O extracto acima diz respeito a um trecho de um artigo publicado ontem na revista científica Higher Education editada pela Springer. Nele o autor do artigo afirma (com uma estranha certeza quase científica) que os projectos de investigação, com impacto definido à partida, estão a dar cabo da serendipidade, trata-se contudo de uma pessimista opinião que não é partilhada por outros autores como a Samantha Copeland ou o Alistair McCulloch.
Coisa diferente seria, se o autor do artigo supracitado, tivesse escrito que a probabilidade da ocorrência da serendipidade na ciência, não acontece com semelhante probabilidade para todos os cientistas, nem sequer totalmente por acaso, como reza a definição supra, vide artigo de investigadores da Noruega e da Finlândia "The ability to recognise the value of serendipitously encountered information relies on a previous understanding or interest in the topic...Serendipity prone people tend to have a more invitational and elastic attention span".https://trepo.tuni.fi/bitstream/handle/10024/137176/Serendipity_as_chaos_or_discovery.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Muito mais discutível é porém o facto do referido autor depois ainda ter ido ao ponto de ligar essa argumentação a uma alegada diminuição e até paralisia do progresso científico, apoiando-se para isso em artigos como aquele do Theodore Modis, publicado na revista Technological Forecasting and Social Change, colocado online em 2 de Janeiro e que recordo eu mencionei num post do final de Janeiro deste ano https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2022/01/entropia-complexidade-singularidade-e.html
PS - Em termos de contributo para o fomento da serendipidade na academia recordo um post anterior com o título "As interacções como princípio existencial" e também um outro anterior aquele com o ainda mais interessante título de "A anarquia como estratégia de organização da ciência no século XXI" https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2022/05/a-anarquia-como-estrategia-de_31.html