge Reis Novais, da Universidade de Lisboa e o Paulo Mota Pinto, da Universidade de Coimbra, possuem menos de 4000 citações, e muitos outros professores catedráticos e professores associados (como a tal supracitada) possuem um desempenho muitíssimo inferior aqueles.



De: António Manuel Hespanha 
Enviado: 23 de Agosto de 2018 21:59
Para: F. Pacheco Torgal
Assunto: Produtividade das Faculdades de Direito

Caro Colega.
Muito interessantes estes números. Isto confirma justamente a minha ideia sobre a pobre produção científica das FDs, que conheço muito bem. Gostava muito de ter os mesmos relativos a Espanha, Itália, França e Alemanha, para testar a hipótese sobre as virtualidades explicativas dos modelos continental e anglo-saxónico do Direito. Não creio que as coisas vão por aí. Embora, nos países que conheço, as FDs não primem pela produção científica, pelo menos nos moldes em que a avaliamos hoje, suspeito que as nossas FDs estejam muito abaixo das suas congéneres de países de referência no continente. Seria possível colher esses números para os países que indico ? 
Muto obrigado.
António Manuel Hespanha