sexta-feira, 9 de maio de 2025

As fragilíssimas explicações ("políticas") do mui inteligente quase catedrático Ministro

 

Relativamente às queixas de 78 centros de investigação, mencionadas no post acessível no link supra, que denunciaram cortes de até quase 70% no financiamento, veio o senhor Ministro (quase catedrático) que tutela essa área, alegar em sua defesa, que a explicação passa por uma opção política que defende o mérito "definiu-se que as unidades com “Excelente” teriam quatro vezes mais financiamento do que as com “Muito Bom”https://www.publico.pt/2025/05/08/ciencia/noticia/ministro-responde-cortes-ciencia-premiar-merito-cientistas-falam-cosmetica-2132343

Essa opção, poliítica, até podia no limite e com muito boa vontade ser entendível se tivesse tido lugar uma avaliação rigorosa do mérito de todas as unidades de investigação. Não foi porém isso que se passou. Uma avaliação onde quase 50% das unidades foram classificadas como Excelentes, não avalia o mérito, antes se avalia a si própria e essa avaliação é claramente negativa, porque mistura no mesmo saco excelências reais, que já o eram (como a do maior centro de investigação na área da ciência e engenharia dos materiais, cujo Director publicamente se queixou dessa avaliação), com alegadas excelências, que nunca o tinham sido e agora só o são no papel. 

Como recordou alguém no jornal Público, o físico Niels Bohr terá declarado que “nada existe até que possa ser medido”, porém a referida pseudoavaliação das unidades de investigação, gerou excelências sem nada ter medido, assim violando o prudente principio que dita que não é possível gerir aquilo que não se consegue medir. A dita esgotou-se na leitura dos relatórios de auto-avaliação (dos próprios interessados) e nas visitas ás unidades. Mas como bem explicou um conhecido catedrático jubilado da Universidade do Porto, nesse modelo de avaliação, são favorecidas as unidades de maior dimensão, especialistas em concursos de beleza  https://observador.pt/opiniao/ciencia-avaliacao-das-unidades-ou-concurso-de-beleza/

E de facto uma análise, cruzando as unidades que obtiveram Excelente e a sua dimensão, aferida pelo seu número de doutorados, ponderados para o financiamento, mostra que a maioria delas tinha mais de 50 investigadores, já em sentido radicalmente oposto, entre aquelas unidades de investigação que foram classificadas com Bom, mais de 80% tinha menos de 50 investigadores, assim se concluindo que bastou o facto de terem uma pequena dimensão para se habilitarem a uma maior probabilidade de menor classificação. Um resultado paradoxal em face daquilo que a ciência já demonstrou, que a disrupção (de que a ciência Portuguesa necessita desesperadamente) ocorre com maior probabilidade, precisamente nas pequenas unidades e não nas grandes https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/02/o-grande-laboratorioou-como-os.html