sábado, 5 de outubro de 2024

Nature paper_How Carbon Revenues Can Save Us from Climate-Induced Chaos

 

Building on my previous post about the crucial responsibilities of academics in addressing the climate emergency and embracing sustainable practices (linked above), where I referenced Thomas Piketty’s latest book, which argues that economic inequality is a major barrier to achieving harmony between humanity and nature, I’d like to highlight a recent study published on Nature Climate Change. 

Led by Johannes Emmerling, a senior scientist at the Euro-Mediterranean Center on Climate Change, the study assesses how climate change is projected to increase inequality within countries. It estimates that, if left unaddressed, the Gini index—a measure of income inequality—could rise significantly.

However, the study offers a promising solution: redistributing carbon revenues equally among citizens. This approach not only offsets the short-term economic costs of climate policies but also reduces inequality, potentially lowering the Gini index https://www.nature.com/articles/s41558-024-02151-7#Sec7

PS - In this context, it's important to remember the wise advice "what will defeat terrorism is not military actions but basically two things: the Rule of Law and basic living conditions like education and jobs" https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/09/2019-paper-by-german-researchersincome.html

Mais um prego no caixão da justiça e desta coisa a que chamam democracia mas que se deveria chamar corruptocracia


Hoje na página 17 da edição impressa do jornal Público pode ler-se que o Tribunal de Relação de Coimbra, condenou um juiz de nome João Evangelista Fonseca, na pena de ficar inibido de exercer a profissão durante 4 anos, pelo facto de durante muitos anos, mais de uma década, esse juiz ter trabalhado "...de forma oculta para as várias firmas do empresário". E ainda por ter acedido ao sistema informático dos tribunais para obter informação privilegiada sobre o desenrolar dos processos judiciais envolvendo esse empresário, como contrapartida por uma "vida de luxo".

Sem surpresa, seu advogado, de nome Duarte Santana Lopes, afirmou logo, que o seu cliente irá recorrer da condenação e portanto isso significa que durante muitos anos, como sucedeu por exemplo com aquele médico que deixou morrer uma paciente por negligência grosseira em 2008 e 16 (dezasseis) anos depois ainda anda a recorrer da sentença, que também este juiz tão cedo não verá a sua condenação transitada em julgado e mesmo quando daqui a muitos anos ela ocorrer, ainda poderá continuar a recorrer, como anda a fazer aquele conhecido magistrado que foi condenado por corrupção em 2018 e que ainda continua a meter atrás de recurso, alegando que os crimes que cometeu já prescreveram. 

O que significa que o tal referido juiz João Evangelista, poderá assim durante os próximos anos (quinze ou vinte), continuar a receber o seu elevado ordenado, sem precisar de trabalhar, o que já acontece desde 2021, quando foi suspenso de funções. Mas será que faz algum sentido que alguém que está doente receba apenas uma parte do seu vencimento mas um juiz suspenso de funções por ter sido acusado de cometer crimes possa receber o vencimento a 100% e ainda subsidio de residência de quase 900 euros por mês, pago 14 vezes por ano ?

Na última vez que os magistrados foram aumentados e durante os últimos 50 anos já foram aumentados tantas vezes, que passaram de ganhar, antes do 25 de Abril, o que ganhava um professor do secundário, para passarem a ganhar muito mais do que ganha um professor universitário e agora até mais do que ganha um catedrático, o argumento era então que um juiz mal pago se deixaria corromper mais facilmente. Porém os factos ainda estão para desmentir essa esdrúxula tese. 

Há dois anos atrás um inquérito feito aos magistrados Portugueses, revelou que 26% dos quase 500 magistrados inquiridos disseram acreditar que, durante os últimos três anos, houve juízes a aceitar, a título individual, subornos ou a envolverem-se em outras formas de corrupção. E depois ainda há quem se admire que o Chega tenha obtido 50 deputados nas últimas eleições e que a noticia sobre esse inquérito feito aos juízes ainda hoje esteja visível no site desse partido  https://partidochega.pt/index.php/2022/11/02/14-dos-juizes-portugueses-sabem-que-os-seus-colegas-sao-corruptos/

PS - Coisa diferente mas não menos importante, é o facto da justiça deste país ter condenado a uma pena de cadeia efectiva de três anos, uma conhecida bolseira, por crimes de injúria e difamação, enquanto que o juiz supracitado foi apenas condenado a uma suave inibição de exercício de profissão de 4 anos, que quando transitar em julgado, se não prescrever antes, já esse juiz, que agora já tem quase 60 anos, há muito que estará aposentado. Pode até suceder que ele morra antes disso acontecer, o que significará que o seu crime fica sem punição, sendo premiado com férias permanentes, nos últimos anos da sua vida, recebendo salário 14 meses por ano sem ter de trabalhar.

sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Universidades que tem uma atracção por rankings da treta: O caso do ranking de investigadores AD, ou Asnice Delirante

 


Em Maio deste ano critiquei os responsáveis da Universidade da Beira Interior, por terem optado por uma bizarra estratégia de marketing, que, ao invés de criar valor — que é a verdadeira essência do marketing — decidiram aproveitar a boleia de um ranking da treta, para tentar "promover" aquela universidade. Uma abordagem que irónica e tragicamente acabou afinal por desvalorizar essa universidade. Vide post acessível no link supra. 

Infelizmente parece que os mesmos responsáveis continuam a seguir a mesma táctica acéfala, não se conseguindo libertar da atracção irresistível por rankings da treta, como se percebe por uma "noticia" sobre um ranking (AD) de investigadores, baseado no Google Académico, que deve significar ranking  Asnice Delirante https://www.ubi.pt/Noticia/7847

Parece assim que ainda ninguém explicou aos referidos responsáveis, que um ranking de investigadores minimamente rigoroso tem de atender a três aspectos fundamentais:

​Primeiro - Ser baseado na Scopus ou na Web of Science, para assim permitir a desambiguação de publicações (existem milhares de perfis "contaminados" no Scholar Google com publicações de outros autores) e evitar também o lixo "científico" de citações em publicações não revistas por pares, cujo número explodiu nos últimos anos, e que existem em abundância/excesso nessa plataforma, que é conhecida por aceitar tudo.

​Segundo ​- Ser capaz de remover o efeito da terrível praga das auto-citações, em que muitos cientistas se tornaram verdadeiros especialistas​ ​https://www.nature.com/articles/d41586-019-02479-7

Terceiro ​- Ser capaz de anular a vantagem perniciosa das citações em publicações com centenas ou milhares de co-autores, utilizando para esse efeito a contagem fraccionada, sugerida pela primeira vez em 2008 pelo Alemão Schreiber e mais recentemente por Koltun e outros. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/11/evaluating-researchers-in-fast-and.html

Contudo o tal famigerado ranking AD (Asnice Delirante), consegue o espantoso milagre de não conseguir cumprir absolutamente nenhuma das referidas condições. É o que se pode designar por um ranking de tripla treta. E espantoso é que haja em Portugal quem (talvez por desespero) ache uma óptima estratégia associar-se a essa treta tripla. 

Tenha-se presente que até mesmo o conhecido ranking da Clarivate Analytics, que é baseado na Web of Science, não cumpre a terceira condição (e nem sequer consegue passar no teste de um número minimo de número de prémios Nobel) e o único ranking de investigadores a nível mundial, que consegue cumprir as três condições e além disso ainda inclui quase uma centena de prémios Nobel, é aquele ranking que foi desenvolvido por investigadores da universidade de Stanford, com base na plataforma Scopus https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/09/portugal-os-100-investigadores-mais.html

PS - Há alguns meses atrás, investigadores da Universidade de Nova York, mostraram que é extremamente fácil inflacionar as citações do Google Académico https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/05/paper-how-to-exploit-chatgpt-for-large.html

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

As "lacunas cognitivas" de um catedrático


"Fabricar um carro convencional consome cerca de 30 quilogramas (kg) de minérios: cerca de 20kg de cobre e 10 de peróxido de manganês. Já produzir um carro elétrico consome mais de 200 kg de minérios, com cerca de 70kg de grafite e 55 kg de cobre à cabeça."

A estranha contabilidade "mineral" acima reproduzida diz respeito a um artigo do conhecido catedrático de economia Ricardo Reis,  que foi publicado no Expresso. Porém como lá faltam muitos metais nomeadamente e desde logo o aço e o alumínio, pode admitir-se que ele pretendia contabilizar somente aqueles de maior custo, mas mesmo nessa hipótese, ainda ficam a faltar na referida contabilidade vários minerais, seja no fabrico dos carros convencionais, seja também para os carros elétricos. 

O objectivo do artigo desse artigo era mostrar que a China domina a nível mundial o mercado de minerais necessários à descarbonização, por conta de ter passado as ultimas décadas a abrir minas, naquele país e na África e nele lamenta-se o catedrático, que na Europa é quase impossível abrir uma mina e demora pelo menos dez a quinze anos a fazê-lo. 

Mas também aqui o catedrático Ricardo Reis falha, pois parece que ignora a razão porque a Europa dificulta a abertura de minas. Talvez ele desconheça que a industria mineira deixa atrás de si um rasto de destruição e contaminação e em Portugal há provas bem evidentes disso mesmo, vide estudo sobre uma localidade Portuguesa localizada próxima de uma mina com níveis de contaminação 2000% superiores aos admissíveis https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/contaminacao-de-mina-excede-em-2000.html Acresce ainda que um estudo recente provou que a perigosidade dos resíduos de minas pode afectar não só localidades próximas mas também aquelas localizadas a dezenas de quilómetros de distância https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/07/cencia-confirma-elevada-perigosidade-de.html

Lamentável é também que sendo ele catedrático de economia não tenha escrito, certamente porque se esqueceu (ou talvez porque ignora) que a descarbonização por via da reabilitação energética de edificios é muitíssimo mais barata do que a descarbonização, por via da electrificação, do sector rodoviário. Vide artigo publicado na revista The Economist https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/03/the-economistwhats-cheapest-way-to-cut_8.html

Declaração de interesses - Declaro que sou o primeiro editor de um livro, conjuntamente com vários catedráticos estrangeiros, sobre materiais para a reabilitação energética de edificios, cuja segunda edição será publicada no inicio de 2025 https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/06/cambridge-university-how-to-achieve-net.html

terça-feira, 1 de outubro de 2024

A inversão de um ciclo: A engenharia civil como uma profissão essencial e a medicina como profissão em risco de redundância


Não foi certamente por divertimento que em Junho de 2023 perguntei ao ChaGPT pela receita para fazer um betão que fosse capaz de durar mil anos, vide post acessível no link supra. Na verdade, o betão pode até, pelo menos nas mentes de muitos leigos, não ter uma imagem de grande sofisticação tecnológica, mas o facto é que faz muito mais falta à "comodidade" civilizacional do que por exemplo a altamente sofisticada Inteligência Artificial. https://www.nature.com/articles/d41586-021-02612-5

Apresentando uma excelente relação desempenho-custo (e com uma pegada carbónica cada vez menor) o material betão ainda continua a ser em pleno século XXI um material primordial, em inúmeros projectos de engenharia civil, como por exemplo no edifício, construído na India, cuja imagem inicia o presente post, ou na impressionante ponte Chinesa em Shuiluohe, que utilizou 1 milhão de metros cúbicos daquele material https://www.tiktok.com/@oks2qsa5/video/7376589762351648043?q=Shuiluohe%20Bridge&t=1727787687271 ou no túnel subaquático com quase 20 quilómetros de extensão, que ligará a Alemanha à Dinamarcano qual serão utilizados 3 milhões de metros cúbicos de betão que este fim de semana foi objecto de um artigo no semanário Expresso. O que na verdade e bem vistas as coisas constitui apenas uma "gota de água" entre os 14.000 milhões de metros cúbicos consumidos anualmente, valor que continuará a crescer nas próximas décadas. Recorde-se que o volume de betão produzido somente no século XXI, é tão impressionante, que daria por exemplo para cobrir toda a Alemanha ou para construir um pilar com 10 metros de diâmetro que ligasse a Terra à Lua. 

Também a essa importância não será alheio, por exemplo o facto bastante significativo, de um livro que editei em 2014, ser o mais citado, entre quase 1500 (mil e quinhentos) que foram produzidos em Portugal ao longo da última década e indexados na plataforma Scopus,  tenha afinal que ver com os betões e materiais de construção ligantes https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/05/top-10-dos-livros-mais-citados.html 

PS - No passado dia 25 de Agosto, ao comentar os resultados, muito positivos, da primeira fase de acesso ao ensino superior, para o curso de engenharia civil, terminei esse post avançando duas simples explicações para esse resultado "inesperado" https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/08/engenharia-civil-em-evidente.html É claro que há uma terceira explicação, que pode até não ter estado na mente da maioria daqueles que escolheram aquele curso, mas que no futuro estará cada vez mais, que a engenharia civil não é uma profissão em risco de ser tornada redundante pela Inteligência Artificial, ao contrário do que irá suceder por exemplo ao curso de medicina, ou numa primeira fase, pelo menos a várias especialidades dessa profissão, onde não será somente a radiologia a ser afectada, como já em 2020 noticiava a conhecida revista The Economist, num interessante artigo para o qual foi escolhido um título nada simpático para a classe médica https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/02/the-economistartificial-intelligence.html

Academic Integrity in Ruins: A Rector’s Unethical Rise to the Top with Fake Citations

 


The renowned journal Science recently published an article about professor Juan Corchado and current Rector of the University of Salamanca (pictured above), whose actions will be remembered in both the university’s history and the broader scientific community for highly unethical conduct. His attempts to artificially inflate his citation count included creating fake profiles on ResearchGate, as well as publishing 50 articles in 30 conferences organized by his research group. In some of these articles, 90% of the references cited works authored by the newly appointed Rector: "Corchado had cited himself excessively in documents posted...on allegedly fake profiles on the social network ResearchGate, in one case including 100 references to past work in a four-paragraph paper".

In a strange and somewhat tone-deaf defense, Rector Corchado insists that 25 of the problematic papers were published under his name without his consent. He further contends that his critics overlook the significance of his achievement in founding a research group with hundreds of researchers, which has produced thousands of papers.

However, both of his arguments are fundamentally flawed. By claiming that his name appeared on 25 papers without his consent, he either admits to a lack of oversight regarding his own academic contributions or more likely attempts to distance himself from the problematic publications without accountability. And his argument that his critics fail to recognize the scale of his research group's output is a diversionary tactic. The quantity of work produced does not excuse unethical behavior like self-citation manipulation.

PS - This regrettable lack of ethics highlights the importance of the project by the University of Bern, which rewards those who manage to discover errors in articles, offering up to 3,000 euros for the discovery of serious errors that lead to the retraction of these articles  https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/09/univ-of-berns-project-rewards-close-to.html

A evidente falta de ética de um catedrático


A conhecida revista Science acaba de publicar um artigo sobre o catedrático e também Reitor da Universidade de Salamanca (foto supra), que ficará na história daquela universidade e também na história da ciência, por conta de factos muito pouco éticos, visando inflacionar o seu número de citações, não só através do recurso a perfis falsos na plataforma Researgate: "Corchado had cited himself excessively in documents posted...on allegedly fake profiles on the social network ResearchGate, in one case including 100 references to past work in a four-paragraph paper", mas também através de 50 artigos publicados em 30 (trinta) conferências organizadas pelo seu grupo de investigação. Nalguns desses artigos 90% das referências citavam os artigos do agora novo Reitor. 

Entretanto a editora que publicou esses artigos já avisou os seus autores que os irá despublicar. O artigo termina citando um catedrático de medicina da Universidade de Salamanca, que afirma ser terrível aquilo que agora está acontecer aquela universidade. 

A referida e lamentável falta de ética (e outras de muitos outros investigadores) evidenciam bem a importância do tal projecto da Universidade de Berna, que paga aqueles que conseguem descobrir erros em artigos, chegando esse valor quase a 3000 euros, no caso da descoberta de erros graves que levem à despublicação desses artigos. https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/09/univ-of-berns-project-rewards-close-to.html

PS - Em Portugal, a U.Lisboa é a campeã absoluta de artigos despublicados e não é expectável que venha a perder esse título, tal é a diferença que a separa do segundo lugar.