Um catedrático de uma universidade dos EUA, autor de artigos altamente citados, indexados na Scopus (um deles já recebeu mais de 5000 citações), publicou há poucos dias atrás um artigo interessante, onde defende as vantagens da adopção de uma orientação epistemológica, que denomina de, Holistic Action Research and Design Science - HARDS.
Nesse artigo ele tenta mostrar que foi a utilização de princípios HARDS que ajudaram a catapultar Isaac Newton para o seu sucesso (científico e económico) e ainda que foi a ausência deles que ajuda a explicar a tragédia de Charles Darwin, que no tempo da sua vida, teve pouco reconhecimento científico por conta da sua revolucionária teoria da evolução e nem sequer obteve qualquer compensação financeira por conta dela, que poderia facilmente ter obtido se tivesse seguido os referidos princípios. https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0268401224001142#sec0035
Um aspecto, que parece porém não ter sido tido em consideração no artigo referido, é que tanto Isaac Newton como Charles Darwin, viveram ambos em tempos cujos desafios mundiais, eram bastante diferentes daqueles em que vivem os investigadores no século XXI, desde logo não existiu naquelas épocas a germinação de um apocalipse climático, a que paradoxalmente e quase a raiar inconsciência absoluta a sociedade actual atribui muito pouca importância. E como se isso não bastasse, enquanto que os cientistas naquelas épocas faziam parte de uma elite, agora constituem "mão de obra" bastante barata, que neste infeliz país, nem sequer possuem a compensação de uma valorização social mínima, vide post de 9 de Agosto de 2023, de título "A deplorável lista do Expresso que elegeu os fabulosos 100 Portugueses que "marcaram e vão marcar o país e o mundo" https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/08/a-deploravel-lista-do-expresso-que.html
PS - Os supracitados Isaac Newton e Charles Darwin, foram homenageados pelos Britânicos, na Abadia de Westminster, o mesmo sucedendo a outros cientistas ilustres. Compare-se isso com aquilo que se passa no Panteão Nacional, onde existe um elevado número de políticos, vários escritores e poetas, e até uma fadista e um futebolista, mas não há porém um único cientista. Mas será possível que nunca tenha havido em Portugal alguém ligado à ciência, que merecesse fazer parte do referido grupo ou será pelo contrário, que essa ausência é a prova inequívoca do muito pouco respeito que Portugal tem pela ciência ?
Aditamento em 6 de Janeiro - Hoje no jornal Público, Arlindo Oliveira, catedrático e Presidente do INESC, enumera algumas das causas do atraso de Portugal, colocando em terceiro lugar a saída de talento para o estrangeiro. Sobre este tema crucial, recordo que em vários posts anteriores alertei para a necessidade imperiosa de estancar essa fuga de talento, nomeadamente no post de título "Definição de "Outstanding Achievement" segundo o maior centro de investigação na área de ciência e engenharia dos materiais", uma coisa é certa, a saída de talento científico, também se fica a dever ao pouco respeito que os vários Governos deste país tem mostrado pelos cientistas, e que foi mencionado no texto supra.