sábado, 20 de abril de 2024

Até quando aguentarão os catedráticos este permanente enxovalho público ?

 


Corria o ano de 2020, quando a revista Sábado divulgou um artigo choque, que eu na altura divulguei e comentei no post acessível no link supra, acerca dos luxos remuneratórios que se praticavam no Banco de Portugal, incluindo várias outras regalias, como empréstimos com juros muito reduzidosContudo nessa altura ainda havia a "desculpa" de se poder dizer que esse escândalo remuneratório, era de certa forma mitigado pelo facto do Banco de Portugal apresentar contas anuais positivas, que permitiam pagar à República Portuguesa uma parte dos "lucros". 

Sucede porém, que como foi possível ler ontem na secção de Economia do Expresso, o Banco de Portugal apresentou um prejuízo de 1054 milhões de euros, pelo que faz assim todo o sentido questionar, fará algum sentido que uma instituição Portuguesa, com um défice superior a mil milhões de euros, possa pagar salários médios mensais de 6000 euros (além de outras regalias), que fazem com que a conta anual com vencimentos seja de quase  200 milhões de euros ?

Tenha-se presente que um salário mensal de 6000 euros é superior aquilo que recebe um catedrático que esteja no último escalão, escalão esse onde a maioria dos catedráticos não consegue sequer chegar, uma situação indigna que não pode deixar de constituir-se com um permanente enxovalho público daqueles e por arrasto de toda a Academia, que não é alheio ao facto dos professores universitários (e investigadores) terem nos últimos anos assistido à evaporação de 25% do seu nível remuneratório https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/04/a-peticao-pela-valorizacao-dos-salarios.html

PS - Depois que o Tribunal da Relação se pronunciou sobre o processo Influencer, defendendo que a prova produzida não contém indícios do crime de tráfico de influências, houve muitos inomináveis hipócritas que se apressaram a tentar crucificar o Ministério Público, desde logo e como não podia deixar de ser o inqualificável José Sócrates. Esses devem achar perfeitamente inocente o facto de Vítor Escária (que já tinha no currículo 83 citações num processo de corrupção e fraude, quando foi convidado por António Costa para ser seu Chefe de Gabinete) ter uma estante cheia de envelopes com dezenas de milhares de euros. 

Neste contexto torna-se assim importante recordar que nos últimos 50 anos a justiça condenou um único politico por tráfico de influências. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/10/lucrar-atraves-do-trafico-de-influencias.html  Há assim duas hipóteses para tentar explicar esse exíguo e bizarro acontecimento. Ou os políticos Portugueses são os mais honestos e íntegros de toda a Europa e quiçá do mundo (acredita nisso quem é débil mental) ou nos últimos 50 anos o PS e o PSD legislaram de forma que a fosse praticamente impossível criminalizar um político pelo crime de tráfico de influências.  

Recordo também que há poucos meses um corajoso Procurador Geral Adjunto Jubilado, que por diversas vezes mencionei nos meus blogues,  escreveu que a punição das acções criminosas levadas a cabo pelas elites deste país, nunca se alcançará, enquanto não houver no nosso país instrumentos legais, que sejam capazes de tornar a justiça eficaz e dissuasória. https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/12/procurador-geral-adjunto-jubilado-acusa.html

Para terminar, recordo ainda que há poucos meses num post de título "O que é que falta a Portugal para conseguir ser como a rica Suécia ?" escrevi que tinha entrado em vigor naquele rico país Nórdico, uma estratégia nacional para combater o crime organizado, que inclui a redução de penas dos criminosos que colaborarem com a justiça, a famosa delação premiada. Também aqui Portugal necessita de copiar a Suécia, pois já há muito que se sabe que a delação premiada é uma das formas de combate mais eficaz contra o crime organizado, não sou eu que o digo, é isso que aparece escrito numa tese de Direito Penal que foi orientada pelo conhecido Catedrático Germano Marques da Silva.