Um artigo na última edição da conhecida revista The Economist informa que o ataque de Trump à ciência, que vê como inimiga, está a tornar-se cada vez mais feroz e indiscriminado. Vide link supra.
Contudo nós por cá ainda só demos conta da parte "positiva" desse ataque, o da fuga de cientistas para a Europa, esquecemos porém, como é que esse ataque está a inspirar a extrema-direita noutros países, a copiar as acções do mesmo Trump, exactamente como já acontece na Holanda, o país onde a extrema-direita está a tentar concretizar um ataque sem precedentes à academia através de cortes orçamentais substanciais, encerramento de cursos, despedimentos, e ameaças à autonomia académica, vide link para um recente artigo publicado na prestigiada revista Science, https://www.science.org/content/article/new-dutch-right-wing-coalition-cut-research-innovation-and-environmental-protections
Em Portugal, a extrema-direita ainda nem sequer chegou ao poder, mas os cortes de financiamento, esses já chegaram em força ao ensino superior, como foi denunciado pelos Reitores da UMinho e da ULisboa num artigo no jornal Público no passado dia 17 (artigo esse que divulguei nesse mesmo dia), onde até se escreveu que as unidades de investigação foram vítimas de uma armadilha https://www.publico.pt/2025/05/17/ciencia/opiniao/sistema-cientifico-risco-rutura-2133334?ref=ciencia
Assim sendo, é legitimo perguntar o que é que a Academia deverá fazer, para evitar que a extrema-Direita Portuguesa se possa tornar Governo em Portugal ?
A resposta a essa pergunta, que dá título a este post, e que alguns parecem não conhecer ou sequer querer conhecer, até a inteligência artificial a sabe de cor:
"O dever de um académico diante do crescimento de um partido de extrema-direita é, fundamentalmente, ético, cívico e intelectual. Diante desse cenário, o académico deve exercer com coragem a sua responsabilidade social, atuando como uma referência crítica — um farol orientador — no debate público. Isso implica mobilizar o seu conhecimento para esclarecer a sociedade sobre os riscos que tais movimentos representam para a ciência, a liberdade de pensamento e as instituições democráticas. Tal posicionamento envolve não apenas uma manifestação pública fundamentada, mas também o fortalecimento de redes institucionais e de solidariedade entre pares, além do compromisso com uma educação que promova o pensamento crítico, a cidadania e a defesa dos valores democráticos"
Mas quando falo em Academia, falo concretamente das instituições de ensino superior do Norte de Portugal - a única zona deste país que foi capaz de resistir à maré obscurantista iniciada no Algarve e que já conseguiu contaminar o Sul de Portugal - os quais tem especiais responsabilidades no sentido de garantir que o Norte seja capaz no futuro de continuar a resistir a essa "invasão", pois infelizmente os académicos das instituições do Sul, fizeram pouco ou pelo menos não fizeram o suficiente para impedir o crescimento da extrema-direita, naquela zona do país.