sábado, 21 de dezembro de 2024

Braga é o único distrito de Portugal que entre 2014 e 2024 construiu uma maioria de casas "verdes" e isso é uma péssima notícia

 

Na sequência do post supra, do passado dia 4 de Novembro, sobre o primeiro edifício de construção híbrida da Península Ibérica, que foi construído em Guimarães, é pertinente divulgar um interessante artigo, publicado na secção de economia, do penúltimo semanário Expresso, sobre o número de certificados de eficiência energética, aproximadamente meio milhão, emitidos entre 2014 e 2024 e desagregados por distrito.

Revela essa noticia que Braga é o único distrito de Portugal onde foi emitida uma maioria de certificados verdesnas várias categorias entre (A+, A, B e B-). Infelizmente o artigo falha rotundamente em extrair as conclusões que se impõe, dos números que conseguiu apurar. Desde logo, que mesmo em Braga, o distrito com o melhor desempenho nacional, estamos a falar de uma curta maioria (53%)o que significa que naquele distrito foram emitidos na última década mais de 45% de certificados "vermelhos", nas categorias entre (C, D, E e F). E no resto do país o panorama é muitíssimo pior com percentagens de 60% , 70% e 80% de certificados "vermelhos". 

Com Portugal, coberto de Norte a Sul pelo "comunismo" energético (excepto em Braga) não se está bem a ver como é que o nosso país irá conseguir cumprir as metas europeias da descarbonização do parque edificado. Ainda se ao menos Portugal tivesse copiado a receita que o Primeiro-Ministro Draghi aplicou na Itália através de um super-bónus fiscal de 110%... https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/10/o-superbonus-que-consegue-resolver.html

Sobre a eficiência energética do parque edificado, convém recordar que como foi mostrado por um grupo de vários investigadores Alemães, há alguns anos atrás, um edifício mesmo com uma elevada eficiência energética, pode ter um elevado consumo, unicamente por conta dos hábitos errados dos seus habitantes, e também porque, como referiram investigadores do Reino Unido, infelizmente as habitações não são vendidas com um manual de instruções, que explique aos futuros utilizadores quais os comportamentos que permitem obter o consumo energético previsto em fase de projecto https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/11/escritura-de-venda-de-casas-so-pode-ser_20.html

PS - A única dimensão positiva do supracitado problema Português, é que o mesmo não será resolvido pela "força bruta" da Inteligência Artificial, o que reforça o valor das profissões que trabalham nesta área, contribuindo assim para validar a tese que foi enunciada aqui https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/10/seculo-xxi-o-seculo-da-inteligencia.html

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

The Polymathic Revolution: A New Dawn or a Dangerous Double-Edged Sword ?



Last year, in a post titled "Game changers in science and technology: The next 10 years, 2053 and the limits of knowledge, what we will never know" I highlighted a paper co-authored by Ulrich A.K. Betz alongside leading researchers from top universities, exploring transformative topics such as AI, biotechnology, and future resources. The paper envisions a new golden age for polymaths, fueled by universal access to knowledge and cutting-edge technologies. 

In an intriguing continuation of this line of thought, a recent paper published in the journal Patterns by two American researchers puts forward the argument for nurturing AI-enabled polymaths as a strategic priority. These polymaths, empowered by the capabilities of AI, could help bridge the existing divide between the rapidly evolving theoretical advancements in fields like artificial intelligence and the practical applications necessary for societal transformation. The paper suggests that by fostering this kind of polymathic talent, we could accelerate our journey toward achieving artificial general intelligence https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S266638992400271X

While AI-enabled polymaths offer great potential, they also raise important questions. How will their rise reshape global knowledge, power dynamics, and intellectual capital? What impact will this transformation have on societies and existing inequalities? As I noted in 2023, in my commentary on The Economist's article about AI's transformative potential, we must carefully balance the opportunities AI provides with the risks it poses. If knowledge becomes concentrated in the hands of a few, it could worsen global disparities, undermining the UN’s efforts to reduce inequality between the world’s richest and poorest nations. https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/09/the-economist-ai-can-accelerate.html

PS - On October 8, I highlighted Professor Ingold's seminal work, Being Alive. Interestingly, AI-enabled polymaths align profoundly with the principles outlined in his book, exemplifying an approach to knowledge that is deeply interconnected, relational, and holistic. https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/10/ingolds-blueprint-for-world-beyond.html

Um prestigiado cientista que recebeu uma indemnização por ter escrito sobre um “mentiroso reles” e “um pobre-diabo”


"...o queixoso era um prestigiado cientista que fora condenado criminalmente, neste jardim à beira-mar plantado, como difamador, por ter respondido a um ataque à sua competência profissional, classificando o atacante como um “mentiroso reles” e “um pobre-diabo”

O extrato supra foi retirado do último artigo do conhecido advogado Francisco Teixeira da Mota no jornal Público, onde aquele escreveu sobre um recente livro, com mais de 600 páginas de reflexões sobre 30 decisões do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos -TEDH e onde só faltou mencionar o valor total que o Estado Português já foi condenado a pagar por conta das bizarras decisões de muitos juízes Portugueses, como aquela sentença, famosa por maus motivos, que condenou o Director do jornal Público a pagar 60.000 euros ao juiz Noronha Nascimento https://www.publico.pt/2017/01/17/sociedade/noticia/estado-portugues-violou-direito-a-liberdade-de-expressao-de-exdirector-do-publico-1758605

Não admira por isso que como dei conta há alguns anos atrás, Portugal é campeão de condenações no TEDH, numa percentagem que é 350% superior à da Holanda e pasme-se, 900% superior à da Alemanha https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/tribunal-europeu-dos-direitos-do.html 

Ainda sobre aquilo que é o bizarro entendimento dos juízes Portugueses acerca dos limites da liberdade de expressão, recordo que em 2022 constatei que para os juízes Portugueses, era menos grave alguém ser condenado por fugir ao fisco, num valor de 39 milhões de euros, do que ser condenado pelo crime de difamação. https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2022/04/o-que-e-mais-grave-difamar-alguem-ou.html

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Faleceu hoje o Engenheiro Conselheiro Renato Morgado


Sobre o falecimento do Engenheiro Conselheiro Renato Morgado, que trabalhou como professor catedrático convidado na Universidade do Minho, entendo pertinente relembrar, que quando no passado mês de Junho do corrente ano, num post onde é possível constatar que a história mostra que há três formas de um humano perdurar na memória da humanidade (a Guerra, a Religião e a Ciência), questionei o ChatGPT sobre qual o pior destino que pode suceder a um humano depois de ter falecido, aquele modelo de IA generativa ter "replicado" o seguinte: 

"...one of the worst things that could happen to me after I die would be to be completely forgotten. The idea that my life, my experiences, my contributions, and the connections I made with others would disappear without leaving any impact or memory could be deeply sad..."  https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/06/what-is-worst-thing-that-can-happen-to.html

pela parte que me diz respeito, reconheço ao agora falecido Colega Renato Morgado, ter sido o autor de um dos artigos mais interessantes (e por isso dificilmente esquecível) que vi publicado na revista da Ordem dos Engenheiros e quero acreditar que alguns dos milhares de visitantes que leram o post onde divulguei esse artigo se tenham sentido, como eu me senti, inspirado por ele  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/11/academia-portuguesa-necessita-de.html

sábado, 14 de dezembro de 2024

Nepotismo catedrático: Ministro Fernando Alexandre propõe que os docentes e investigadores não possam ser contratados pelas instituições onde se doutoraram


Hoje o jornal Público revelou que o Governo pretende, talvez para celebrar os 50 anos da democracia Portuguesa, tentar aproximar, de forma muito suave, este país daquilo que há muito se faz noutros países, como por exemplo na Alemanha e nos EUA. É porém evidente que esta suave medida não vai passar, pela simples razão que afronta os catedráticos e catedráticas, donos da Academia, cujo grande sonho de vida, é poderem ser sucedidos nesse cargo pelos seus filhos e filhas. Não sou eu que o digo, foi um feroz magistrado aposentado, que em 2020, no seu blog, criticou essa "tradição" de forma veemente "Eppure...isto não deixa de ser vergonhoso e até indigno" https://portadaloja.blogspot.com/2020/02/a-licao-de-coimbra-e-italiana.html

Sobre a peregrina, mas ainda assim muito suave, proposta do Ministro Fernando Alexandre, entendo como pertinente relembrar, que em 2015 fui o primeiro subscritor de uma petição contra a viciação concursal associada à endogamia académica. De lá para cá e já passaram quase 10 anos, praticamente nada foi feito para tentar resolver o referido problema. Em 2017 foi publicado o primeiro Estudo da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, que confirmou que a Universidade de Coimbra é a campeã nacional da endogamia, estudo esse que na altura suscitou a indignação do Ministro Heitor, a qual porém, qual montanha que pariu um rato, se traduziu apenas na aprovação de uma tímida medida pela FCT, e que somente se aplica aos bolseiros de pós-doutoramento. Pessoalmente e em coerência com aquilo que defendi em 2015, na supracitada petição, entendo que a melhor forma de combater a endogamia académica, passa por alterar os júris dos concursos para que sejam integralmente constituídos por especialistas estrangeiros, como sucedeu nos concursos Investigador-FCT, uma hipótese alternativa, praticada  nas universidades da Suécia, passa por convidar um professor de uma universidade estrangeira de topo, para eliminar os candidatos mais fracos e escolher os 2 ou 3 que passarão à fase final. Vide exemplo https://www.docdroid.net/ONpHyGk/review-by-aalto-university-expert-pdf

PS - Num post anterior de 2023, comentei de forma negativa o programa FCT tenure, nesse post abstive-me porém, porque entendi que era redundante fazê-lo, de criticar como realmente merecia um aspecto crucial do mesmo. Que esse programa, a coberto de alegadas piedosas intenções, conseguiu algo imperdoável, retirar à FCT a realização dos concursos, com recurso a especialistas estrangeiros, que constitui a sua principal mais valia, entregando-os às universidades e aos seus tradicionais júris caseiros, assim favorecendo a selecção dos investigadores mais subservientes, como há muito sucede nos concursos para a carreira docente, como foi confessado por um Reitor de uma universidade pública https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/08/reitor-diz-que-os-juris-academicos.html e vários anos antes já tinha sido denunciado por vários catedráticos, como por exemplo aqueles dois corajosos catedráticos da Universidade de Lisboa que foram mencionados aqui https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/04/9-euros-e-quanto-custa-o-livro-sobre-os.html Em suma, o programa FCT tenure escancarou as portas ao nepotismo, consubstanciando uma vitória dos mais retrógrados e perniciosos interesses instalados da Academia Portuguesa, que terá como consequência mais evidente a saída de talento científico para outros países, onde a endogamia e o nepotismo catedrático não ditam as regras. 

O livro mais citado de Portugal, a tese de doutoramento defendida na Universidade de Coimbra e a indisfarçada mas impotente, ambição da Universidade de Lisboa

 


Sobre o tal livro, publicado em 2014, vide link supra, que entretanto se tornou o mais citado em Portugal, entre todos os livros indexados na Scopus, quase 1500 (mil e quinhentos), de todas as áreas científicas, que foram produzidos nos últimos dez anos, livro esse do qual fui primeiro editor e o qual aborda os materiais activados alcalinamente (geopoliméricos)​, que são especialmente relevantes em face da elevada procura anual de 14.000 milhões de metros cúbicos,​ aproveito para divulgar uma recente tese de doutoramento, na qual participei, que foi defendida no passado dia 11 de Outubro, na Universidade de Coimbra https://estudogeral.uc.pt/handle/10316/117179

Há poucos anos atrás analisei a produção científica sobre estes materiais, entre 2007 e 2021, nos diferentes departamentos de engenharia civil de Portugal, essa análise mostrou que Lisboa e Coimbra tinham sido os últimos departamentos a interessar-se pelo seu estudo,  https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/07/departamentos-de-engenharia-civil-das.html​ porém quando agora se faz uma pesquisa na Scopus descobre-se que o departamento de engenharia civil da ULisboa foi quem de longe mais cresceu nesta área, nos últimos 4 anos, tendo mais do que triplicado a sua produção científica, o que mostra indisfarçada vontade de pretender liderar a produção científica nacional nesta área emergente. Apesar disso, a crua realidade é que que quando se analisa a produção científica Portuguesa indexada na Scopus destes materiais, mais de 300 publicações, constata-se que a Universidade de Lisboa não possui absolutamente nenhuma, entre as mais citadas, pois as 18 publicações mais citadas, pertencem à U.Minho e à U.Aveiro. 

PS - Sobre os materiais supracitados, há alguns meses atrás enviei um email a um investigador Alemão, Christoph Völker, alertando-o para alguns aspectos importantes que me pareceu que tinha esquecido no seu artigo, abaixo: 

Dear Christoph Völker,

Firstly, congratulations on your thought-provoking paper. I am reaching out to provide a minor comment regarding a statement in the introduction of your recent work:  “The development of new cementitious binders low in calcium offers a promising solution, potentially reducing carbon dioxide emissions by 40- 80 percent while retaining structural properties comparable to conventional cement [2] “


I'd like to draw your attention to the Reference 2 you cited, which may include publications asserting that AAC is linked to substantial carbon emission reductions, up to 80%. However, it is crucial to note that such claims lack concrete evidence and are essentially tantamount to non-existence. Ouellet-Plamondon and Habert (2014) demonstrated that only a specific type of AAC, those without sodium silicate, exhibit significantly lower carbon footprints than Portland cement-based mixtures. Ouellet-Plamondon, C. ; Habert, G. (2014) Life cycle analysis (LCA) of alkali-activated cements and concretes. In Handbook of Alkali-Activated Cements, Mortars and Concretes, 663-686 (Eds) WoodHead Publishing-Elsevier, Cambridge


However, it is crucial to acknowledge that achieving high-strength AAC is contingent upon the use of sodium silicate. Consequently, realizing high-strength AAC with substantial carbon emissions reductions necessitates the utilization of waste-derived activators, an area still in its early stages of development. In this context, it is crucial to consider the insights provided by Van Deventer et al. (2012), who underscore the pivotal role of calcium in attaining elevated strength and durability in AAC. Paradoxically, Fernandez-Jimenez and Palomo (2009) have highlighted that the absence of expansive products resulting from alkali-silica reaction (ASR) is directly associated with low calcium content, implying that AAC with high calcium levels may be more susceptible to ASR.

Van Deventer, J.S.J.; Provis, J.; Duxson, P. (2012) Technical and commercial progress in the adoption of geopolymer cement”, Minerals Engineering Vol. 29, pp.89-104.

Fernandez-Jimenez, A.; Palomo, A., Chemical durability of geopolymers, In Geopolymers, Structure, Processing, Properties and Applications, Ed. J. Provis & J. Van Deventer, pp.167-193, 2009, Woodhead Publishing Limited Abington Hall, Cambridge, UK


PS – In reference to the three distinct families of AAC, namely A) high calcium, B) low calcium, and C) hybrid cements, which comprise various combinations of A) and B), please check the comprehensive study authored by Palomo et al. (2021):"Portland Versus Alkaline Cement: Continuity or Clean Break: “A Key Decision for Global Sustainability” https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fchem.2021.705475/full

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Os cientistas que receberam 70.000 euros por ano pelo aluguer da sua afiliação


O jornal El País acaba de voltar a publicar um artigo sobre os cientistas que andaram a "alugar" a sua afiliação a universidades Sauditas. Desta vez porém o propósito do artigo não é para falar dos cientistas Espanhóis nessa situação, mas para mostrar que afinal os Espanhóis nem sequer foram aqueles que mais "alugaram" a sua afiliação e para dar conta da inevitável queda das universidades da Arábia Saudita, agora que se tornou público que esses cientistas não trabalhavam naquele país. 

Sobre este tema recordo que em 27 de Abril comentei as primeiras noticias sobre os cientistas Espanhóis que andaram a "alugar" a sua afiliação a universidades Sauditas. Nesse post escrevi que nessa história nem tudo é preto e branco, pois há cientistas na Espanha, sem contrato de exclusividade, que até se vem obrigados a ter um part-time no ensino secundário para conseguirem melhorar o vencimento, pelo que é assim difícil aceitar exercícios hipócritas de apedrejamento público, por aqueles não terem resistido ao dinheiro Saudita. 

E se não houve nenhum caso em Portugal de aluguer de afiliação (logo o país onde até há uma universidade pública cujo Reitor recebe simultaneamente dois salários, o que no futuro levará outros a copiar essa esperteza saloia) muito provavelmente, foi apenas porque os cientistas Portugueses HCR estão todos eles em exclusividade de funções. Verdadeiramente inaceitável em Portugal, é que um investigador no inicio de carreira, ganhe apenas o mesmo que ganha qualquer um dos muitos motoristas do Primeiro-Ministro https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/04/os-cientistas-que-alugam-sua-afiliacao.html

PS - Apesar de tudo, há porém uma dimensão positiva nesta história, o facto de mostrar que existe uma competição mundial pelo talento científico e que se a Arábia Saudita quer de facto ter nas suas Universidades cientistas reputados, vai ter de lhes pagar muito mais do que 70.000 euros por ano (que representa apenas 0,035% do salário pago pelos Sauditas ao hipócrita artista do pontapé e da cabeçada Ronaldo), pois há muitas universidades europeias e Americanas que pagam mais do que isso por cientistas de topo. E agora até a própria China já lhes leva a palma nesse campeonato https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/10/a-humilhacao-do-orgulho-frances-e.html

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

Governo corta o financiamento na área das humanidades e das ciências sociais para privilegiar somente as ciências "douradas"


Não foi uma decisão do Donald Trump, nem do anarcocapitalista Presidente da Argentina, o "Presidente favorito de Trump", nem sequer de nenhum ditador de um país do terceiro mundo, mas logo do Governo da Nova Zelândia, vide noticia no link supra, onde se pode ler que a Ministra da Ciência, Inovação e Tecnologia daquele país (que certamente não por acaso até é um dos mais civilizados do Planeta, de acordo com o índice de desenvolvimento humano das Nações Unidas) afirmou que doravante o financiamento de investigação, será dirigido somente a áreas que tenham impacto económico, incluindo nesse grupo, as áreas da física, da química, da matemática, das engenharias e das ciências biomédicas. 

Um dos maiores, senão mesmo o maior inconveniente desta abordagem passa pelo seu impacto previsível a nível mundial, porque levará à germinação de ideias similares na cabeça de dirigentes de países pobres, que logo correrão a copiar essa receita, com a argumentação, que se um país que está no grupo dos 25 mais ricos e com um PIB/capita similar ao da França e da Itália achou necessário financiar somente as áreas científicas com impacto económico, então mais razões tem países pobres para lhe seguirem o exemplo. 

E quando se começa a cortar nas despesas de investigação de algumas áreas, alegando que é preciso guardar o dinheiro, para as áreas que tenham mais impacto económico, então já se sabe que a seguir virá a exigência, no sentido dos projectos a financiar, dever ser feita favorecendo os projectos do tipo MIDAS, que prometam o maior retorno económico o mais rapidamente possível, o que levará ao financiamento de projectos, que muito embora prometam elevado retorno económico, no final ficarão apenas pelas promessas. 

PS - Sobre a questão supra vale a pena revisitar o post anterior de título "A serendipidade na ciência e a paralisação do progresso científico" https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2022/11/a-serendipidade-na-ciencia-e.html

domingo, 8 de dezembro de 2024

A Tale of Two ERC Presidents: M.Leptin’s Silence versus. J.P. Bourguignon’s Courage


In a comprehensive interview published today in one of Portugal's leading daily newspapers (accessible via the link above), the septuagenarian scientist Maria Leptin, President of the European Research Council, highlights a stark reality: China invests 50% more in research annually than Europe. When asked by the journalist, "Is the lag in European science solely a matter of investment?" her response is reproduced below:

"You’re asking about innovation. It’s not just my opinion—the reports I cited have highlighted these issues. Additionally, economists like Jean Tirole, a Nobel laureate, have also commented on similar challenges. A common criticism is that scientists lack entrepreneurial spirit. However, that’s not what I observe among our researchers. Instead, the issue often lies elsewhere. One significant challenge is that universities don’t do enough to support the transfer of knowledge from academia to society or to bridge the gap between science and the market. This might be an important factor, but what’s abundantly clear from the voices I’ve mentioned is the issue of fragmentation within Europe. Consider this scenario: someone in Barcelona develops an innovation—a proof of concept, for instance—bringing it to market and securing all the necessary licenses. Now, they seek an investor to help launch a company to commercialize the product. Unfortunately, they’re at a disadvantage because their primary market is limited to Spain. Meanwhile, a colleague in the United States might undertake a similar endeavor, but their market encompasses the entire country. This difference in market scale creates a significant imbalance in opportunities..."

It is, however, deeply regrettable that she failed to point out to the journalist that the root cause of this issue lies squarely with the politicians. This oversight is particularly glaring given the clear evidence outlined in the Draghi report, specifically on page 214, which unequivocally states: “Europe’s researchers have few incentives to become entrepreneurs.” . The reality is far grimmer—those incentives are not merely lacking; they are non-existent, leaving Europe’s researchers shackled by a system that seems designed to stifle entrepreneurial ambition. This isn’t just neglect; it’s systemic self-sabotage

A glaring example of this failure is the obstinate refusal to embrace proven strategies that have the potential to revolutionize innovation within European universities. One such strategy is Sweden’s model: reinstating the “professor’s privilege,”. The evidence is irrefutable—eliminating this so-called privilege, which once granted professors ownership of the intellectual property stemming from their inventions, was not merely a grave misstep but an act of breathtaking short-sightedness. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/03/new-evidence-shows-that-abolishment-of.html

PS - Personally, I would advocate for adopting a more assertive and uncompromising stance against the evident cowardice of European politicians—a stance akin to that taken by the esteemed former President of the European Research Council (ERC), the French mathematician Jean-Pierre Bourguignon. Bourguignon did not mince words when he issued a powerful and inspiring call to action, urging researchers to demonstrate their “fighting spirit.” https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/12/there-are-times-when-scientists-must.html

Estarão os 100 Investigadores mais citados de Portugal a aproveitar devidamente a notável ascensão da Ciência Chinesa ?


Na sequência do post anterior (acessível no link supra) onde se revelou quais as universidades e politécnicos públicos que mais (e menos) tem ajudado Portugal a tentar alcançar a meta de 7% de colaborações com China, como já sucede com a Alemanha e a Suiça, é pertinente tentar saber até que ponto os 100 investigadores mais citados de Portugal, de acordo com o ficheiro carreira do ranking Stanford https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/09/portugal-os-100-investigadores-mais.html  se preocuparam ao longo da sua carreira em estabelecer colaborações, com investigadores do referido país, que em poucos anos se tornou uma potência científica mundial, por mérito próprio. Note-se que numa entrevista que hoje aparece no jornal Público,  a cientista septuagenária Maria Leptin, Presidente do Conselho Europeu de Investigação, avisa que anualmente a China investe em investigação 50% mais do que a Europa ! https://www.publico.pt/2024/12/08/ciencia/entrevista/maria-leptin-ciencia-investe-ganha-europa-ficou-tras-2114625

A média da amostra da lista infra é infelizmente de apenas 3%, havendo apenas uma dezena de investigadores com uma percentagem superior a 10% e um Investigador, Alan Lander Philips, com uma elevada percentagem de 41%, sem o qual a média global seria ainda mais baixa e que só é pena que já se tenha aposentado. No grupo dos que possuem baixas percentagens de colaborações com a China, merecem destaque pela positiva, aqueles vários que em contrapartida, possuem colaborações com outros países científicamente muito competitivos, como é por exemplo o caso dos investigadores Maria Carmo-Fonseca e Miguel Bastos Araújo, que possuem percentagens de colaborações com investigadores da Alemanha, de respectivamente 20% e 14%, porém dificilmente se entende, que haja outros investigadores que nas suas colaborações tenham decido privilegiar países científicamente pouco competitivos, como o Brasil,  por falta de ambição ou incapacidade prospectiva https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/10/six-books-to-understand-future.html

1.       Damásio, A.

USouth Calif..........0%

2.       Hespanha, J. P.

UCalifornia............4%

3.       Davim, J. P.

UAveiro..................4%

4.       Domingos, P.

U.Washington........0%

5.       Mano, João F.

Aveiro....................2%

6.       Araújo, M.B.

CSIC......................3%

7.       Liddle, Andrew R.

ULisboa.................6%

8.       Guedes Soares, C.

ULisboa.................13%

9.       Reis e Sousa, C.

Francis Crick Inst..0.6%

10.   Damásio, Hanna

USouth Calif............0%

11.   Ferro, José M.

ULisboa...................3%

12.   Tenreiro Machado, J. A.

Pol. Porto................11%

13.   Bioucas-Dias, José M.

ULisboa...................11%

14.   Heald, Richard J.

Champalimaud F.....0%

15.   Coutinho, João A.P.

UAveiro...................0.1%

16.   Figueiredo, Mário A.T.

ULisboa...................1%

17.   Barros, Carlos

ULisboa....................7%

18.   Chaves, Maria Manuela

ULisboa....................0%

19.   Figueiredo, José L.

UPorto......................0.5%

20.   Cunha, Rodrigo A.

UCoimbra.................3%

21.   Montemor, M. F.

ULisboa....................0.3%

22.   Ferreira, S.

UPorto......................-

23.   Rodrigues, Alírio E.

UPorto.......................5%

24.   Lobo, Francisco S.N.

ULisboa.....................6%

25.   Bakermans-Kranenburg, M. J.

ISPA...........................2%

26.   Lourenço, Paulo B.

UMinho.....................0.3%

27.   Ferreira, A. J.M.

UPorto.......................4%

28.   Reis, Rui L.

UMinho......................4%

29.   Brett, Christopher M.A.

UCoimbra..................0.6%

30.   Gama, João

UPorto........................2%

31.   Cardoso, Vitor

ULisboa......................2%

32.   Malcata, Francisco X.

UPorto........................0%

33.   Catalão, João P.S.

UPorto.......................10%

34.   Lindman, Björn

UCoimbra....................1%

35.   Moreira, Paula I.

UCoimbra...................2%

36.   Silveirinha, Mário G.

ULisboa......................0.7%

37.   Pereira, Helena

ULisboa......................0%

38.   Bertolami, Orfeu

UPorto........................0.4%

39.   Cardoso, Fatima

Champalimaud F........5%

40.   Pacheco-Torgal, F.

UMinho.......................17%

41.   Rocha, Joao

UAveiro.......................4%

42.   Brito, Jorge

ULisboa.......................2%

43.   Falcão, A. F.O.

ULisboa.......................0%

44.   Derouane, E. G.

UAlgarve.....................1%

45.   Rodrigues, Joel J.P.C.

ULusófona..................28%

46.   Pombeiro, Arman

ULisboa.......................6%

47.   Ferreira, Mario G.S.

UAveiro.......................11%

48.   Oliveira, Rui F.

Inst. Gulbenkian.........1%

49.   Varandas, António J.C.

UCoimbra..................18%

50.   Pereira, Luis S.

ULisboa......................14%

51.   Veldhoen, Marc

ULisboa......................3%

52.   Carmo-Fonseca, M.

ULisboa.....................0.5%

53.   Sousa, Nuno

UMinho......................2%

54.   Santos, Nuno C.

UPorto........................3%

55.   Peças Lopes, J. A.

UPorto........................0%

56.   Kamel Boulos, M.N.

ULisboa......................12%

57.   Souto, Eliana B.

UPorto........................2%

58.   Rocha-Santos, Teresa

UAveiro......................2%

59.   Schütz, Gunter M.

ULisboa.......................0%

60.   Carvalho, F. P.

ULisboa.......................2%

61.   Cavaco-Paulo, Artur

UMinho.......................19%

62.   Rodrigues, Lígia R.

UMinho.......................3%

63.   Lemos, José P.S.

ULisboa.......................3%

64.   Sarmento, Bruno

UPorto.........................5%

65.   Gash, John H.

ULisboa.......................2%

66.   Oliva-Teles, Aires

UPorto..........................1%

67.   Vasconcelos, Vítor

UPorto........................0.5%

68.   Miguel, Maria G.

UAlgarve.......................0%

69.   Saraiva, Maria J.

UPorto...........................0%

70.   McGregor, Peter K.

ISPA..............................0%

71.   Graça, Manuel A.S.

UCoimbra.....................1%

72.   Schmitt, Fernan C.

UPorto..........................2%

73.   Loureiro, Sandra M. C.

Iscte..............................2%

74.   Herdeiro, Carlos A.R.

UAveiro........................4%

75.   Simões, Manuel

UPorto...........................0%

76.   Flores, Paulo

UMinho........................3%

77.   Sousa Santos, B.

UCoimbra.....................0%

78.   Paterson, Robert R.M.

UMinho.........................0%

79.   Ferreira, Isabel C

Pol.Bragança..............0.3%

80.   Carlos, L. D.

UAveiro........................5%

81.   Edens, John F.

Texas A&M...................0%

82.   Phillips, Alan J.L.

ULisboa.......................41%

83.   Semin, Gün R.

ISPA.............................0%

84.   Kundu, Subhas C.

UMinho.......................19%

85.   Konotop, Vladimir V.

ULisboa......................12%

86.   Barros, Lillian

Pol.  Bragança............0.2%

87.   Vilar, Rui

ULisboa.......................3%

88.   Carvalho, M.

ULisboa........................1%

89.   Kholkin, Andrei

UAveiro.........................3%

90.   Zilhão, João

ULisboa........................1%

91.   Marques, Rui C.

ULusófona....................1%

92.   Sobrinho-Simões, M.

UPorto.......................0.2%

93.   Martins, Rodrigo

UNova..........................5%

94.   Órfão, José J.M.

UPorto.........................0%

95.   Antunes, Manuel J.

UCoimbra....................0%

96.   Leitão, Paulo

Pol. Bragança............0.5%

97.   Fernández-Rossier, J.

INL...............................1%

98.   Manaia, Célia M.

UCatólica.....................5%

99.   Camarinha-Matos, Luis 

UNova.........................0.5%

100.                      Fortunato, Elvira

UNova..........................5%