domingo, 1 de maio de 2022

Os diplomados pelo Imperial College que nunca puseram um pé no Imperial College

 

É bastante curiosa a forma como funciona a "psicologia" dos governantes da Alemanha, que ao invés de tentarem sensibilizar os Alemães para pouparem energia, para assim reduzirem o montante de dinheiro que enviam para a Rússia e dessa forma ajudarem indirectamente a Ucrânia, acham que os habitantes daquele país são muitíssimo mais receptivos a esse "sacrifício energético" se ele for feito para irritar o cobarde psicopata Bloodymir Putin ! 

Seja como for e tendo em conta que, seja para irritar o cobarde psicopata Putin seja para ajudar a Ucrânia, o facto é que esta imperiosa necessidade de restrição energética e da implícita minimização de viagens, implica que de certa forma estamos (muito ironicamente) quase de volta ao conhecido paradigma pandémico, em que se incentivou o teletrabalho

Nesse contexto, é importante ter presente uma recente e interessante entrevista que o Jeff Maggioncalda deu ao jornal Público, na sua qualidade de CEO da Coursera, a conhecida plataforma de ensino online, a quem o Covid-19 ajudou a duplicar o número de utilizadores para quase 80 milhões. Tenha-se aliás presente que 80 milhões de alunos, equivale a mais do dobro de todos os estudantes que frequentam o ensino superior na Europa e nos EUA. 

É evidente que a Coursera e outras plataformas de ensino online, não tem hipótese de competir com as instituições de ensino superior, em formações como a medicina ou que requerem formação em contexto de laboratório, mas ainda assim são uma alternativa de baixo custo (e principalmente de baixo impacto carbónico) para muitas formações, principalmente naquelas formações obtidas em conjunto com conhecidas universidades, como por exemplo o Imperial College e no diploma nem sequer irá aparecer que a formação foi feita na Coursera, mas apenas na tal conhecida universidade: 
"O diploma é universitário e não faz qualquer referência à Coursera. O teu empregador nunca saberá pelo diploma que fizeste o teu curso de machine learning do Imperial College através da nossa plataforma online. Os diplomas são iguais aos de quem faz o curso num campus e não há distinção" https://www.publico.pt/2022/04/26/economia/entrevista/nao-voltaremos-mundo-so-campus-garante-diploma-2003369 

É também evidente, que se o ensino superior nos Estados Unidos, já perdeu mais de um milhão de alunos, isso também se fica a dever à existência plataformas de ensino online, como a supracitada Coursera, que afirma no seu último relatório possuir 17 milhões de utilizadores naquele país, e cuja formação possui obviamente um custo muito inferior ao custo de um curso universitário clássico. Resulta igualmente daqui, que naqueles países, como a Finlândia, onde não há lugar ao pagamento de propinas, que a penetração das referidas plataformas terá bastante menos sucesso. 

PS - Por último e não menos importante, é tentar perceber como é que o facto de muito em breve "as tecnologias de Inteligência Artificial disponibilizarem a cada um de nós o acesso ao equivalente a 100 especialistas humanos" irá alterar o paradigma da formação universitária, que assentava e paradoxalmente ainda continua a assentar na formação de especialistas (leia-se fachidiot e revisite-se também o decorrente conceito de utilitarismo científico), apesar de algumas tímidas embora tardias "inovações" (ditas) pedagógicas ?