"...cerca de 75% das unidades de I&D foram avaliadas com Muito Bom ou Excelente, resultado difícil de conciliar com critérios de mérito exigentes..." https://www.publico.pt/2025/04/15/ciencia/opiniao/ciencia-portugal-avaliar-visao-financiar-coragem-2129865
A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) divulgou hoje os resultados provisórios da avaliação das unidades de I&D, o resultado global esse, pode apreender-se na demolidora frase supra, da autoria do director do maior centro de investigação na área da ciência e da engenharia dos materiais, que foi novamente classificado com Excelente.
Porém, a meu ver, a maior injustiça desta "avaliação", é que muito embora haja áreas científicas em Portugal, que não conseguem entrar nem sequer no Top 500 do prestigiado ranking Shanghai, ao contrário de outras que aparecem no grupo das 100 melhores a nível mundial, é agora haver unidades das áreas mais competitivas que irão receber muito menos dinheiro do que outras unidades de áreas pouco ou nada competitivas, como por exemplo aquela mencionada no post scriptum deste post.
Recordo que no passado, já eu por diversas vezes, tinha criticado a metodologia de avaliação das referidas unidades, porque só é possível avaliar aquilo que se consegue medir, como bem avisou um conhecido catedrático da universidade do Porto, porém nesta avaliação estavam paradoxalmente proibidas as métricas que interessavam a uma avaliação com um mínimo de rigor. Até mesmo a métrica, através da qual já foi possível acertar no nome de 75 vencedores do prémio Nobel, que é algo que a ciência Portuguesa, apesar de ser tão invulgarmente excelente, não consegue alcançar há mais de 70 anos.
Bastante beneficiadas com a ausência de métricas são as unidades de maior dimensão, como por exemplo aquela mencionada no post scriptum deste post, facto esse igualmente reconhecido pelo referido catedrático da Universidade do Porto, assim se ignorando que a Ciência já demonstrou que são precisamente as pequenas unidades e não as unidades gigantes que conseguem aquilo que a ciência Portuguesa não tem conseguido, ser mais disruptiva. Vide critica anterior aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/02/o-grande-laboratorioou-como-os.html
Tendo aliás em conta, que a absurda decisão de proibir de forma absoluta (leia-se catalogar todas as métricas como sendo coisa do diabo), foi tomada durante o inominável Governo de António Costa, é justo que agora se classifique a invulgar abundância de classificações máximas (quase 50% das unidades foram classificadas como Excelentes) que dela resultou, como socialismo científico.
Declaração de interesses - Declaro que há alguns meses atrás divulguei uma das métricas utilizada no supracitado "maior centro de investigação na área da ciência e da engenharia dos materiais" https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/10/definicao-de-outstanding-achievement.html
PS - Estando proibidas as métricas, alguém se admira que a tal unidade de investigação gigante, sobre a qual um catedrático da universidade do Minho, escreveu que "O assédio e a violência sexual, se não faziam parte do core business do CES, eram, no minimo, muito comuns" tenha sido classificada com Excelente, com um financiamento de quase 4 milhões de euros ? Ironicamente e apesar dos milhões de euros que recebeu no passado e dos milhões de euros que irá receber no futuro, esta unidade pertence a uma área científica que não consegue sequer entrar no top 500 do ranking Shanghai.