sábado, 12 de julho de 2025

A proposta do Governo para combater um cancro académico altamente agressivo

“As unidades orgânicas que não tenham pelo menos 40% de docentes e investigadores de carreira licenciados ou doutorados noutra instituição de educação superior ficam impedidas de contratar, independentemente do tipo de vínculo, nos três anos subsequentes à obtenção do grau de doutor, como docentes ou investigadores, doutorados que nela tenham obtido todos os seus graus”.
O texto supra constitui a mais recente proposta do XXV Governo da República para combater o cancro da endogamia académica, que faz de Portugal um miserável recordista europeu. Essa proposta sendo bastante louvável, porque representa a primeira medida contra o cancro da endogamia nos últimos 50 anos, é ainda assim bastante modesta (pelas minhas "contas" vai afectar menos de 50 unidades orgânicas, em situação muitíssimo grave, mas irá deixar fora várias unidades orgânicas em situação grave), porque levará muitos anos até que consiga ajudar a baixar a vergonhosa percentagem média da endogamia académica nacional, de quase 70% para valores próximos daqueles (abaixo de 10%) que existem nas melhores universidades deste Planeta. Ainda assim é pouco provável que seja aprovada porque como escrevi anteriormente “afronta os catedráticos e catedráticas, donos da Academia, cujo grande sonho de vida, é poderem ser sucedidos nesse cargo pelos seus filhos e filhas”  https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/12/endogamia-academica-ministro-propoe-que.html
PS – Sobre endogamia académica vale a pena revisitar o post de título “Endogamia académica e viciação concursal”, sobre uma petição na qual fui o primeiro signatário, há quase dez anos atrás, mais precisamente em 8 de Dezembro de 2015 https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/06/endogamia-academica-e-viciacao-concursal.html