quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Catedrático reafirma que Reitor lhe terá dito que todos os concursos para professores universitários são combinados


"...jamais esquecerei o que uma vez me disse o reitor... de uma universidade pública ...: “Não sabe V. Ex.ª que os júris estão todos combinados?”

O extrato supra foi retirado da página 3 do jornal Público, da edição do sábado passado, de um artigo com autoria de um catedrático da universidade Nova de Lisboa. O mais inacreditável é que já não é a primeira vez que ele faz essa confissão, já a tinha feito em 2021, e nessa altura não apareceu nenhum Reitor ou responsável Governativo para o desmentir. E agora também não, pelo que só resta concluir que o silêncio daqueles constitui uma admissão tácita. 

O que é irónico é que desde que o Ministro Manuel Heitor, durante o mandato do Governo socialista de António Costa, autorizou que as universidades pudessem abrir concursos internos (leia-se aconchegados) a que só podem concorrer os da casa, os jurados catedráticos agora já não precisam de viciar o concurso, para conseguir que o vencedor seja sempre um candidato caseiro. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/10/ensino-superiorconcursos-revelia-da-lei.html

E agora que as universidades conseguiram, pela mão da Ministra Elvira Fortunato, também num inqualificável Governo socialista, algo absolutamente impensável, o de alcançar uma velha e mal disfarçada ambição (que em 2020 critiquei no post de título "Supino descaramento catedrático"), a de poder selecionar os investigadores dos programas FCT-tenure, é muito provável que também nesses concursos as regras passem a ser as das combinações prévias, ao contrário do que acontecia nos concursos investigador-FCT e CEEC, onde os catedráticos Portugueses estavam proibidos de participar e de favorecer qualquer candidato, sendo os jurados desses concursos constituídos a 100% por peritos estrangeiros vide denúncia feita no final do post https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/12/endogamia-academica-ministro-propoe-que.html 

PS - Sobre concursos combinados reproduzo abaixo três questões que coloquei no final de um post de 2020: 
1 - será que um Professor que participa activamente na viciação de um procedimento concursal, ou que seja o beneficiário directo dessa viciação, reúne suficientes condições de ética, isenção e imparcialidade, para poder avaliar os seus alunos de forma rigorosa, sem que se corra o risco de favorecer alguns ou algumas, em troca de contrapartidas ?

2 - será que um Professor que participa activamente na viciação de um procedimento concursal, ou que seja o beneficiário directo dessa viciação, reúne suficientes condições de ética, isenção e imparcialidade, que minimizem o risco de no futuro se dedicar à pratica ilícitos, como plagiar o trabalho de colegas ou falsificar resultados de investigações ?

3 - e será que quando se acaba de saber que um projecto de investigação financiado pela FCT, que envolveu 180 cursos, 7.292 alunos e cerca de 2.700 docentes com o título A ética dos alunos e a tolerância de professores e instituições perante a fraude académica no Ensino Superior” confirma a existência de uma elevada incidência de fraude académica em Portugal, num país onde muitos daqueles que deviam constituir-se como modelos de comportamento, se pautam afinal por uma relatividade ética, permanente e generalizada, não deveria a contratação de Professores Universitários merecer neste contexto redobradas preocupações, por forma a ser feita de forma transparente, rigorosa e no respeito pelos princípios da justiça, da imparcialidade e do mérito, consagrados na Constituição da Republica Portuguesa ? https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/06/endogamia-academica-e-viciacao-concursal.html

domingo, 12 de janeiro de 2025

When Hypocrisy Meets Metrics: The Double Standards of Academic Publishing

 

Expanding upon the earlier discussion (linked above) concerning a mathematician’s paper that identified distinct patterns in papermilling—where potentially dubious behaviors were flagged by examining the publication records of two Highly Cited Researchers as illustrative examples—it is now essential to address a new study revealing substantial inflation of publication metrics across several universities.

This study, using data from Scopus and Web of Science, identified 80 universities whose research output grew by over 100% from 2019 to 2023. Notably, one university in Iraq saw a 1,500% increase, while another in Egypt experienced a nearly 1,000% rise in published papers https://direct.mit.edu/qss/article/doi/10.1162/qss_a_00339/125732/Using-Bibliometrics-to-Detect-Questionable 

While many in Western academic circles have leveraged these findings to critique institutions in Iraq and Egypt, such criticism demonstrates a striking hypocrisy. It conveniently sidesteps the fact that the professor responsible for an extraordinary 336 Scopus-indexed publications in a single year was based in Denmark, rather than Iraq or Egypt. 

When comparing the ratio of retracted papers per million people, the United States has twice the ratio of Egypt, while the United Kingdom's ratio is three times higher. If Iraq were included in the comparison, the figures for both the United States and the United Kingdom would look even worse. Moreover, it is worth highlighting the case of American scientists who remarkably continued to have papers published even after their deaths https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/08/necroauthorship-dead-scientists-who.html

PS -  It is worth recalling a warning I wrote a few years ago: "...if this becomes the norm in Western countries, third-world nations may be inclined to replicate these "successful" practices, cultivating their own super-scientists. Consequently, if an African super-scientist were to emerge with 10,000 or 20,000 publications at the summit of the publishing rankings, there would be little ground for criticism..." https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/03/how-many-papers-can-superscientist.html

1 milhão de Portugueses em teletrabalho, coloca-nos mais perto da realidade da Finlândia ou da Bulgária ?


Na secção de economia do Expresso, um artigo sobre o teletrabalho dá conta que em Portugal existe quase 1 milhão de trabalhadores que continuam a utilizar esse regime. Informa também que algumas empresas Portuguesas que tentaram arranjar candidatos (com talento) para trabalho presencial e simplesmente não os conseguiram encontrar, porque no nosso país o talento é escasso e esse talento prefere a modalidade do teletrabalho. 

Aliás se de acordo com as estatísticas do Eurostat, a pobre Bulgária é o país europeu que possui a menor percentagem de teletrabalho e são precisamente os ricos países nórdicos, com a Finlândia à cabeça, que possui a mais alta percentagem de teletrabalho, aquilo que faz sentido é que as empresas Portuguesas se tentem aproximar das práticas dos países nórdicos e afastar-se das da Bulgária, pois na verdade o nosso país ainda está longe da percentagem de teletrabalho da Finlândia, país esse que possui um PIB/capita que é mais do dobro do de Portugal, a não ser que Portugal prefira antes ter o PIB/capita da Bulgária.   

Para desgraça já basta o facto, da actual percentagem de teletrabalho dos Portugueses não se dever a nenhuma estratégia inteligente das empresas, no sentido de copiarem o que se faz nos ricos países nórdicos, mas apenas às obrigações associadas ao confinamento por conta do Covid-19, e posteriormente aquela, por conta da infame invasão Russa da Ucrânia e da consequente Resolução do Conselho de Ministros n.º 82/2022 que definiu o conteúdo Plano de Poupança de Energia que incentivou o recurso ao teletrabalho. 

É claro que o artigo em causa também refere, que algumas empresas, não estão minimamente interessadas em trazer os trabalhadores para o trabalho presencial, porque entretanto aumentaram o número de trabalhadores das suas empresas e isso significaria terem de pagar pela ampliação do espaço de escritório, que é extremamente caro, especialmente nos grandes centros urbanos e também porque concluiram que o teletrabalho não se tem reflectido de forma negativa na produtividade dessas empresas. 

Ainda sobre o teletrabalho, e as diferentes expectativas dos trabalhadores de 16 países, revisite-se o post anterior de título "Intrigante comportamento mimético entre Italianos e Chineseshttps://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/12/o-quinto-artigo-um-diluvio-de-milhoes.html

PS - Tendo em conta que o quase 1 milhão de trabalhadores que em Portugal está em teletrabalho, não está a entupir as estradas deste país, agravando problemas de trânsito e provocando acidentes, que tem elevados custos humanos e materiais, nem a consumir combustíveis que Portugal tem de importar, nem a emitir gases com efeito de estufa, que Portugal se obrigou a reduzir no âmbito de compromissos internacionais, já para não falar dos seus efeitos na saúde, vide a informação sobre as cidades com maior poluição atmosférica https://noctula.pt/poluicao-do-ar-os-15-locais-mais-poluidos-de-portugal/ aquilo que faz sentido é que as empresas onde eles trabalham possam ser beneficiadas em sede fiscal, ao contrário de outras que recebem benefícios fiscais sem o merecerem, como por exemplo aquelas que tem benefícios fiscais por conta da aquisição de viaturas de luxo, e que ajuda a perceber porque é que há tantas viaturas de luxo em Portugal, até mesmo em concelhos pobres https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/a-riqueza-escondida-nos-concelhos-mais.html