quinta-feira, 11 de setembro de 2025
Counterbalancing the Deluge of Scientific Publications: Toxicity, Life Cycle, and CO₂ Sequestration
terça-feira, 9 de setembro de 2025
Uma universidade acelerada por esteroides
domingo, 7 de setembro de 2025
Um esquecimento singular que tem tanto de incompreensível como de imperdoável
Relativamente aos 8 recordes que no passado mês de Agosto foram mencionados no post acessível no link supra, esqueci-me de incluir um outro (o 9º), o qual está relacionado com o facto da primeira edição do livro acessível no link infra, ser, não certamente por acaso, o mais citado a nível mundial na sua área, entre aqueles que foram selecionados para indexação na conhecida plataforma de literatura científica Scopus https://shop.elsevier.com/books/eco-efficient-masonry-bricks-and-blocks/pacheco-torgal/978-1-78242-305-8
PS - A 2ª edição do referido livro ficará pronta, o mais tardar, até ao fim do presente ano
sábado, 6 de setembro de 2025
O catedrático realmente culpado da guerra lamentável entre o Reitor da Universidade do Porto e o Ministro Fernando Alexandre
Sobre o catedrático Altamiro Costa Pereira e sobre concursos é importante recordar que em 2020 divulguei uma denúncia sobre um concurso peculiar que teve 8 candidatos, tendo porém o júri presidido pelo catedrático Altamiro Costa Pereira decidido excluir 7 deles, excluindo inclusive uma candidata que tinha uma produção científica excelente, tendo assim sobrado apenas um candidato que tinha duas publicações indexadas e duas citações !!! https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/11/a-ciencia-portuguesa-nao-necessita-de.html
PS - Na sua entrevista à CNN, o catedrático Altamiro Costa Pereira declarou, com uma certa dose de arrogância, que está bem posicionado para ser o próximo Reitor da Universidade do Porto. Eu porém não quero acreditar que a Universidade do Porto, logo a universidade cientificamente mais prestigiada deste país, venha a eleger, como seu representante máximo, um professor catedrático que defendeu a colocação de alunos em manifesta violação de um regulamento interno, ou seja em manifesta violação das leis da República.
Aditamento - O antigo e respeitado Presidente da A3ES, o professor catedrático jubilado Alberto Amaral acaba de publicar um artigo, onde não só partilha do entendimento supracitado, mas vai muito mais longe. Não só acusa o catedrático Altamiro de dizer falsidades, quando aquele defendeu que ninguém seria prejudicado com a medida ilegal de baixar a nota de entrada para 10 valores, para facilitar a entrada de 30 alunos, pois essas vagas assim ilegalmente ocupadas, seriam retiradas do concurso geral de acesso, prejudicando alunos com médias de quase 18 valores, que assim seriam ultrapassados pelos outros, mas afirma ainda que os tais 30 alunos que obviamente foram prejudicados pela informação falsa e ilegal que teriam ingressado no curso de medicina, terão agora de ser indemnizados pelo próprio catedrático Altamiro e pela Faculdade que ele dirige !
sexta-feira, 5 de setembro de 2025
Reitor da universidade do Porto denuncia pressões de pessoas influentes para facilitar a entrada no curso de medicina
O semanário Expresso divulga hoje logo na capa do seu caderno principal que o Reitor da Universidade do Porto (foto supra) se queixou que foi muito pressionado por "pessoas influentes com acesso ao poder" para aceitar a entrada de alunos no curso de medicina da sua universidade "sem a nota mínima".
O caso é muito grave, mas felizmente que a integridade do Reitor da Universidade do Porto, que se recusou a pactuar com violações da lei, impediu que as tais pessoas influentes conseguissem aquilo que a lei não lhes permite. Seja como for, o problema do acesso indevido ao curso de medicina, não passa tanto pelas referidas pressões, que como se viu deram em nada, mas através de meios muito pouco éticos, que estranhamente são legais no nosso país, como seja a inflação de notas nos colégios privados, que permite a alguns deles afirmar que tem quase uma receita mágica para garantir a entrada de muitos dos seus alunos em cursos de medicina, infame receita que ficou facilitada por conta de uma medida vergonhosa que também foi denunciada pelo Expresso https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2022/07/expresso-denuncia-omissao-escandalosa.html
Se o partido Chega estivesse realmente interessado em ajudar este país, que não está, pois que apenas o move aquilo que move o PSD e o PS (o acesso ao poder para poder distribuir tachos pelos seus militantes, vide acusação do ex-Presidente Ramalho Eanes), podia obrigar à realização de uma CPI para investigar aquilo que se passa com a referida inflação de notas. Infelizmente, ao Chega apenas interessam noticias relacionadas com imigrantes, pelo que é óbvio que não o iremos ouvir nem sobre as tais pressões das tais pessoas influentes, nem muitos menos sobre os filhos de gente influente que entraram no curso de medicina unicamente porque tinham dinheiro para pagar a frequência de alguns dos tais colégios privados. https://pacheco-torgal.blogspot.com/2019/11/vergonhosa-impunidade-no-acesso-ao.html
PS - A supracitada pressão das tais pessoas influentes é a melhor prova que (infelizmente) não há médicos a mais em Portugal, inverdade que repetidamente se ouve da boca do bastonário da Ordem dos Médicos. Aliás a prova de que a profissão de médico é a mais atractiva da função pública está no facto de ser a única que permite obter rendimentos milionários, como há poucos meses se soube através do caso do jovem médico que facturou quase meio milhão de euros em apenas alguns sábados https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/05/os-medicos-salafrarios-que-se.html porém um dos problemas mais graves de se ter médicos que escolhem essa profissão unicamente pela possibilidade de se tornarem milionários é a perversão da própria missão da medicina, vide post anterior sobre "natural born doctors", aqueles que efectivamente nasceram para ser médicos https://pacheco-torgal.blogspot.com/2020/04/os-medicos-que-nasceram-para-o.html
Aditamento - No final da tarde de hoje, vários órgãos da imprensa revelaram que o Ministro da Educação acusou o Reitor da Universidade do Porto de mentir publicamente acerca das pressões que alega ter sofrido. A gravidade dessa acusação dispensa eufemismos e deixa claro que está aberto um conflito institucional de que não há memória entre um Reitor e um Ministro da tutela. Neste grave contexto impõem-se duas perguntas inevitáveis: poderá um Reitor de uma universidade pública manter-se em funções depois de ter sido publicamente acusado, pelo próprio Ministro que tutela o ensino superior, de ser mentiroso? E, inversamente, pode um Ministro manter-se em funções, depois de se ter permitido a indignidade de publicamente chamar mentiroso a um Reitor, sem apresentar uma prova absolutamente inequívoca dessa suposta mentira?
quinta-feira, 4 de setembro de 2025
A universidade de Coimbra é oficialmente a campeã nacional de artigos "despublicados"
https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/03/univ-de-coimbra-desfere-um-forte-contra.html
No passado mês de Março, divulguei no post acessível no link supra, uma interessante análise comparativa dos artigos "despublicados", entre 2015 e 2025, da universidade de Coimbra (ex-campeã nacional) e da universidade de Lisboa, então a campeã em título, onde foi visível o "esforço" da primeira para voltar a reganhar a pouco lustrosa taça, que esteve na posse da segunda nos últimos três anos. Pois bem, uma análise efectuada hoje na Scopus, mostra que a universidade de Coimbra é novamente a campeã nacional.
Esperemos que agora o Magnifico Reitor Amílcar Falcão, que no inicio do passado mês de Agosto, tentou de forma infeliz, pouco rigorosa e até descarada, endossar aos vários governos as culpas por ser a campeã nacional de endogamia académica, não tente repetir a manobra e não tente novamente procurar culpados externos para as culpas internas.
PS - Recordo que a primeira vez que noticiei que a dita universidade era a campeã nacional de artigos "despublicados", no inicio de 2021, recebi um email irritado de um catedrático daquela universidade, que preferia que esse facto não fosse do conhecimento geral https://pacheco-torgal.blogspot.com/2021/01/as-irritacoes-de-um-catedratico-coimbrao.html
segunda-feira, 1 de setembro de 2025
O professor catedrático acusado de assédio e o professor catedrático que tantas vezes critiquei e que agora merece ser elogiado
É motivo de grande regozijo que vários Colegas da universidade de Lisboa se tenham unido para denunciar o assédio de um catedrático, pela óbvia razão que há muitos casos destes na academia Portuguesa, mas infelizmente há uma grande falta de coragem em denunciar estas situações.
É claro que lendo a noticia hoje divulgada pelo jornal Público tenho no entanto que lamentar que no passado tenha tantas vezes malhado forte e feio no catedrático Manuel Heitor, quando aquele foi Ministro do Ensino Superior e da Ciência, porque relativamente a este caso concreto, sabe-se agora que ele teve um comportamento altamente elogiável.
Não só se colocou do lado dos Colegas denunciadores, ao invés de como é da praxe, se solidarizar com o catedrático agora acusado, mas fez muito mais do que isso, tendo até criticado o Presidente do Técnico: “O presidente do Técnico decidiu não tratar este caso internamente e tratá-lo no foro jurídico, ao abrir um processo disciplinar. Isso é mau, porque protege o [suposto] agressor”, considera Manuel Heitor"
Infelizmente, mesmo que o processo disciplinar faça prova abundante do referido assédio, o máximo que poderá acontecer ao catedrático agora acusado é receber uma pena mínima, que pode inclusive ficar-se apenas por uma repreensão ou uma advertência, ao contrário do que sucede lá fora em que o assédio é punido com demissão https://pachecotorgal.com/2024/05/21/um-par-de-catedraticos-canalhas/
Declaração de interesses - Sobre o presente tema vale a pena revisitar o post de título "Os secretos (catedráticos) assediadores da Universidade de Lisboa" https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2023/06/os-secretos-catedraticos-assediadores.html
domingo, 31 de agosto de 2025
The Invisible 85%: How Patents Create a False Economy of Innovation Value
Still following up on my previous post titled "European Commission officials claim there’s an ‘unhealthy obsession with patents’", (linked above) where I commented on a Business Insider article arguing that European innovators would do better to prioritize value creation over the mere protection of intellectual property, it seems particularly timely to highlight the findings of a recent study published in the journal Scientometrics.
By analyzing an extensive dataset of 4,460 Swedish innovations spanning several decades, the study reveals a striking and somewhat unsettling reality: the vast majority of these innovations were never patented at all. https://link.springer.com/article/10.1007/s11192-025-05406-y Even when patents were indeed filed, they captured only around 15% of the genuine innovation signal, leaving an overwhelming 85% informational void—a veritable black hole of knowledge that patents fail to convey. This stark discrepancy highlights that relying exclusively on patents provides a distorted and incomplete picture of innovation, underscoring the urgent need for richer, multidimensional approaches to more accurately measure, understand, and ultimately stimulate technological and creative progress.
PS - As reported in The Economist, the majority of international patents are either insignificant or never commercially exploited https://pachecotorgal.com/2022/08/31/the-economist-the-inventors-whose-patents-are-worth-billions/ What the article in The Economist didn’t address—and what few seem to know—is the answer to the question I raised in the post that initiated this discussion: "among the vast multitude of patents granted thus far, how many share the same dubious “quality” as those associated with Theranos?
Update after 24 hours: The post’s top three foreign readers come from Russia, Singapore, and the US.
sexta-feira, 29 de agosto de 2025
Será que o semanário Expresso tem o direito de contribuir para desvalorizar e apoucar as competências académicas
A referida afirmação não configura apenas uma exaltação do risco em detrimento das competências académicas: é também uma caricatura perigosa que desvaloriza uma formação superior, reduzindo-a a um sinónimo de aversão ao risco e até de medo.
Contudo a ideia falaciosa de que o estudo e o conhecimento são entraves à ousadia e ao risco é intelectualmente superficial e contribui para reforçar o mito de que o sucesso empresarial depende muito mais dessa ousadia do que da preparação fundamentada e informada.
Importa também questionar até que ponto a promoção deste tipo de discurso, logo pela imprensa mainstream nacional, (o semanário mais vendido em Portugal) não acaba por desvalorizar e até apoucar as formações académicas, legitimando uma visão estreita e anti-intelectual do empreendedorismo?
É verdade que em bom rigor a academia Portuguesa não está totalmente isenta de "culpas", desde logo porque já há muito que podia ter tomado a decisão de valorizar o trabalho de catedráticos, como o daquele, da universidade do Porto, mencionado no post acessível no inicio do email infra do passado dia 19 de Abril e também há muito podia ter copiado o que fazem no famoso ETH Zurich, (onde recordo os professores auxiliares recebem salários entre 10.000 e 15.000 euros/mês) que concede licenças sabáticas para que os seus cientistas se possam dedicar à criação de empresas, como mencionei no mesmo email.
PS - É muito sintomático que o referido empresário tenha achado importante na dita entrevista descriminar os modelos dos seus vários carros de luxo, mas não tenha achado igualmente importante, revelar quantos dos seus funcionários recebem o ordenado mínimo, de forma radicalmente diferente de um outro empresário, doutorado pela universidade de Aveiro, que paga aos seus trabalhadores muito mais do que o salário mínimo nacional (alguns deles até já se tornaram milionários) e que ainda por cima faz o favor de dar um bónus de 20% aqueles que optem por ir viver para o Interior de Portugal https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2025/06/a-empresa-que-paga-aumentos-de-20-aos.html
____________________________________________________________
De: F. Pacheco Torgal
Enviado: 19 de abril de 2025 19:21
Para: eng-todos; eng-investigadores
Assunto: A baixa apetência pelo risco das estudantes de engenharia da UMinho: Um caso de estudo.
https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/01/catedratico-nada-modesto-classifica-de.html
Ainda na sequência de um post de há um ano atrás, vide link supra, sobre as declarações nada modestas de um catedrático de engenharia da Universidade do Porto, relativamente à capacidade de geração de empresas por parte do seu grupo de investigação, aproveito para divulgar o facto de hoje mesmo a revista Forbes, ter publicado um artigo onde analisa a tendência crescente dos cientistas se tornarem empreendedores através do lançamento de empresas de base tecnológica. https://www.forbes.com/sites/trevorclawson/2025/04/19/spin-out-strategy-turning-scientists-into-entrepreneurs/
Neste contexto recordo que num post anterior, do passado mês de Dezembro, no qual lamentei a inépcia (leia-se falta de coragem) da Presidente do ERC, Maria Leptin, mencionei o facto do famoso relatório Draghi ter criticado a inexistência de incentivos, a nível europeu, para que os investigadores se tornem empreendedores. Nesse post mencionei o caso do conhecido ETH Zurich, que concede licenças sabáticas aos seus cientistas para que se possam dedicar unicamente à criação de empresas https://19-pacheco-torgal-19.blogspot.com/2024/12/where-is-courage-ercs-maria-leptin.html
Neste contexto particular, é pertinente referir que há poucos anos atrás, um capítulo de um livro indexado na Scopus, divulgou resultados de um estudo de investigadoras da universidade do Minho, que analisaram as respostas de duas centenas de estudantes de cursos de engenharia da mesma universidade (53% do campus de Gualtar e 47% do campus de Azurém), quanto às suas intenções de se poderem no fututo tornar empreendedores. Os resultados mostraram que as jovens mulheres dessa área mostraram-se menos motivadas para serem empreendedoras. https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/90299
Curiosamente, as autoras do referido capítulo, não citaram um estudo que tinha sido publicado dois anos antes, na revista Sec. Organizational Psychology, com resultados opostos. O mesmo incidiu sobre 644 estudantes Portugueses, de 21 universidades e de 7 institutos politécnicos, tendo concluido que as mulheres dessa amostra, apresentavam uma intenção empreendedora superior à dos homens https://www.frontiersin.org/journals/psychology/articles/10.3389/fpsyg.2020.615910/full
PS - Ainda sobre o supracitado capítulo de livro, não posso deixar de registar positivamente, o facto das suas autoras terem feito questão de não deixar de referenciar obras altamente citadas, o que poderá contribuir (mostra a ciência) para o aumento do impacto dessa publicação
Autor |
Título |
Citações Scopus
|
Schumpeter |
Capitalism, Socialism
and Democracy |
20.249 |
Reynolds et al. |
GEM Executive Report |
1.886 |
Shapero |
Entrepreneurial
Potential |
1.885 |
Krueger & Carsrud |
TPB applied to
entrepreneurship |
1.199 |
Liñán & Fayolle |
Systematic review on
entrepreneurial intentions |
989 |
Thompson |
EI measurement scale |
808 |
Mwasalwiba |
Entrepreneurship
education |
503 |
quarta-feira, 27 de agosto de 2025
Uma questão de rigor e de mérito devido: Toxicidade, ciclo de vida e sequestro de CO₂
terça-feira, 26 de agosto de 2025
The Tragic Optimism Trap: AI, Imitation, and the Vanishing Human Advantage Crisis
More crucially, the notion that empathy, ethics, and creativity remain uniquely human advantages underestimates how quickly AI is advancing in precisely those domains. Large language models now compose music—one AI band, Velvet Sundown, has surpassed one million monthly streams on Spotify—while also generating fiction that blurs the line between imitation and originality, crafting persuasive narratives, and even simulating emotional understanding in therapeutic chatbots. A recent randomized trial with 300 college students, for instance, found that an AI-driven chatbot significantly reduced anxiety, underscoring the potential of such systems as scalable and accessible tools for mental health support.
These systems may lack true consciousness, yet they are increasingly proficient in domains where the appearance of understanding or creativity matters as much as genuine experience. With each advance, AI relentlessly erases the line between imitation and reality, propelling us toward a future in which it may seem more human than humans themselves. If AI can replicate our most fundamental human qualities, what will it mean to be truly human in a world where the boundary between authenticity and imitation has all but vanished?
Note (August 28): The top two foreign readers of this post are from Russia (28%) and Singapore (18%).
quinta-feira, 21 de agosto de 2025
Estimativa do tempo necessário para poder ultrapassar um muito influente ex-político
domingo, 17 de agosto de 2025
As 7 universidades mais competitivas de Portugal - Uma análise das colaborações internacionais no quinquénio 2020-2024
sexta-feira, 15 de agosto de 2025
Portugal consegue aumentar o número de universidades no mais prestigiado ranking mundial
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Nas asas da hipocrisia: O pouco magnífico Falcão no ninho quente da endogamia
https://www.publico.pt/2025/08/11/opiniao/opiniao/endogamia-universidades-2142727
Num artigo do jornal Público, o reitor da Universidade de Coimbra, o catedrático Amílcar Falcão, defende que os anormalmente elevados níveis de endogamia da sua universidade são culpa dos Governos deste país, que obrigaram as universidades a contratar os seus doutorados. Trata-se porém de uma argumentação deplorável, que faz jus ao provérbio, "não há pior cego do que aquele que não quer ver", e que só pode envergonhar qualquer pessoa que se tenha diplomado na universidade de Coimbra, como é o meu caso.
Se a peregrina tese do reitor Falcão fosse verdade, então as unidades orgânicas dentro de cada uma das universidades públicas teriam níveis de endogamia muito similares; não é, porém, isso que se verifica. Uma consulta ao primeiro relatório nacional sobre a endogamia académica, que pasme-se só viu a luz do dia no ano mágico de 2016, mostra que na universidade de Coimbra, a universidade pública que possui o recorde da maior percentagem média, há unidades com uma percentagem de endogamia que variam entre 62% e pasme-se 100%. E nas universidades do Porto e de Lisboa, que o Reitor Falcão garante que pela sua idade, são as únicas que se podem comparar à sua universidade, há unidades orgânicas com percentagens de endogamia que chegam a 45% e como é óbvio, a não ser na matemática alternativa do Reitor Falcão, há uma grande diferença entre 45% e 100%, que é suficiente para implodir a sua pouco iluminada e até hipócrita argumentação
Do mais alto representante de uma universidade pública, financiada pelos impostos dos contribuintes, espera-se, acima de tudo, responsabilidade e integridade. Que, perante uma situação de elevada gravidade, assuma de forma clara e inequívoca as suas responsabilidades, sem recorrer, como foi o caso, a tentativas pouco dignas de transferir para terceiros essas responsabilidades. O cargo que ocupa não é apenas uma função administrativa; é um compromisso com a ética, o rigor e a transparência. Teria, por isso, sido desejável que tivesse tido a grandeza, que não teve, de pedir desculpas por uma situação que, para além de comprometer a credibilidade da instituição que dirige, expõe o nosso país ao descrédito no cenário internacional, já que universidades com elevadas percentagens de endogamia académica são coisa típica de universidades de países do terceiro mundo.
Declaração de interesses - Declaro que no final de 2015 fui o primeiro subscritor de uma petição contra a endogamia académica. Declaro ainda que em Julho de 2018, critiquei o agora Reitor Falcão pela sua reprovável estratégia de compra de estrelas a uma empresa (QS) que produz um ranking da treta, num email que o catedrático Carlos Fiolhais na altura achou por bem reproduzir no blogue "De Rerun Natura", num post com data de 15 de Agosto de 2018 e por conta dessa critica recebi um email "pouco simpático" do agora Reitor Falcão.
PS - Tendo em conta que a endogamia académica é sinónimo de viciação concursal, leia-se, sistemático e descarado favorecimento dos candidatos "da casa", reproduzo abaixo, as duas questões que coloquei na parte final, de um altamente visualizado post anterior:
domingo, 10 de agosto de 2025
As confusões de um conhecido e eficiente catedrático da universidade de Lisboa
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
My letter to the editor of the Journal of Informetrics criticising the paper "From 'Sleeping Beauties' to 'Rising Stars'
The paper’s central thesis—that bibliometrics derive from religious and philosophical traditions—is built on an extended metaphorical scaffolding. Citations are likened to divine judgment, H-indexes to spiritual tallies, and “sleeping beauties” to secular miracles. While these metaphors may have rhetorical appeal, they ultimately distract from more pressing empirical and methodological issues. There is no engagement with recent literature on field-normalized citation metrics, responsible metric frameworks (such as the Leiden Manifesto or DORA), or citation dynamics in different disciplines. Nor does the paper propose concrete methodological or policy alternatives. The result is a text rich in allegory but impoverished in evidence, leaving readers without clear guidance for improving bibliometric practice.
Gorraiz asserts that a low citation count does not imply irrelevance; it may reflect novelty. While this claim holds some truth, the argument is selectively framed and omits crucial empirical counterevidence. Notably, he fails to mention the robust findings from Clarivate Analytics, whose “Citation Laureates” methodology—based on identifying papers with exceptionally high citation counts (over 1,000)—has successfully predicted more than 70 Nobel Prize winners. Moreover, it is worth recalling the analysis by Traag and Waltman (2019), which demonstrated that citation-based metrics exhibit a strong correspondence with expert peer review assessments, particularly in fields such as Physics, Clinical Medicine, and Public Health.
A still more consequential omission in the author’s analysis lies in the near-total absence of engagement with the underlying economic rationale for the widespread adoption of bibliometric tools. While the discussion frames citation indicators primarily as symbolic gestures or ritualistic artefacts within the academic system, it largely overlooks their pragmatic role as scalable and cost-efficient proxies in research evaluation—particularly in contexts where peer review faces severe logistical and financial constraints. Peer review, though indispensable in certain contexts, is notoriously resource-intensive: national research assessments such as the UK’s Research Excellence Framework (REF) have incurred costs exceeding £250 million per evaluation cycle. Similar pressures are evident in hiring processes, tenure reviews, and grant allocation panels, all of which require substantial investments of time, coordination, and expert labour.
Which approach is more detrimental to the progress of science: implementing a hybrid model of abbreviated peer review augmented by quantitative metrics—thereby conserving substantial financial resources—or relying exclusively on comprehensive, resource-intensive peer review protocols that allocate those funds away from direct research support? Moreover, how might the latter paradigm exacerbate inequities in research assessment for low-income countries, which lack the financial capacity to underwrite such costly evaluation processes?
Finally, allow me to provide you with some insights into my homeland, Portugal, which has experimented with both approaches. In a prior Portuguese research assessment conducted in 2013, the international experts serving on the evaluation panels enjoyed complete autonomy. They had the freedom to evaluate research units through on-site visits and also had access to a comprehensive bibliometric analysis, utilizing data from Scopus, which was expertly conducted by Elsevier and generated a range of valuable metrics (Publications per FTE, Citations per FTE, h-index, Field-Weighted Citation Impact, Top cited publications, National and International Collaborations).
However, in recent years, we experienced a shift in perspective, with a Science Minister who shared similar sentiments with those critical of bibliometrics. During the most recent research assessment in 2018, which involved the evaluation of 348 research units comprising nearly 20,000 researchers, the Evaluation Guide clearly dictated that absolutely no metric could be used by the panels (note that all panels were composed by international experts, 51 from UK, 21 from USA, 17 from Germany, 17 from France, 11 from The Netherlands, 8 from Finland, 8 from Ireland, 7 from Switzerland, 6 from Sweden, 5 from Norway and also from other countries).
Nonetheless, once the research assessment had concluded, I conducted an extensive search through all the reports across various scientific areas. What I discovered was that the reviewers assigned significant importance to the quantity of publications and the perceived “quality” of journals, even though such considerations were expressly prohibited by the Evaluation Guide. I found that “publications”, “quartiles” and even “impact factors” were mentioned in the assessment reports more than 500 times. Meaning that in the absence of any metric the international experts (somewhat ironically) decide to use the worst of them all. Such findings lend strong support to the observations of Morgan-Thomas et al. (2024), who noted that the historically robust association between journal rankings and expert evaluations persists unabated, despite institutional endorsements of the principles articulated in DORA. This enduring pattern underscores a profound tension between formal evaluative guidelines and the implicit heuristics that experts continue to apply in practice.