sábado, 16 de julho de 2022

Obrigar os doutorados a prestar um juramento de integridade científica



Há pouco tempo atrás, vide post no link acima, elogiei a França por ser o país onde a justiça é corajosa e implacável (o que também significa que os catedráticos de Direito Penal daquele país não tem ilusões sobre a maldade humana) ao ponto de exigir que um ex-Primeiro-Ministro, que colocou os seus interesses pessoais à frente dos interesses públicos que jurou defender, fosse implacavelmente condenado a uma pena de cadeia efectiva  (o que é quase o mesmo que dizer que arrisca ser premiado na lotaria das violações anais que ocorrem em muitos estabelecimentos prisionais europeus e dos EUA e não só nas prisões da África do Sul, como recentemente se ficou a saber pelo caso do ex-Banqueiro Rendeiro)  e agora também não me resta outra alternativa, que não seja a de voltar a elogiar a França por conta da sua recente (e quase revolucionária) decisão de obrigar a que os novos doutorados tenham de prestar um juramento de integridade científica no dia da defesa da sua tese https://www.science.org/content/article/france-will-require-ph-d-s-take-research-ethics-oath 

Não que eu tenha qualquer ilusão sobre as consequências "milagrosas" de um tal juramento, mas ainda assim e mesmo que o referido juramento não consiga diminuir o número daqueles cientistas com uma ética muito rasteira https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/11/um-cientista-de-etica-muito-rasteira-e_2.html cuja existência também se fica a dever a razões, que foram analisadas num artigo que recebeu centenas de citações e cujo primeiro autor é um engenheiro civil (embora esse seja um problema residual nessa área científica mas seja particularmente agudo em áreas científicas como as ciências biomédicas)  pode ainda assim, pelo menos ajudar a colocar mais "pressão" sobre os mesmos, contribuindo assim para reduzir o seu sentimento de impunidade absoluta. 

PS - Neste contexto, também seria benéfico que as bases de dados indexadas tomassem a decisão de separar os artigos "despublicados" por conta de uma tipologia que hierarquizasse a gravidade do motivo ligado a essa "despublicação", como anteriormente já tinha sugerido, nos dois posts abaixo de Maio e Junho, para que não se misturem razões graves com razões inócuas que não prejudicam a ciência, assim contribuindo para branquear as primeiras, o que seria equivalente, passe o paralelo e o desconto das devidas distâncias, a colocar no mesmo saco o abuso sexual de uma criança e uma infracção por conta de um veículo mal estacionado: