domingo, 23 de junho de 2024

O inacreditável milagre socialista ou a mistificação que até foi apoiada pela FCT ?

 

No dia 14 de Fevereiro de 2017 (muito antes de ter criado o meu primeiro blogue no final de 2019) enviei para uma mailing list de vários milhares de investigadores, um email com o título "Os intrigantes números de uma recente iniciativa da FCT". Nesse email critiquei alguns números que me pareciam muito desligados da realidade, nomeadamente a afirmação segundo a qual "Desde de 2007 foram criadas mais de 300.000 novas start-ups", pelo que reproduzo abaixo um comentário que na altura produzi sobre essa alucinada afirmação:

"Até podem ter sido criadas 300.000 novas empresas desde 2007 e até podem chamar start-ups a cabeleireiros, oficinas de bate-chapa, cafés, restaurantes, bares e similares (Note-se que o sector do alojamento e restauração foi o terceiro com mais empresas criadas.) mas o facto inescapável é que a esmagadora maioria destas respeitam a emprego não tecnológico e pouco qualificado não se percebendo por isso porque é que a Fundação da Ciência e Tecnologia se associa à criação desses negócios"

Se por hipótese absurda, algum dia Portugal, tivesse tido 300.000 startups, isso significaria um rácio de 30.000/milhão de habitantes, o que tornaria o nosso país país campeão, não só na Europa, mas também em todo o Planeta. No entanto, a dura e crua verdade dos factos é que o país europeu com o maior rácio da Europa, possui um rácio de 1107/milhão habitantes. Estonia has the highest startup density of any European country (1107 start-ups per 1M inhabitants), followed by Iceland and Ireland.

E a prova que o número referido de 30.000 startups/milhão de habitantes era manifestamente absurdo (e não se percebe de todo porque foi divulgado pela FCT), foi feita agora, na secção de Economia do Expresso, num artigo na página 29 com o título "A lei das startups um ano depois", onde se afirma que existem em Portugal aproximadamente 4000 startups, o que corresponde a um rácio de 400/milhão de habitantes.