quinta-feira, 3 de outubro de 2024

As "lacunas cognitivas" de um catedrático


"Fabricar um carro convencional consome cerca de 30 quilogramas (kg) de minérios: cerca de 20kg de cobre e 10 de peróxido de manganês. Já produzir um carro elétrico consome mais de 200 kg de minérios, com cerca de 70kg de grafite e 55 kg de cobre à cabeça."

A estranha contabilidade "mineral" acima reproduzida diz respeito a um artigo do conhecido catedrático de economia Ricardo Reis,  que foi publicado no Expresso. Porém como lá faltam muitos metais nomeadamente e desde logo o aço e o alumínio, pode admitir-se que ele pretendia contabilizar somente aqueles de maior custo, mas mesmo nessa hipótese, ainda ficam a faltar na referida contabilidade vários minerais, seja no fabrico dos carros convencionais, seja também para os carros elétricos. 

O objectivo do artigo desse artigo era mostrar que a China domina a nível mundial o mercado de minerais necessários à descarbonização, por conta de ter passado as ultimas décadas a abrir minas, naquele país e na África e nele lamenta-se o catedrático, que na Europa é quase impossível abrir uma mina e demora pelo menos dez a quinze anos a fazê-lo. 

Mas também aqui o catedrático Ricardo Reis falha, pois parece que ignora a razão porque a Europa dificulta a abertura de minas. Talvez ele desconheça que a industria mineira deixa atrás de si um rasto de destruição e contaminação e em Portugal há provas bem evidentes disso mesmo, vide estudo sobre uma localidade Portuguesa localizada próxima de uma mina com níveis de contaminação 2000% superiores aos admissíveis https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/contaminacao-de-mina-excede-em-2000.html Acresce ainda que um estudo recente provou que a perigosidade dos resíduos de minas pode afectar não só localidades próximas mas também aquelas localizadas a dezenas de quilómetros de distância https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/07/cencia-confirma-elevada-perigosidade-de.html

Lamentável é também que sendo ele catedrático de economia não tenha escrito, certamente porque se esqueceu (ou talvez porque ignora) que a descarbonização por via da reabilitação energética de edificios é muitíssimo mais barata do que a descarbonização, por via da electrificação, do sector rodoviário. Vide artigo publicado na revista The Economist https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/03/the-economistwhats-cheapest-way-to-cut_8.html

Declaração de interesses - Declaro que sou o primeiro editor de um livro, conjuntamente com vários catedráticos estrangeiros, sobre materiais para a reabilitação energética de edificios, cuja segunda edição será publicada no inicio de 2025 https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/06/cambridge-university-how-to-achieve-net.html